sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MAIS UM BIG BROTHER
ANO 01 – Nº 231
Enquanto aguardava meus alunos fiz um passeio relâmpago pela internet, atrás de notícias fresquinhas. Mais uma vez encontrei a informação sobre a construção de uma nova tentativa de controlar o ser humano em seus comportamentos e atitudes. A sede de poder de governos e comerciantes é tal que a cada novo dia uma engenhoca é inventada para espiar o que homens e mulheres estão fazendo, quando estão fazendo e porque estão fazendo o que fazem. A engenhoca dessa notícia é muito ardilosa e essa minha postagem poderá estar sendo caçada por um laboratório de pesquisas sociais em algum lugar do globo terrestre. Antes de me sentir importante por isso, fica uma dose de preocupação: quem for analisar esses dados terá a isenção necessária de um cientista? Os dados desse tipo de pesquisa poderão dar em nada, mas também poderão cair na mão de inescrupulosos cuja finalidade é atrapalhar a quase insistente liberdade de opinião do mundo contemporâneo. Cito, na íntegra, a notícia da Folha.com:
Cientistas tentam prever o futuro usando dados da internet[1]
Mais de 60 anos atrás, em sua série Fundação, o escritor de ficção científica Isaac Asimov inventou a psico-história, que combinava matemática e psicologia, para prever o futuro.
Hoje, os cientistas sociais tentam garimpar os vastos recursos da internet --pesquisas na web e mensagens do Twitter, postagens no Facebook e em blogs, pistas de localização digital geradas por bilhões de telefones celulares-- para fazer a mesma coisa.
Os pesquisadores mais otimistas acreditam que os "grandes dados" desses estoques vão revelar pela primeira vez as leis sociológicas do comportamento humano, permitindo que eles prevejam crises políticas, revoluções e outras formas de instabilidade.
"Este é um importante passo adiante", disse Thomas Malone, diretor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). "Temos à disposição tipos de dados mais detalhados e mais ricos, assim como algoritmos de previsão, o que possibilita um tipo de previsão que antes era impensável."
O governo americano está demonstrando interesse. Neste verão, uma agência pouco conhecida --a Atividade de Projetos de Pesquisa Avançada de Inteligência, ou Iarpa na sigla em inglês, que faz parte do gabinete do diretor da inteligência nacional-- começou a procurar ideias de cientistas sociais acadêmicos e corporações sobre maneiras de se rastrear automaticamente a internet em 21 países latino-americanos atrás de "grandes dados".
O sistema de coleta de dados automático se concentrará em padrões de comunicação, consumo e movimento das populações. Ele vai usar dados publicamente acessíveis, que incluem pesquisas na web, entradas em blogs, fluxo de tráfego na internet, indicadores do mercado financeiro, webcams de trânsito e alterações em verbetes da Wikipédia
Ele pretende ser um sistema totalmente automatizado, um "olho para dados no céu" sem intervenção humana, segundo a proposta do programa. A pesquisa também exploraria a capacidade de prever epidemias e outros tipos de contaminação generalizada.
Para um crítico, o projeto evoca memórias de um programa do Pentágono pós-11 de Setembro para caçar potenciais ameaças, identificando padrões em acervos de dados públicos e privados.
"Por um lado é compreensível que um país queira rastrear coisas como o aparecimento de uma pandemia, mas devo me perguntar sobre a automatização total disso e o quê de produtivo sairá dele", disse David Price, que escreveu sobre cooperação entre cientistas sociais e agências de inteligência.
Um projeto semelhante da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, ou Darpa, pretende identificar automaticamente redes sociais insurgentes no Afeganistão.
No ano passado, pesquisadores do HP Labs usaram dados do Twitter para prever com precisão as receitas de bilheterias de filmes de Hollywood. Em agosto, a Fundação Nacional de Ciências em Arlington, Virgínia, aprovou verbas para pesquisa usando mídias sociais como Twitter e Facebook para avaliar danos de terremotos.
"Os grandes dados permitem ir além da inferência e da importância estatística e avançar para análises mais significativas e precisas", disse Norman Nie, um desenvolvedor de instrumentos estatísticos para cientistas sociais.
Os cientistas sociais que operam com as agências de pesquisa afirmam que, no balanço, as novas tecnologias terão um efeito sobretudo positivo.
"O resultado será uma compreensão melhor do que acontece no mundo e como os governos locais estão lidando com a situação", disse Sandy Pentland, um cientista do Laboratório de Mídia do MIT. "Eu acho tudo isso muito esperançoso, mais que assustador, porque esta talvez seja a primeira oportunidade real de toda a humanidade ter transparência de governo."
Os defensores da privacidade se preocupam. "Essas técnicas têm dois lados", disse Marc Rotenberg, presidente do Centro de Informação de Privacidade Eletrônica em Washington. "Podem ser usadas com a mesma facilidade contra adversários políticos nos Estados Unidos e contra ameaças de países estrangeiros."
Mas Prabhakar Raghavan, diretor do Yahoo! Labs e especialista em obtenção de informação, notou que prever epidemias de gripe examinando buscas na web pela palavra "gripe" não melhorou significativamente a informação já existente sobre um surto.
Outros pesquisadores são mais otimistas. "Existe uma enorme quantidade de poder de previsão nesses dados", disse Albert-Laszlo Barabasi, um físico especializado em ciência de redes.
"Se eu tiver dados hora a hora de sua localização, posso prever com 93% de precisão onde você estará uma hora ou um dia depois."

DESTAQUE DO DIA
Tenentismo no Rio Grande do Sul (87 anos)
Tenentismo[2] foi o nome dado ao movimento político-militar e à série de rebeliões de jovens oficiais de baixa e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920, descontentes com a situação política do Brasil. Não declaravam nenhuma ideologia, propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.
Os movimentos tenentistas foram: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922, a Revolução de 1924 e a Comuna de Manaus de 1924 e a Coluna Prestes[3].
O movimento tenentista não conseguiu produzir resultados imediatos na estrutura política do país, já que nenhuma de suas tentativas teve sucesso, mas conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, representada na Política do café com leite. No entanto, o tenentismo preparou o caminho para a Revolução de 1930, que alterou definitivamente as estruturas de poder no país.


[1] CIENTISTAS TENTAM PREVER O FUTURO USANDO DADOS DA INTERNET. (ilustração de texto). Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/tec/995613-cientistas-tentam-prever-o-futuro-usando-dados-da-internet.shtml. Acesso em 27 out 2011.
[2] TENENTISMO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_tenentista. Acesso em 27 out 2011.
[3] Ilustração disponível em http://www.brasilescola.com/historiab/tenentismo.htm. acesso em 27 out 2011.

4 comentários:

  1. Muito caro Garin,
    acerca da leitura do texto que ofereces nesta sexta-feira, serei paradoxal, por estar comentando o blogue de um teólogo: sou cético e crente. Não acredito na previsão do futuro, pois este a Deus pertence.
    Um bom dia, e quando estiver começando o shabath nos veremos no Mestrado Profissional em Reabilitação e Inclusão.
    Com expectativa

    attico chassot

    ResponderExcluir
  2. Caro Chassot,

    eu também não acredito em previsões sobre o futuro, mas há que se tomar cuidado com esse pessoal que tem sedição de poder. Veja que a mira deles é a América Latina, quer dizer, o Brasil.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir
  3. Garin,

    1) Nós temos hoje a ilusão de estar perdendo uma privacidade que sempre tivemos. Na verdade nós temos, hoje, uma privacidade que nunca tivemos. Quando o "mundo era menor", todo mundo sabia da vida de todo mundo... Então o mundo ficou grande e então descobrimos a privacidade na multidão. Agora o mundo está voltando às dimensões de outrora: uma vila global...

    2) A mineração (data mining) é extremamente voltada para pressupostos na mente do minerador. Ela descobre agulhas em palheiros. Mas, como é baseada nos tais pressupostos, é preciso que o minerador tenha alguma idéia do que ou como procurar. Qualquer coisa além disto, ainda está no campo da magia ou do milagre.

    3) Quando as coisas passarem dos limites permitidos por Deus, ele "faz de novo" o que fez com a Torre de Babel: bota os presunçosos no seu devido lugar...

    Abração
    Luis Otávio de Colla Furquim

    ResponderExcluir
  4. Caro Luis Otávio,

    obrigado pelo teu comentário. Também acredito que a sede de poder nunca irá se satisfazer, mas também, nunca encontrará o que realmente procura. Como os cristãos de Roma que se encontravam nas catacumbas, onde as escoltas nunca o encontraram, assim a privacidade das pessoas poderá ficar protegida pela incapacidade de saber o que e onde procurar.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir