segunda-feira, 19 de setembro de 2011

COISAS QUE IRRITAM

ANO 01 – Nº 192

O cair da tarde estava convidativo para um chimarrão com cuca[1]. Como não tenho uma padaria por perto, peguei o carro e fui procurar uma que tivesse aquela cuca tradicional, aquela parecida com a que minha mãe fazia, especialmente na época do Natal. Cuidei bem o trânsito que vinha da minha esquerda e entrei na avenida com todo o cuidado. Pois não é que havia uma daquelas enormes caminhonetes parada em fila dupla, trancando duas faixas da avenida, bem à frente.

A minha cuca já começou a ficar menos doce. Foi contaminada pelo amargor da irritação. Ao volante, uma senhora motorista, tranquila, completamente insensível ao congestionamento que já começava a se formar enquanto ela aguardava sua caroneira terminar as compras na padaria. O pior é que nessas horas nunca aparece um fiscal de trânsito para corrigir a situação.

Eu sei que estamos vivendo tempos de exacerbado egocentrismo, no qual tudo deve girar em torno dos meus interesses pessoais. Não me conformo com essa moral provisória, tacanha e distorcida. A genuína moral é aquela que deve ser exercitada na presença ou na ausência do poder regulador.

Mesmo que os direitos humanos do indivíduo devam ser preservados, isso não pode ser confundido com a ética selvagem de que o que vale é o meu prazer individual, em detrimento do direito positivo da coletividade. Para que alguém não tenha que caminhar cerca de cinquenta passos, não posso me dar ao direito de atrasar a rotina da sociedade. Bastam os engarrafamentos inevitável, provocados pelo excesso de veículos e a ineficiência do poder público em administrar, com agilidade, a mobilidade urbana. Quando priorizo a satisfação do meu egoísmo, à custa do prejuízo dos outros, posso me tornar causa de ações e atitudes indevidas de outras pessoas, inclusive de possíveis acidentes e conflitos sociais. O tipo de pensamento ‘é só por um minutinho’ não resolve a questão. Uma ação, ao arrepio do direito positivo, pode ter consequências inimagináveis. Um minutinho de más ações ou atitudes, controlados por mim, pode resultar em danos irreparáveis para o futuro que não controlo. Nesse caso, ainda vale a máxima de Kant sobre a universalidade das minhas verdades. Só deve ser permitido para mim aquilo que pode ser permitido para os outros. Deixando isso de lado, podemos mergulhar num período de obscurantismo caos difícil de ser corrigido.

Votos de uma boa semana!

DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Paulo Freire (90 anos)

Paulo Reglus Neves Freire[2] nasceu em Recife a 19 de setembro de 1921 e faleceu em São Paulo a 2 de maio de 1997. Educador e filósofo brasileiro, destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Autor de “Pedagogia do Oprimido”, um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante; o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Direito de Voto às mulheres (118 anos).

A Nova Zelândia[3] (em Inglês New Zealand, em maori Aotearoa) é um país insular no sudoeste do Oceano Pacífico formado por duas massas de terra principais (comumente chamadas de Ilha do Norte e Ilha do Sul) e por numerosas ilhas menores, sendo as mais notáveis as ilhas Stewart e Chatham. O nome indígena na língua maori para a Nova Zelândia[4] é Aotearoa, normalmente traduzido como "A Terra da Grande Nuvem Branca". Os Domínios da Nova Zelândia também incluem as Ilhas Cook e Niue (que se autogovernam, mas em associação livre. A Nova Zelândia tornou-se o primeiro país a garantir o direito de voto à mulher no dia 19 de setembro de 1893.


[1] Tipo de pão, com quantidade moderada de açúcar e com uma cobertura de farofa doce, típica da culinária germânica.
[2] PAULO FREIRE (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire. Acesso em 18 set 2011.
[3] NOVA ZELÂNDIA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Zel%C3%A2ndia. Acesso em 18 set 2011.
[4] Ilustração disponível em http://www.papeldeparede.etc.br/fotos/papel-de-parede_montanhas-na-nova-zelandia/. Acesso em 18 set 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    deixo de lado as coisas que irritam e fico em duas evocações presentes saborosamente em tua blogada: uma para corpo e outra para alma [adiro a senso comum nesta dicotomia!]. A primeira, as cucas que nossas mães faziam, que catalisaram em ti tomar um carro e enfrentar um trânsito, paradoxalmente, imóvel. A outra, o saudoso Paulo Freire, que faria hoje apenas 90 anos, que mesmo tenha partido há 14 anos, continua muito em nosso fazer Educação.
    Uma boa semana com evocações gaudérias
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    precisamos buscar essas lembranças gostosas para restaurar nossas energias anímicas numa véspera de comemorações Farroupilhas. Que o vinte de setembro (amanhã) te seja um dia de recreações e alegrias.

    Um forte abraço.

    Garin

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