quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TRANSBORDAMENTO
ANO 01 – Nº 222
Sempre que vou preparar o chimarrão meço a quantidade de água necessária. Para isso, encho a garrafa térmica sob a torneira. Enquanto colocava a água na garrafa, comecei a pensar nas tarefas do dia. Quando percebi, a água já havia transbordado e se derramara sobre a pia. Foi questão de segundos, mas não deu outra. Já estava feita a lambança. Não há o que chorar sobre o líquido derramado. O único remédio que me sobrava era tomar um pano e secar.
Buscar explicações não adianta. Sobrava-me a possibilidade de refletir sobre o acontecido. Uma garrafa transbordando de água poderia ser simbólica do transbordamento de preocupações e tarefas do nosso existir. Especialmente, nessa época do ano há muitas coisas que superlotam nossa mente de preocupações. Não há como não pensar nos eventos de final de ano. Não há como não pensar naquelas coisas que a gente foi empurrando com a barriga e nunca encarou de fato. Agora não adianta mais: o fim do ano está aí, batendo às portas e a gente resolve ou é atropelado. Tem aqueles receios sempre presentes nessa época: como será o ano que vem? E aí, que poderei fazer no verão, nas férias? São coisas que vão se acumulando, adicionadas às preocupações do cotidiano que chega uma hora e t r a n s b o r d a m.
Como diz o pessoal da mídia, muita calma nessa hora. Antes de sair por aí acusando Judas e outros culpados, é melhor buscar no interior de nosso ser, enquanto animal e humano, as razões para tudo isso.
Quem sabe esse entulhar de coisas, tarefas e preocupações, faz parte do estilo que escolhemos? Quem sabe esse transbordar de tudo e as consequências disso é justamente o que estamos desejando, assim chamamos a atenção dos outros sobre a nossa “pobre vida”? Quem sabe mergulhamos nessa roubada porque não conseguimos dizer “não” porque queremos ser aceitos socialmente?
Entre as muitas dúvidas tenho uma certeza: é hora de entabular uma reflexão séria sobre o nosso modo cotidiano de existir. Rever os procedimentos e refazer a trajetória, não é vergonhoso. Pelo contrário, é bem aceito por todos que nos rodeiam. Nem sempre nos damos conta que, aquelas pessoas que convivem conosco, já não agüentam mais nossos estrilos, broncas, grosserias, pitis.
Transbordou, então para e pensa!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Vinícius de Moraes
Marcus Vinícius da Cruz e Mello Moraes[1] diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro  nasceu no Rio de Janeiro a 19 de outubro de 1913 e faleceu na mesma cidade a 9 de julho de 1980. Poeta essencialmente lírico, também conhecido como "poetinha", apelido que lhe teria atribuido Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida. Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.


[1] VINÍCIUS DE MORAES (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Vin%C3%ADcius_de_Moraes. Acesso em 18 out 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro amigo Garin,
    só hoje tive acesso a tua edição de ontem. Assim antes de partir para Rio Grande pude ler em dose dupla o ‘pastor do cotidiano’. Há cerca duzentas edições catalisadas na cozinha do Garin. Amealhadas dariam um sumarento livro de meditações.
    Uma boa quarta-feira

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    essa tua ideia também tem me passado pela mente. Há uma porção de amigos e amigas, de nossa idade aproximada, que tem pouca habilidade na internet e apreciam essas coisas que escrevo. Obrigado por reforçares essa ideia.

    Um abraço,

    Garin

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