Em visita ao Bairro Noal, em Santa Maria, RS, conheci uma situação, que no mínimo merece a nossa reflexão. O Bairro Noal teve início em 2006[1] como desmembramento do bairro Patronato e possui um muro que o separa “de uma área pobre originada de uma invasão” [2]. O muro, que segundo os planos, deveria ter cerca de 400m, está com boa parte da sua face grafitada. Entendo que a reflexão que precisamos fazer é sobre a existência do muro como um separador entre pessoas pobres e pessoas de classe média. Entendo que a maneira de convivência entre pessoas de condições econômicas diferentes não deveria ser regulada por um muro.
Confesso que esta situação me causou um choque até porque a desconhecia que, segundo a imprensa, existe desde 2007. A questão que lanço à reflexão é: os bairros (e vilas) das cidades devem ser separados por muros (físicos)? Esta é a maneira mais adequada de conivência entre classe média e pobres?
A seguir, copio parte da reportagem da Folha Online de 25 de janeiro de 2007:
A seguir, copio parte da reportagem da Folha Online de 25 de janeiro de 2007:
“Bairro ergue muro contra vizinho pobre no Rio Grande do Sul
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
Moradores de um bairro de classe média de Santa Maria (RS) ergueram um muro para separá-los de uma área pobre originada de uma invasão. O motivo alegado para a construção da parede --de três metros de altura e de 400 metros de extensão-- é reduzir a criminalidade no bairro, que teria crescido depois de ter começado a invasão vizinha.
O bairro de classe média é a Vila Noal. Ela tem 3.000 moradores e fica dentro de outro bairro, o Patronato. Já a área pobre é a Vila Natal, que surgiu no início de 2005, a partir de uma invasão a uma propriedade da família Stoever.
Na 3ª Delegacia de Polícia de Santa Maria, que atende à região, a informação obtida pela Folha foi que a criminalidade não deveria ser motivo para o erguimento do muro. Isso porque, segundo essa avaliação, os crimes caíram 70% na Vila Noal desde outubro passado, após a prisão de seis suspeitos de arrombamentos.”[3]
[2] Bairro ergue muro contra vizinho pobre no Rio Grande do Sul. [publicado em 25/01/2007]. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u130939.shtml. acesso em: 2 abr 2011.
[3] Idem, idem.
Tempos atrás, assisti um documentário sobre um muro construído por motivos semelhantes, numa cidade da República Dominicana. Entrevistando moradores da parte pobre, o jornalista descobriu que a construção tinha até nome: Muro da Vergonha. Questionando a origem e os motivos do nome, o documentarista descobriu que a vergonha era dos moradores ricos, que viviam constrangidos de terem tanto, em meio a tanta miséria.
ResponderExcluirAbraço
Leonardo Araujo, de Brasília
Caro Leonardo,
ResponderExcluiro teu comentário me trouxe muita satisfação. Primeiro pelo conteúdo sinalisando a reportagem sobre o Muro da Vergonha da República Dominicana.
Não imaginava que por aqui, numa terra em que a gente tem satisfação de conviver com o diferente e busca, de diversas maneiras incluir, haja quem investe em excluir.
Segundo porque descobri o teu e-mail: quando cancelei o meu endereço no Terra fiquei sem o teu endereço eletrônico.
Um grande abraço para ti e para a família (espoosa e filhos).
Garin