quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O RESPEITO

ANO 01 – Nº 279

Ontem à tarde estava preparando uma aula de Bioética para os mestrandos de Reabilitação e Inclusão, do IPA e descobri um dado que me impressionou. O tema da aula é sobre os cuidados que precisamos ter com a pesquisa em busca de novos conhecimentos. Esse é um assunto que mexe com a imaginação e instiga a curiosidade do ser humano, especialmente dos ocidentais que se imaginam “os descobridores”.

O dado que me impressionou foi que, as pesquisas realizadas em seres humanos, aconteciam sem o conhecimento e autorização dos participantes. Em 1880 a Corte de Bergen, Noruega, condenou o Dr. Gerhardt Armauer Hansen por realizar pesquisas sobre lepra em uma mulher sem sua autorização. Louis Pasteur, em 1884 propôs a utilização de condenados, no Brasil, com a finalidade de testes contra a raiva sem qualquer consulta aos pesquisados, mas, nesse caso, Dom Pedro II negou-lhe a autorização. Em 1896, Albert Neisser anunciou publicamente sua pesquisa de imunização com plasma de pacientes infectados com sífilis. As cobaias eram três meninas e cinco profissionais do sexo, sem qualquer tipo de informação às cobaias. Na cidade de Lübeck, Alemanha, em 1930, foi realizada uma pesquisa para o desenvolvimento da vacina BCG com cem crianças, das quais setenta e cinco morreram em consequência dessas experiências. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas realizaram milhares de experimentos com prisioneiros, muitos dos quais não há registros confiáveis, que resultaram na morte das pessoas.

O impressionante não é a lesão e a mortandade dessas pessoas, mas que essas experiências, com seus riscos e consequências foram realizadas sem qualquer conhecimento ou autorização delas ou dos pais ou responsáveis, no caso de crianças. À época, faziam-se experimentos sem qualquer respeito ao ser humano que dele participava mesmo que, desde 1833 já houvesse a preocupação com o cuidado nas pesquisas com seres humanos.

Não me surpreenderia que ainda hoje, em algum lugar do mundo, experimentos estejam sendo desenvolvidos sem os devidos cuidados, conhecimentos e autorização livre e consentida de cobaias humanos. Quem sabe, o ser humano continua a ser tratado como um objeto de estudo, desprezando-o como sujeito autônomo e digno de respeito.


DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Niemeyer (104 anos)

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares[1], nasceu no Rio de Janeiro a 15 de dezembro de 1907, arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios públicos que desenhou para a cidade de Brasília. Seu primeiro projeto individual a ser construído foi a Obra do Berço, em 1937, no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. Neste edifício nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influência do arquiteto francês Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre, possibilitando a abertura total de janelas na fachada, o terraço-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical.



[1] OSCAR NIEMEYER. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Niemeyer. Acesso em 15 dez 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    mesmo estarrecedores teus relatos de violação a princípios éticos, alio-me ao teu blogue aos festejamentos dos 104 anos de Oscar Niemeyer, que justeza celebras.
    Uma boa aula tão seriamente preparada

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    ouvi de ti certa vez: cada aula parece a primeira que vou ministrar. Também tenho essa sensação: o lugar do professor é de muita responsabilidade!

    Um abraço,

    Garin

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