No duodécimo canto de Odisseia, como se sabe, Ulisses,
querendo ouvir o canto das sereias, mas sem correr
qualquer fisco, pede que seus comandados o amarrem no mastro
do navio, os quais nada ouvirão por estarem cheios de
A situação dos marinheiros de Ulisses é típica
da situação que vivemos diversas vezes. Estamos imersos numa realidade
desafiadora, repleta de cantos e encantos, mas atravessamos incólumes porque os
encantos não podem ser percebidos. Os ouvidos repletos de cera representavam a
segurança dos navegadores, mas também significavam a sua alienação diante da
maravilha do canto das sereias.
Por vezes não reparamos que a
multiplicidade de estímulos do existir contemporâneo adquire a função da cera
no ouvido. São tantos os ruídos, gritos, barulhos e estrondos que a
sensibilidade torna-se embaralhada. Dessa forma, não percebemos as maravilhas
que acompanham nosso dia-a-dia.
Por um lado é a multiplicidade de cores da
natureza que se prepara para acolher o inverno. De outro, é o silêncio dos pássaros
que, depois de verem seus filhotes atingirem sua autonomia, recolhem seu canto
para despertá-lo apenas na primavera. Por outro ainda, é o aquietar dos ventos
de verão que revolvem cabelos, vestes, poeiras etc.
Dependendo da sensibilidade, é possível
perceber a grandiosidade e a beleza desse pequeno universo do qual fazemos
parte e no qual nos inserimos como beneficiários. Em cada momento é possível
perceber uma ‘sereia’ encantando nosso existir, só obscurecida pela ‘cera’ da
multiplicidade enlouquecida da agitação contemporânea.
Com votos de uma boa segunda-feira!
DESTAQUE DO DIA
Morte de Lutzenberger
(10 anos)
José
Antônio Lutzenberger nasceu em Porto Alegre, 17 de dezembro de 1926 e morreu na
mesma cidade a 14 de maio de 2002. Foi um agrônomo e ecologista brasileiro que
participou ativamente na luta pela conservação e preservação ambiental. Na obra
"Fim do Futuro: Manifesto Ecológico Brasileiro", que lançou em 1980,
já previa o problema do aquecimento global, alertando por exemplo que "a
Amazônia não é o pulmão do planeta, é o ar condicionado do planeta". Por
sua representatividade como liderança social, foi convidado e tomou posse como
secretário-especial do Meio Ambiente da Presidência da República de 1990 a
1992, quando se demitiu do cargo, desiludido com a burocracia e os jogos de
poder e disputa de interesses.
Localizada
em Pantano Grande (RS), a Fundação Gaia, criada por ele, atua na área de
educação ambiental e na promoção de tecnologias socialmente compatíveis, tais
como a agricultura regenerativa (ecológica), manejo sustentável dos recursos
naturais, medicina natural, produção descentralizada de energia e saneamento
alternativo.
A sede
rural leva o nome de Rincão Gaia, área de 30 hectares situada sobre uma antiga
jazida de basalto, e que se tornou exemplo de recuperação de áreas degradadas.
O lugar é habitado por diversas espécies silvestres, como a jaçanã, o
martim-pescador, o ratão-do-banhado, a lontra, a coruja-das-torres, e outras
espécies animais. Além disso, lá funciona o centro de educação ambiental e de
divulgação da agricultura regenerativa.[2]
Meu caro colega Garin,
ResponderExcluiroportuna a homenagem que fazes a um dos pioneiros de defesa ao meio ambiente: José Antônio Lutzenberger, sua importância é muito significativa.
Já curto a tarde na UAM.
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluirfoi através do Lutzenberg que fui despertado, na década de 1970, param a conscientização dos cuidados com o meio ambiente.
Um abraço,
Garin