PRESOS NO TEMPO
ANO 01 – Nº 186
Fui convidado pela Ioná de Palma Santos, acadêmica do curso de Licenciatura em Filosofia do Centro Universitário Metodista, do IPA, para comentar o filme O Feitiço do Tempo[1], no PhiloCine, atividade cultural reflexiva coordenada por ela. A sessão foi no último sábado e contou com um grupo interessado na reflexão sobre o tempo.
Resumidamente, o enredo do filme narra o drama de um jornalista, o Phil Connors, que vai à pequena cidade de Punxsutawney, Pensilvania, EUA, cobrir o Dia da Marmota, um festival que antecede a chegada da primavera e acontece anualmente no dia 2 de fevereiro. O personagem Phil acaba preso no mesmo dia, que se repete sem passar para o dia 3. Todas as manhãs, às 6h, tudo volta a ser exatamente igual.
Após a exibição do drama, estabelecemos um diálogo sobre o enredo do filme. Aquilo que parecia ser uma irrealidade, a repetição do mesmo dia (o feitiço do tempo) é de fato, o que acontece com todos nós. Como o tempo parece não ser uma realidade contínua, mas uma percepção humana, há situações que se repetem quase indefinidamente para cada um, como se o tempo não avançasse nunca. Especialmente as rotinas de trabalho se prestam bastante a essa prisão no tempo, notadamente quando o trabalho é encarado na acepção mais antiga do termo: tripalium (três paus) um instrumento de tortura utilizado pelos romanos, durante o Império, para castigar os escravos. Repetimos nosso laborar dia após dia, como se estivéssemos sendo torturados, sem criatividade, apenas pelo compromisso de fazer o que temos que fazer.
Nossa reflexão avançou um tanto ao nos darmos conta de que há percepções distintas do tempo. Há certas coisas que passam muito rápido e há outras que se arrastam por um tempo interminável. A cronologia é a mesma para umas e para outras, mas a percepção é completamente distinta. Afinal, todos estamos enfeitiçados pelo tempo e especialmente presos quando fazemos algo apenas por fazer, quando o ciclo se repete sem qualquer sabor e sem acrescentar saber.
O feitiço consegue se romper quando deslocamos o centro das atenções do “eu” e passamos a colocá-lo no “outro” e fazemos da solidariedade e da afeição os objetivos do nosso existir. O tempo passa a ser percebido de forma diferente e o ciclo interminável “das mesmas coisas” se rompe. É por esse caminho que a percepção do tempo nos brinda com a alegria do existir.
DESTAQUES DO DIA
Morte de Montaigne (419 anos)
Michel Eyquem de Montaigne[2] nasceu em Saint-Michel-de-Montaigne a 28 de fevereiro de 1533 e faleceu em Saint-Michel-de-Montaigne a 13 de setembro de 1592 Foi um filósofo, escritor e ensaista francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo. É considerado um cético e humanista.
Morte de Feuerbach (207 anos)
Ludwig Andreas Feuerbach[3] nasceu em Landshut a 28 de julho de 1804 e faleceu em Rechenberg, Nuremberg a 13 de setembro de 1872. Foi um filósofo alemão reconhecido pela teologia humanista e pela influência que o seu pensamento exerce sobre Karl Marx. Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno do filósofo Hegel, durante dois anos, em Berlim. Em 1828, passa a estudar ciências naturais em Erlangen e dois anos depois publica anonimamente o primeiro livro, “Pensamentos sobre Morte e Imortalidade”. Nesse trabalho ataca a idéia da imortalidade, sustentando que, após a morte, as qualidades humanas são absorvidas pela natureza. De acordo com esta filosofia, a religião é uma forma de alienação que projeta os conceitos do ideal humano em um ser supremo
[1] Ilustração disponível em http://www.cineplayers.com/filme.php?id=800. Acesso em 12 set 2011.
[2] MICHEL MONTAIGNE (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Eyquem_de_Montaigne. Acesso em 12 set 2011.
[3] LUDWIG FEUERBACH (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Feuerbach. acesso em 12 set 2011.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirposso imaginar quanto – com este filme e com os teus comentários – a última edição do PhiloCine – realização dos bravíssimos alunas e alunos do curso de Filosofia do Centro Universitário Metodista, do IPA tenha sido sumarenta.
Não conheço o filme (não pude comparecer pois fruía os dulçores do avonado em Estrela) mas deve ser o oposto do que tanto já comentamos: tempus fugit.
O tempo (o de Cairós ou o de Cronos) é algo por demais envolvente.
Com admiração e cumprimento para Ioná e para os demais que ouviram o bloguista do cotidiano,
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluiré um filme que te recomendo. Não é qualquer loja que o disponibilizar para aluguel, mas na Espaço Vídeo, da R. Vasco da Gama esquina com R. Felipe Camarão, disponibiliza o DVD para locação. Obrigado pelos teus comentários.
Um abraço,
Garin