Vivi numa época, na qual poucas pessoas possuíam relógio de pulso. Meu pai, por exemplo, tinha um relógio de bolso.
Um dia desses fui com um relógio de bolso dar uma aula de Filosofia. Provocativamente, na metade da aula, tirei o relógio do bolso e consultei a hora. Uma aluna, instantaneamente perguntou: “o que é isso?”
Um dia desses fui com um relógio de bolso dar uma aula de Filosofia. Provocativamente, na metade da aula, tirei o relógio do bolso e consultei a hora. Uma aluna, instantaneamente perguntou: “o que é isso?”
Pois é, foi fácil fazer o cálculo da idade da aluna: bem menos de trinta.
Trouxe esse assunto porque uma coisa que sempre intriga as pessoas é o tempo. São muitas as tentativas de conceituar o tempo. Até hoje nenhuma delas me satisfez... aliás, acho que não satisfez a ninguém. A melhor tentativa que já tive em minhas mãos foi escrita por Norbert Elias numa perspectiva sociológica (filosófica) [ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1998]. Para ele, o tempo não tem uma existência em si mesmo, mas depende da percepção que dele temos.
O próprio relógio não passa de uma invenção humana para “demarcar” o tempo. Na verdade, o tempo não anda e também não está parado. Nós passamos pela existência e isso nos dá a noção de que o tempo está passando (para nós). São apenas seqüências de frações de uma unidade que convencionamos chamar de “segundos”, por exemplo. Podemos dizer que estamos tão perto de Aristóteles [Αριστοτέλης] (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.) quanto estamos do nosso próximo aniversário. Entre o agora e o futuro não há distância, apenas uma percepção diferente.
Bem... para um sábado como hoje pode-se dizer que está de bom tamanho, não?
Sábio mestre Garin,
ResponderExcluirmeu pai tinha um relógio de bolso no qual havia suas iniciais: A O C. Afonso Oscar Chassot. Era uma de suas poucas preciosidade. Eu nunca usei relógio de bolso. Se diz o de pulso foi inventado por Santos Dumont.
Me encantam relógios. Tenho em minha casa um carrilhão centenário que badala a cada 15 minutos e nas horas cheias faz um mini concerto. Não tem números romanos, que lhe daria mais sabor. Ele é presidido por Cronos. Cairos, como teu nos explicaste em recordada sexta-feira, cuida de do tempo do Senhor.
Mas para um e outro: tempus fugit.
Que nesse sábado tenhamos tempo para o ócio, no sentido de lazer, cuidados por Cairós.
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Caro Cassot,
ResponderExcluiro relógio do meu pai também era uma das poucas relíquias que ele possuia. A cada 24h ele necessitava fazer uma "sessão" de corda que durava um bom tempo e com a qual ele tinha o maior orgulho: dava corda e olhava ao redor para ver se alguém o estava observando.
Pois é, de repente o cronológico se transforma em kairótico visto que esse kairótico de hoje um dia também foi "tempo eterno"!
Bom sabado!
Garin