sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ESPERA ANSIOSA

ANO 01 – Nº 280

Minha filha tinha viagem marcada para ontem e deveria chegar em torno das dezessete horas e trinta minutos. Um pai desejoso por abraçar e beijar a filha não esperaria muito para ir ao aeroporto reencontrar a passageira. Ela viria acompanhada de uma amiga que deseja conhecer o Rio Grande do Sul. Estacionei o carro e fui apressado à sala de desembarque conferir a chegada do vôo. Minha decepção foi constatar, pelo quadro de anúncios, que a chegada estava prevista com um atraso de cerca de duas horas.

Em meio a um tráfego emperrado e confuso voltei para casa: não havia sentido esperar tanto tempo numa estação de aeroporto tumultuada. Constatei que não era apenas o vôo da minha filha que estava atrasado, mas que, praticamente todos os vôos estavam assim.

Bem mais tarde retornei com a expectativa de que as novas previsões de chegadas se confirmassem. Ledo engano: o vôo dela só chegou ás vinte e uma horas.

Lugar comum: espera, ansiedade, preocupação, irritação. Todos sentimentos negativos e não poderiam ser diferentes.

Não gosto de lugares comuns. Lembram ‘comportamento de manada’ e falta de reflexão e criatividade. Prevenido, trazia um livro de Ética embaixo do braço. Qualquer tempo maior, o livro se transformaria na arma adequada para enfrentar esperas em aeroportos. Entretanto, nem precisei sacá-la. Encontrei um amigo de longa data. Muito longa data, pois ele acompanhou minha família desde antes do meu nascimento. Um amigo de Cachoeira do Sul que há tempo não encontrava. Estava na mesma condição que eu, mas aguardando a chegada de um neto. Um tempo precioso de conversas e de reencontro de histórias enquanto as pessoas se dividiam entre o quadro de anúncios e a contemplação ansiosa do portão de desembarque. Oportunidade para ampliar o trançado de nosso existir comum/diverso. Bom saber de suas andanças nos últimos tempos. Bom ouvir palavras animadoras. Bom saber que continuamos a compartilhar sentimentos mútuos de simpatia e apreço enquanto tocamos nossas vidas construindo sentidos para cada novo instante.

Somando e dividindo: o reencontro com a filha e, conhecer sua amiga francesa que vem para ver nossa terra e nossa gente, foi mais um momento de alegria e carinho. Conversar com meu antigo amigo também. A despeito da ansiedade e da irritação comum a todas as pessoas que estavam na mesma circunstância, mais uma vez foi possível comprovar que só nos percebemos humanos quando conseguimos escapar do lugar comum e refletir sobre o contexto onde nos inserimos. Foi bom, porque foi um momento significativo do existir!


DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Kodály (129 anos)

Zoltán Kodály[1] nasceu em Kecskemét a 16 de Dezembro de 1882 e morreu em Budapeste a 6 de Março de 1967, foi um compositor, etnomusicólogo, educador, linguista e filósofo da Hungria. Um dos mais destacados músicos húngaros de todos os tempos. O seu estilo musical atravessou num estágio inicial uma fase pós-romântica vienense e evoluiu para um período de mistura de folclore e complexas harmonias, num estilo partilhado com Béla Bartók. Enquanto pedagogo, o seu nome é associado método Kodály, que revolucionou o sistema de aprendizagem musical até então em vigor, e que é na atualidade muito aplicado em escolas de música. No entanto, não foi o autor isolado dos princípios diretores do método: a sua filosofia da educação serviu de inspiração aos seus discípulos que coletivamente compilaram e desenvolveram o método ao longo dos anos.



[1] Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Zolt%C3%A1n_Kod%C3%A1ly. Acesso em 16 dez 2011.

4 comentários:

  1. Meu querido amigo Garin,
    ao lado da merecida curtida à filha, anuncio no blogue de hoje uma notícia que poderá aumentar parcerias.
    Uma boa sexta-feira desde Frederico Westphalen,
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    a notícia de que continuas conosco no IPA precisa ser encarada como uma BIG NEWS. Desejo-te uma boa continuidade.

    Um abraço,

    Garin

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  3. Oi, pai!
    Solenne e eu acabamos de ler teu blog. E ficamos do nosso lado, no outro aeroporto, e depois dentro do avião, com muita ansiedade também. Viemos de um ano agitado e cansativo, e a maior decepção foi no nosso primeiro dia de férias ter que passar do jeito que passamos. Ainda bem que chegamos e foi muito bom te encontrar nos esperando.
    Beijos

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  4. Oi filha,

    bom ver o teu comentário aqui no meu blog. A sexta-feira foi um dia de atrapalhos.

    Um abraço,

    Garin

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