O NÃO-PONTO
ANO 01 – Nº 187
Quando conferi a postagem de ontem constatei a ausência do ponto final. Não que esse esquecimento possa comprometer a mensagem, pois o que faltou foi apenas a pontuação que encerraria os “Destaques do dia”. Afinal, a ausência do ponto significou um lapso, entre tantos outros, na construção da narrativa. Uma falha pela qual peço desculpas aos meus leitores e leitoras.
Depois da constatação comecei a refletir sobre aquele não-ponto. A postagem parece não finalizada, ficou uma intencionalidade, uma continuidade interrompida. Um ponto nos dá a tranquilidade de que tudo está pleno, não há o que acrescentar. Um não-ponto provoca, em cada um, a sensação de insegurança. É possível imaginar o que viria depois, aquilo que ficou esquecido. Esse ‘aquilo’ seguiria o não-ponto, mas traria uma nova ideia ou aprofundaria as informações que jaziam no texto escrito?
O ponto é o fim, a morte do texto. Com o ponto, o texto deixa de pertencer à postagem e passa ao domínio publico: é de quem quiser ler, interpretar, apropriar-se da sua fluidez. O não-ponto deixa o texto ‘vivo’, inconcluso. Dá a sensação de que além do não-ponto existe um universo que pode fluir indefinidamente e o que é pior, um ‘mundo’ ao qual não tenho acesso, desconhecido. O não-ponto provoca em nós a incerteza aterradora sobre aquilo que inexiste e, como tal, pode provocar infinitas possibilidades. As seguranças repousam sobre o ponto, enquanto que o não-ponto nos faz tremer sobre a natureza das infinitas possibilidades. Conteriam virtudes que nos levaria ao paraíso das realizações humanas ou abrigariam os infernos das frustrações contínuas. Lançariam luz sobre os atos e pensamentos ou mergulhariam nas trevas do não-saber. Elevaria aos céus da eternidade ou desabariam sobre as profundezas da eterna temporalidade.
Pois é, acho que aquele não-ponto está me levando à loucura!
DESTAQUES DO DIA
Dia da Cruz
A cruz[1] (†), do latim cruce, é uma figura geométrica formada por duas linhas ou barras que se cruzam em um ângulo de 90°, dividindo uma das linhas, ou ambas, ao meio. As linhas normalmente se apresentam na horizontal e na vertical; se estiverem na diagonal, a figura é chamada de sautor, ou aspa. A cruz é um dos símbolos humanos mais antigos e é usada por diversas religiões, principalmente a cristã, embora nem todos os cristãos a usem como símbolo, pois consideram que Jesus Cristo foi pregado em uma cruz. O instrumento da morte de Jesus é mencionado em textos bíblicos como Mateus 27.32 e 40. Ali, a palavra grega stau·rós é traduzida por “cruz” em várias Bíblias em português, e o costume dos Romanos era a crucificação. Para os cristãos o instrumento de tortura e morte transformou-se em símbolo de glória.
Nascimento de Pavlov (162 anos)
Ivan Petrovich Pavlov[2] nasceu em Ryazan, Rússia, a 14 de setembro de 1849 e faleceu em Leningrado, a 27 de fevereiro de 1936. Médico, precursor do behaviorismo; Nobel de Medicina/Fisiologia (1904, pela descoberta dos processos digestivos animais); formulou a tese do reflexo condicionado (1920, a repetição constante de um estimulo ensina o sistema nervoso a responder invariavelmente da mesma forma).
Morte de Carnap[3] (41 anos)
Rudolf Carnap[4] nasceu em Ronsdorf, Alemanha, a 18 de maio de 1891 e faleceu em Santa Mônica, EUA, a 14 de setembro de 1970, influente filósofo alemão que trabalhou na Europa central antes de 1935 e nos Estados Unidos posteriormente. Foi um dos principais membros do Círculo de Viena e um eminente defensor do positivismo lógico. Sua Introdução à lógica simbólica com aplicações é uma boa introdução à sua lógica. Na obra encontramos bastante atenção a vários pontos filosóficos normalmente negligenciados por textos de lógica, indiferença à metateoria, fascinação com a semântica formalizada, atitude casual sobre a prova, nenhuma menção à dedução natural, atenção à lógica das relações, vários exemplos interessantes de teorias axiomáticas, muitos formulados em lógica de segunda ordem, e uma grande dívida com Principia mathematica. Carnap rejeitou a metafísica através do emprego da dicotomia entre juízos analíticos e sintéticos e do princípio de verificação. Sua crítica aos pseudoproblemas filosóficos foi influenciada por Wittgenstein e via a metafísica como inútil e sem sentido.
[1] CRUZ. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz. Acesso em 13 set 2011
[2] IVAN PETROVICH PAVLOV (ilustração e texto). Disponível em http://www.projetovip.net/0914.htm. Acesso em 13 set 2011.
[3] Ilustração disponível em http://mepessoais.blogspot.com/2010/09/critica-de-carnap-aos-enunciados.html. Acesso em 13 set 2011.
[4] RUDOLF CARNAP. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Carnap. Acesso em 13 set 2011.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirvou colocar logo um ponto e deixá-lo de lado. Tu podias chamar-te garimpador. Cada dia uma novidade.
Hoje achas um dia da cruz. Esta não conhecia.
Uma vez falei em sala: “Jesus morreu na cruz” e uma aluno me contestou, morreu em um madeiro.
Estão chamando para meu embarque em um aeroporto sem neblina.
Assim logo, ponto.
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirem primeiro lugar, boa viagem! Por aqui, um aeroporto sem neblina é sempre uma alegria.
Eu também não sabia que até a cruz tinha uma dia especial. Sabes que esse negócio de pesquisar o Destaque do Dia está me deixando mais 'sabido'.
Um abraço,
Garin