sábado, 29 de outubro de 2011

A NANO E A ÉTICA
ANO 01 – Nº 232

Já comentei aqui a minha participação no VIII Seminário Internacional de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente que se encerrou quinta-feira no IPA[1]. Entre as maravilhas da Nanociência está a descoberta de que é possível partir as moléculas de tal sorte que, mantendo o mesmo volume é possível multiplicar a superfície. Com esse conhecimento em mãos, a nanotecnologia consegue produzir matérias muito mais eficientes, duráveis e quase indestrutíveis. É possível imaginar como isso pode facilitar a vida do ser humano em diversas fronteiras nas quais antigamente era impossível avançar.

Meu entendimento é de que a nanotecnologia é um avanço do presente que se mostra indispensável para o futuro. É possível, por exemplo, inserir um medicamento em um nanotubo de carbono e fazê-lo andar pelo corpo da pessoa até atingir o local infectado por um vírus ou bactéria. De outra sorte, utilizando a mesma tecnologia, é possível produzir materiais praticamente indestrutíveis, como concreto ultra resistentes, cápsula de cabines para carros de competição que podem se chocar em altíssima velocidade sem machucar gravemente o piloto e por aí afora.

Entretanto, toda essa maravilha coloca-nos alguns desafios e preocupações. Se injetar um medicamento numa pessoa, utilizando os nanotubos eles irão até o local da lesão, porém, os que não o atingirem, onde irão parar e o que irão provocar corpo da pessoa? Outra preocupação: posso construir um prédio com um tipo de concreto leve e quase indestrutível, que possibilita a indestrutibilidade das residências, mas quando preciso me desfazer daquele prédio, o que vou fazer com os materiais indestrutíveis?

Hoje, o ser humano já se encontra complicado com a disseminação de objetos e sacolas plásticas, cuja degradação necessita de anos. Imaginem com a produção de outros tipos de materiais quase indestrutíveis, como vamos nos livrar desse lixo. Certamente as gerações futuras não se agradarão de conviver com isso acompanhado de um bilhetinho: “Desculpe os transtornos!”.

Sim, hoje podemos mexer com a natureza com muito mais competência, mas precisamos ter o mesmo nível de competência ética ao pensar naqueles que virão depois de nós. É necessário impedir que apenas a ética do mercado seja aquela que controle a disseminação de produtos e objetos que a natureza não tem condições de degradar.

Acho que precisamos pensar seriamente nisso antes de sair aplaudindo efusivamente o “desenvolvimento” científico indiscriminado.


DESTAQUE DO DIA
Dia Nacional do Livro

Livro[2] é um volume transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro.

O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento e expressões individuais ou coletavas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem, e sendo assim a parte final de sua produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição). A tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é tarefa do autor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais em um produto comercializável, é tarefa do editor, em geral contratado por uma editora. Outra função associada ao livro é a coleta, organização e indexação de coleções de livros, típica do bibliotecário. Finalmente, destaca-se também o livreiro cuja função principal é de disponibilizar os livros editados ao público em geral, vendendo-os nas livrarias generalistas ou de especialidade. Compete também ao livreiro todo o trabalho de pesquisa que vá ao encontro da vontade dos leitores.
Contemporaneamente, o livro também é disponibilizado na forma digital.


[1] Para mais informações: http://nanotecnologiadoavesso.org/content/viii-seminario-internacional-nanotecnologia-sociedade-e-meio-ambiente-viii-seminanosoma.
[2] LIVRO (ilustração de texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro. Acesso em 28 out 2011.

4 comentários:

  1. Caro prof. Garin

    Lembro-me das aulas do prof. Gilson Lima, onde discutiamos bastante, temas como nanotecnologia, e tambem as questões éticas, porem a velocidade do desenvolvimento tecnológico termina atropelando as questões éticas, e as decisões são tomadas alheias as discussões. Penso que seja um problema urgente, o dificil é segurar esta onda gigantesca, é quase um tsnunami, e a ética é uma palmeira a beira mar.

    Forte abraço

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  2. Caro Adão,

    tua comparação é muito apropriada. Parece que, no decorrer da história, o fator tecnológico sempre esteve à frente, impulsionado pelo fator econômico. O ser humano sempre buscou maneiras de facilitar sua trajetória, mas isso pode acabar se dirigindo para um ponto perigoso sem volta.

    Um abraço,

    Garin

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  3. Meu caro Garin,
    já quase no ocaso deste dia em que a notícia do câncer do ex-Presidente Lula nos entristece, devo dizer que na leitura de teu blogue não há como não lembrar do livre Frankenstein ou o Moderno Prometeu, mais conhecido simplesmente por Frankenstein, este romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico, de autoria de Mary Shelley. Não sou catastrofista. Mas lembro que a Ciência se parece a Um Goilen.
    Muito boas reflexões a cada uma e cada um de teus leitores

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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  4. Caro Chassot,

    também a tristeza bateu a minha porta com a notícia da enfermidade do Lula. Essa é uma doença implacável, contemporânea, que tem raízes em muitas coisas e que ainda não sabemos como e quando ela irá aparecer.

    Um abraço,

    Garin

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