quinta-feira, 14 de abril de 2011

A BORRACHA

Quem não se lembra da velha e boa borracha branca, com a qual apagávamos os erros no caderno das primeiras séries? Quem não lembra é porque tem menos de 30 anos.
Eu tinha um caderno que era uma verdadeira maravilha: as folhas tinham “orelhas” nas duas extremidades. Não dava para saber se as paginas eram brancas ou “chumbo” de tanto que escrevia e apagava novamente. Não cometia erros sobre as páginas: cometia sobre outros erros. Lá vinha a velha e boa borracha e tudo estava pronto para uma nova escrita. O problema era que a página nunca mais ficava “branca” – ficava cinza, depois chumbo... até que abria um buraco.
O computador é diferente – erra-se, apaga-se, erra-se novamente, apaga-se outra vez e tudo continua branquinho (só que ele “guarda” todos os nossos erros, mas a gente não vê).
Essa memória da infância me fez pensar noutras coisas: nos erros que a gente comete. Acho que tem muita proximidade com essas duas experiências. Quando a gente comete um erro, por mais que nos desculpem, as relações acabam “acinzentadas” de alguma maneira. Porém, têm aqueles que reincidem nos mesmos erros... aí, é como se abrisse um buraco nas relações.
Há, entretanto, aqueles erros que não tem como a gente pedir desculpas... pior: são os que mais “calam” na consciência. Nesses casos, a única saída é buscar o perdão superior, de Deus, da transcendência (para outros). Aí... é como o computador: tudo volta a ser “branquinho” porque Deus perdoa de fato.
Por outro lado, não podemos esquecer que o nosso erro continua como fato histórico (isso é impossível desmanchar).
"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,"  (At 3.19)

5 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    já se faz uma cachacinha – que a metáfora não muito litúrgica –, dar uma chegadinha saber de coisas do cotidiano aqui, quase a cada manhã, ainda antes de cumprir a hora de ir Academia (não a platônica, mas tipo daquela que de nosso colega Alexandre de História e Filosofia da Ciência)–. Obrigado pela trazida das coisas simples.
    A borracha que apaga as nódoas da alma também rasga sentimentos. Nestes dias pós Massacre do Realengo ressuscitei as minhas zoadas a colegas. Lembro-me com sentimentos que uma vez dei apelido a um colega. Parece bom que essas culpas aflorem e lembremos também de quem zoamos e não apenas de como fomos zoado. Bom exercício de voz ativa e não de voz passiva.
    Obrigado por mostrar-me que a borracha da alma não faz as tarefas indeléveis
    Uma boa vigília de uma sexta-feira que para nós tem sabor especial
    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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  2. Caro Chassot,

    tuas visitas são sempre muito bem vindas. Pois é, a gente às vezes faz algumas coisas que considermos "inocentes", mas que, nos outros pode ter outro valor. Somos humanos e como tais de vez enquando precisamos da "borracha" (do perdão).

    Boa quinta-feira!

    Garin

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  3. Bom dia, Professor!

    Pois é, cá estou eu comentando a postagem do dia 14. No mundo virtual a noção de tempo é outra tmb.
    É comum entre as professoras mandar (sim, mandar, não pedir) que um aluno peça desculpas so outro após um desentedimento. Aquela deculpa atravessada sai no automático, sem que haja um exercicio de perdão interior. Ou, como Ricardo Azevedo indaga em um poema: alguém já viu apagador apagar alguma dor?

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  4. Prezada Marília! A noção de tempo é muito distinta entre o mundo físico e o virtual. No blogue de amanhã tento discutir um pouquinho mais sobre esta dupla noção de tempo.

    Tenho um episódio triste em minha vida envolvendo uma borracha: eu havia ganho uma borracha bem grande, de uma tia. Quando cheguei na aula (2ª série do primário - assim que se chamava na época 1961), uma colega apanhou a borracha da minha mesa, utilizou-a e depois jogou-a contra mim. Nesse momento a professora enxergou, chamou a aluna e sem mais nem menos deu-lhe duas "palmatórias" na mão esquerda - tudo na frente da turma. Naquele tempo, a colega chorou, depois continuou o resto do tempo da aula. Tentei falar com ela, mas não quis me escutar: nunca esqueci - fazem 50 anos.

    Um abraço,

    Garin

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  5. Caro professor , um dia recebi uma borracha num amigo significativo , um amigo oculto com significado ,recebi de um rapaz hiper timido q nao falava nada , mas abriu a boca e falou bem sobre a borracha e o perdao , eu fiquei tao impressionada por ele ter aberto a boca que guardei-a por mais de 15 anos , porém lembrava sempre do apagar e do perdao mas nao lembrava a colocaçao correta e descobri aqui no seu blog , obrigada , paz de DEUS , Alessandra nascimento http://blogbyleh.blogspot.com/

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