segunda-feira, 13 de junho de 2011

A PROVA

Sábado passado fui administrar uma prova com meus alunos de Filosofia. O auditório estava muito frio porque, apesar do outono, o dia parecia de inverno. Os estudantes, mesmo bem abrigados, sentiam a temperatura baixa do ambiente. Para superar um pouco esse desconforto, procuravam ficar próximos. Então propus uma prova em grupo, assim não precisavam se isolar e, de quebra, podiam compartilhar conhecimentos e habilidades.
O tema “avaliação” tem provocado quilômetros de debates acadêmicos e pedagógicos: melhor modelo, mais justo, mais abrangente, focado nos conteúdos, focado nas habilidades etc. Cada vez que participo de um debate dessa natureza fico refletindo com os meus botões sobre as provas que enfrentei no meu período de formação acadêmica. Certa vez passei a noite toda decorando declinações do grego, pois a prova era às sete e trinta da manhã seguinte. Fiz uma prova irretocável. Outra vez, meti os pés pelas mãos e respondi de maneira atravessada a uma prova descritiva. Falei o que pensava. Levei um zero bem oval.
Sinceramente, não lembro nenhum benefício que qualquer prova tenha realizado em minha formação e nunca deixei de comparecer às avaliações agendadas. Atualmente estamos vivendo um período de provas e de ranqueamentos[1] na educação, com os quais tenho minhas reservas. Sempre que penso em estímulos avaliativos para estabelecer níveis de aprendizagem me questiono se isso é eficiente.
Por essas e outras justificativas, tenho proposto provas[2] que sejam em si, momentos pedagógicos de aprendizagem. Para tanto, entendo que o diálogo e a troca de visões entre colegas, ajudam a construir melhores conhecimentos. A ação colaborativa, no mundo digital contemporâneo, se constitui numa excelente ferramenta de aprendizagem e de reflexão. É exatamente isso que viso na minha ação pedagógica.




[1] Termo ainda não dicionarizado, mas que significa estabelecer classificação de níveis ranqueados.
[2] Por determinação do Regimento Acadêmico.

2 comentários:

  1. Muito estimado Professor Garin,
    é lamentável, mas uma característica de maneira usual presente nas avaliações é serem ‘ferreteadoras.
    ¿Qual o aluno que em dia de prova, diz algo como: Que bom que hoje tem Prova!
    Ao contrário: quantos sofrem e têm inclusive transtornos de saúde.
    Por outro lado, para mim pior que fazer prova, parece ser corrigi-las. Ser justo é algo muito difícil com os instrumentos de avaliação que usamos é difícil.
    Uma muito boa semana, que certamente terá horas dispendidas na correção de provas.
    atttico chasssot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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  2. Caro Chassot,

    corrigir provas é sempre um olhar subjetivo sobre a ação de uma pessoa. Primeiro porque a subjetividade se estabelece já no momento de planejarmos a avaliaçõo. Segundo, no momento de julgar a resposta do estudante.

    Já pratiquei a experiência de propor aos estudantes que eles elaborassem as provas que depois se sumeteriam. Não foi uma experiência totalmente gratificante, nem para mim, nem para os estudantes.

    Um abraço,

    Garin

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