TIO JUSTINO
ANO 01 – Nº 188
Quando retornei da academia, passei na caixa de correio e apanhei o jornal. Enquanto subia pelo elevador espiei as manchetes da capa e contracapa. O que me chamou a atenção não foi as grandes, estampadas bem na primeira página, mas uma chamada pequenininha, discretamente na página final, sobre uma matéria que nem estava naquela edição, mas na versão virtual daquele dia: “Grande Rodeio Coringa”. Pois essa pequena notícia teve o poder de revolver a memória de mais de cinquanta anos. A notícia em si era muito breve, estava no caderno Almanaque Gaúcho, Ricardo Chaves, com Luís Bissigo:
“Grande Rodeio Coringa. Entre as décadas de 1950 e 1960, um programa de rádio dominava a atenção dos gaúchos nas noites de domingo: o Grande Rodeio Coringa, transmitido ao vivo pela Rádio Farroupilha. O programa foi palco para inúmeros artistas do Estado, inclusive figuras que são bastante lembradas até hoje _ como o cantor Teixeirinha (1927 _ 1985) e o grupo Os Três Xirús, que contava com Leonardo (1938 _ 2010), famoso mais adiante como autor de canções como Céu, Sol, Sul, Terra e Cor.”[1]
A memória me transportou o um lugarejo onde me criei, no interior de Cachoeira do Sul, RS, chamado Parada Cunha, em atribuição à parada do coletivo que por ali passava e ao sobrenome dos meus antepassados e meu também.
Ocasionalmente aos domingos, papai ordenava que colocasse os cavalos para puxarem a carroça grande, de quatro rodas[2] pois iríamos fazer uma visita noturna ao tio Justino, irmão da minha avó materna, Cacilda Loreto da Cunha. A visita tinha duplo objetivo: fazer uma visita aos parentes e escutar o “Grande Rodeio Coringa”, à época, apresentados por Darcy Fagundes e Luis Menezes. Para mim, tudo isso era uma festa. Gostava de escutar rádio, que em nossa casa não havia. Outras três alegrias se juntavam. Primeiro era a viagem de cerca de trinta minutos olhando o céu estrelado e a lua cheia. Depois, as rosquinhas que só a tia Albertina sabia fazer e, por fim, os ‘causos’ que o tio Justino contava. Guri, sentava-me em um banquinho perto do rádio e toda a família em cadeiras formando uma meia-lua. Por uma hora ninguém interrompia o silêncio. No programa desfilavam os mais renomados cantores nativistas da época. O programa encerrava-se com uma dupla de trovadores, travando uma disputa cantada por quase dez minutos. Ouvia-se até os ‘reclames’ das “alpargatas Roda” e do “brim Coringa”, patrocinadores do programa.
Foram momentos felizes de diversão e de aprendizado rico sobre as tradições do pago rio-grandense que ajudaram a formar minha personalidade.
DESTAQUE DO DIA
Descoberta da penicilina (83 anos)
Alexander Fleming[3] nascido em East Ayrshire a 6 de agosto de 1881 e falecido em Londres a 11 de março de 1955. Foi o descobridor da proteína antimicrobiana chamada lisozima e do antibiótico penicilina obtido a partir do fungo Penicillium notatum, anunciado ao mundo no dia 15 de setembro de 1928. Fleming[4] trabalhou com o fungo durante algum tempo, mas a obtenção e purificação da penicilina a partir dos cultivos de Penicillium notatum resultaram difíceis e mais apropriadas para os químicos. Mas a comunidade científica da época achava que a penicilina só seria útil para tratar infecções banais e por isto não lhe deu atenção. No entanto, o antibiótico despertou o interesse dos investigadores estadounidenses, que durante a Segunda Guerra Mundial tentavam imitar a medicina militar alemã que possuía as sulfamidas. Os Farmacêuticos Ernst Boris Chain e Howard Walter Florey descobriram um método de purificação da penicilina que permitiu sua síntese e distribuição comercial para o resto da população.
[1] GRANDE RODEIO CORINGA. Disponível em http://wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho/2011/09/12/grande-rodeio-coringa/?topo=13,1,1,,,13. Acesso em 14 set 2011.
[2] Distinta da “carrocinha”, uma espécie de charrete com duas rodas.
[3] ALEXANDER FLEMING. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Fleming. Acesso em 14 set 2011.
[4] Ilustração disponível em http://www.biography4u.com/fleming-and-penicillium.html. Acesso em 14 set 2011.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirquando li a matéria do “grande rodeio coringa’ parece que me assentei ao lado me pai, e no ‘gigantesco telefuken’ e voltamos a uma noite de domingo, para assistir as trovas. Que saudade do seu Oscar.
Uma quinta-feira desde a chuvosa Niterói
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirnem sempre a gente se dá conta do que esses momentos representaram para a nossa formação. Muitos deles foram determinantes para diversas características nossas.
Um abraço e boa quinta-feira!
Garin