ESPIRITUALIDADE E CORPO
ANO 02 –
Nº 426
A aula de ontem no mestrado de Reabilitação
e Inclusão foi sobre o tema da espiritualidade, considerando os estudos sobre
inclusão laboral e a saúde do trabalhador. Parte do debate observava a
particularidade do tema, visto que, na maior parte das vezes, os cursos de
pós-graduação não focalizam temáticas desse gênero. Infelizmente, a percepção
cartesiana/newtoniana domina os estudos nesse nível. Entretanto, os mestrados
do IPA possuem essa visão inclusiva e holística da realidade.
A certa altura do debate nos questionamos
sobre a localização da espiritualidade. Estaria ligada ao cérebro? Quem sabe a
espiritualidade pode ser encontrada no coração? Se estivéssemos vivendo na era clássica
grega poderíamos conjeturar que a espiritualidade se localizasse no fígado? É interessante
que fazemos uma hierarquia de órgãos do corpo e esses que fizeram parte do
nosso questionamento poderiam ser considerados que estão entre os mais nobres. Entretanto,
por que não questionar se a espiritualidade poderia se localizar no intestino? Poderia
estar nos pulmões? E por que não no sistema circulatório? A verdade é que nossa
mente esquematizada tende a procurar um lugar porque sem uma localização objetiva
não consegue esquadrinhar.
Evidentemente que a resposta mais normal
será o coração. Basta ligar uma TV numa canal que esteja transmitindo um
programa religioso e o pregador vai se dirigir aos telespectadores com um apelo
incisivo formulado mais ou menos assim: “Como está o teu coração? Ele é a
morada de Deus!”.
Pois é, fui justamente essa uma das
preocupações do nosso debate. Alguém ou alguma instituição tem o direito de se
considerar ‘proprietária’ da espiritualidade? Quem concedeu às religiões a exclusividade
da patente da espiritualidade? Para falar de espiritualidade é necessário falar
de Deus?
De fato, o que aconteceu e acontece é que boa
parte das religiões se apoderaram da ‘espiritualidade’ e a deturparam a partir
de interesses, muitas vezes escusos e sustentados pela sedição de poder. Com isso
contaminaram o tema da espiritualidade, que a simples menção dele no meio acadêmico,
pode provocar urticarias e certos cientistas.
É necessário descontaminar a percepção e o
estudo da espiritualidade. Ele não é ‘reserva de mercado’ de nenhum segmento e
boa parte do que se tem pregado sobre isso não tem valor nenhum.
A espiritualidade não está localizada aqui
ou ali porque ela faz parte do humano e não de uma parte do ser humano. Como é impossível
separar uma parte do humano é impossível separar espiritualidade. Quando falamos
em coração, falamos em espiritualidade; quando falamos em fígado, falamos em espiritualidade;
quando falamos em cérebro falamos em espiritualidade; quando falamos em pé, em
mão, em cabelo, em sentimento, em ódio, em emoção etc., falamos em espiritualidade.
É independente de credos ou religiões. Ela é indivisível, inseparável,
inalienável ao ser humano.
Votos de um sábado repleto de espiritualidade
Meu caro Garin,
ResponderExcluirencontrar-te (e também ao estimado colega Clemildo) foi um excelente catalisador à fecunda jornada acadêmica que se estendeu quase até às 13h.
Desejo que o programa ‘espiritual’ anunciado para a manhã tenha na evocação de tua mãe um frutuoso domingo,
attico chassot
Amigo Attico,
Excluirtambém foi uma surpresa agradável te encontrar ontem pela manhã nas escadarias do IPA. Uma surpresa porque imaginava que reservaria toda a manhã para descansar da longa viagem de retorno da URI. Agradável porque é muito bom encontrar o amigo e colega com quem comungamos muitas ideias.
Um abraço,
Garin