ESTAR X COMPARTILHAR
ANO 02 –
Nº 425
As duas sentaram-se à mesa próxima da
nossa. Chegaram animadas, conversando e logo foram ao Buffet para se servirem. Quando
retornaram à mesa, o celular de uma delas tocou. Enquanto comiam, a conversa ao
telefone se prolongou bastante. Quando se encerrou, as duas já estavam
almoçadas e prontas para retornar. Aliás, não conseguiria comer e falar ao
celular ao mesmo tempo, mas ela conseguiu.
Fiquei refletindo sobre a cena que
presenciamos. Aquilo que parecia ser um almoço de colegas (ou amigas)
transformou-se num ‘estar juntas’ enquanto uma delas falava ao telefone. Não imagino
qual teria sido o conteúdo da conversa, mas o ato de ‘compartilhar’ o almoço
ficou para trás. As duas apenas ‘estavam’ juntas enquanto comiam.
Nossa maneira de encarar a vida contemporânea
contempla situações estranhas como essa. Uma ligação telefônica adquire mais importância
do que compartilhar o momento sagrado de almoçar com alguém. Negócios, romances,
intrigas, articulações, conspirações se tornaram mais significativos, na
contemporaneidade, do que partilhar com as pessoas amigas, a refeição.
Esse é apenas um dos hábitos que se alterou
com a incorporação das tecnologias de informação ao cotidiano das pessoas nas grandes
cidades. O horário do almoço foi substituído pelo tempo disponível para
receber/fazer ligações telefônicas que não couberam no tempo do expediente. O emprego,
ou o empreendimento adquiriu mais competitividade (palavra diabólica essa!) com
a facilidade de levar o telefone junto para o restaurante.
Quase nunca nos damos conta de que essa é
mais uma estratégia que a sociedade de consumo atual utiliza para nos roubar
aquelas pequenas migalhas de humanidade que ainda sobravam entre as exíguas frestas
do laborar de cada dia. Assim, nos tornamos mais ‘competentes’ (outra
palavrinha!) naquilo que fazemos, pois estamos disponíveis full time.
Com votos de uma sexta-feira de muitas
realizações!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Krishnamurti (117 anos)
Jiddu
Krishnamurti nasceu em Madanapalle a 11 de maio de 1895 e morreu em
Ojai a 17 de fevereiro de 1986. Foi um filósofo, escritor, e educador indiano.
Entre seus temas estão incluídos revolução psicológica, meditação,
conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do
pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global.
Constantemente ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser
humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma
entidade externa seja religiosa, política ou social. Uma revolução que só
poderia ocorrer através do autoconhecimento e da prática correta da meditação
ao homem liberto de toda e qualquer forma de autoridade. Reconhecendo a
importância dos seus ensinamentos, amigos do filósofo estabeleceram fundações,
na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina e na Índia, assim como Centros
de Informação, em muitos países do mundo, onde se podem colher informações
sobre Krishnamurti e a sua obra. As fundações têm caráter exclusivamente
administrativo e destinam-se não só a difundir a sua obra, mas também a ajudar
a financiar as escolas experimentais por ele fundadas.[1]
[1]
JIDDU KRISHNAMURTI. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti.
Acesso em 11 maio 2012.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirrealmente a palavra ‘competitividade’ é diabólica e o quanto ela baliza o cotidiano. Para nós da academia ela se faz no ‘engorda Lattes’.
Obrigado por nos levar ao mundo Oriental no destaque do dia.
Vimos — uma vez mais — na nossa aula na Universidade do Adulto Maior na segunda-feira como temos referenciais quase exclusivamente ocidental.
Saudações desde Frederico Westphalen,
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Caro Attico,
Excluirobrigado pelo teu comentário e aguado-te na segunda-feira para a segunda parte da 'Ciência é Masculina?'.
Um abraço,
Garin