O NOVO ASSUSTA
ANO 01 – Nº 190
Visitei, certa vez, uma senhora de bastante idade. Encontrei-a costurando sobre uma velha máquina manual. Muito gentil, atendeu-me à porta e mandou que entrasse. Quando nos acomodamos em sua sala, percebi um móvel bonito, reluzente, novo. Perguntei-lhe do que se tratava. Ela me respondeu: “Ah, é uma máquina de costura que meu filho me deu. Mas eu não gosto dela, é tocada a motor, muito moderna, não gosto de costurar nela”. Pude supor, que após minha saída, ela voltou a costurar, com muita dificuldade, agachada sobre a sua antiga máquina de costura manual.
Não pensemos que isso é um absurdo. Se o classificamos como tal, precisamos nos incluir entre esses absurdos da vida. O ser humano possui grande resistência ao novo, àquilo que vem para facilitar a vida. Por um lado, repetir as coisas que sempre fizemos nos traz uma grande segurança e satisfação. Mas com isso, perdemos a oportunidade de experimentar satisfação muito maior, quem sabe, se estivéssemos abertos às novas realidades.
Todas as ideias novas têm que lutar para conseguirem se impor como mais eficientes, melhores do que aquilo que sempre foi feito. O automóvel, o trem, o avião foram vistos com grande suspeita pelos contemporâneos de seu aparecimento. Listes teve que lutar para introduzir os anticépticos na prática médica. Copérnico foi obrigado a retroceder em sua teoria de que a terra girava ao redor do sol. Jonas Hanyay, o homem que introduziu o guarda-chuva na Inglaterra, teve que suportar as hostilidades dos transeuntes quando saiu pela primeira vez com um deles na rua.
Essa atitude humana de resistir ao novo, contrária à adesão irracional às novas tecnologias, também é um perigo para o desenvolvimento do ser humano em sua trajetória de conquistar o conhecimento.
DESTAQUE DO DIA
Morte de Popper (17 anos)
Karl Raimund Popper[1] nasceu em Viena a 28 de Julho de 1902 e faleceu em Londres a 17 de Setembro de 1994. Foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Como filósofo social e político de estatura considerável, defendeu a democracia liberal e foi um oponente implacável do totalitarismo. Ele é talvez mais bem conhecido pela sua defesa do falsificacionismo como um critério da demarcação entre a ciência e a não-ciência, e pela sua defesa da sociedade aberta. Popper cunhou o termo "Racionalismo Crítico" para descrever a sua filosofia. Esta designação é significativa e um indício da sua rejeição do empirismo clássico e do observacionalismo-indutivista da ciência, que disso resulta. Apesar disso, alguns acadêmicos, incluindo Ernest Gellner, defendem que Popper, não obstante não se ter visto como um positivista, se encontra claramente mais próximo desta via do que da tradição metafísica ou dedutiva.
[1] Ilustração disponível em http://rosaglacegmailcom.blogspot.com/2011/06/antigas-maquinas-de-costura.html. Acesso em 16 set 2011.
[2] KARL POPPER (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper. Acesso em 16 set 2011.
Muito prezado colega Garin,
ResponderExcluiraos exemplos que trazes de resistência ao novo são históricos. Lembro-me do filósofo e historiador escocês David Hume (1711-1776),
“Se acreditamos que fogo esquenta e a água refresca, é somente porque nos causa imensa angústia pensar diferente”.
Na quase despedida de Uberlândia os votos de um bom sábado,
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirparece que há um choque de dimensões NEOPATIA X PALEOPATIA. Enfim, o mistério do humano ser não esgota com facilidade: sempre há uma longa jornada pela frente.
Um abraço e bom retorno,
Garin