sexta-feira, 11 de maio de 2012

Estar x compartilhar - ano 02 - nº 425


ESTAR X COMPARTILHAR
ANO 02 – Nº 425

As duas sentaram-se à mesa próxima da nossa. Chegaram animadas, conversando e logo foram ao Buffet para se servirem. Quando retornaram à mesa, o celular de uma delas tocou. Enquanto comiam, a conversa ao telefone se prolongou bastante. Quando se encerrou, as duas já estavam almoçadas e prontas para retornar. Aliás, não conseguiria comer e falar ao celular ao mesmo tempo, mas ela conseguiu.

Fiquei refletindo sobre a cena que presenciamos. Aquilo que parecia ser um almoço de colegas (ou amigas) transformou-se num ‘estar juntas’ enquanto uma delas falava ao telefone. Não imagino qual teria sido o conteúdo da conversa, mas o ato de ‘compartilhar’ o almoço ficou para trás. As duas apenas ‘estavam’ juntas enquanto comiam.

Nossa maneira de encarar a vida contemporânea contempla situações estranhas como essa. Uma ligação telefônica adquire mais importância do que compartilhar o momento sagrado de almoçar com alguém. Negócios, romances, intrigas, articulações, conspirações se tornaram mais significativos, na contemporaneidade, do que partilhar com as pessoas amigas, a refeição.

Esse é apenas um dos hábitos que se alterou com a incorporação das tecnologias de informação ao cotidiano das pessoas nas grandes cidades. O horário do almoço foi substituído pelo tempo disponível para receber/fazer ligações telefônicas que não couberam no tempo do expediente. O emprego, ou o empreendimento adquiriu mais competitividade (palavra diabólica essa!) com a facilidade de levar o telefone junto para o restaurante.

Quase nunca nos damos conta de que essa é mais uma estratégia que a sociedade de consumo atual utiliza para nos roubar aquelas pequenas migalhas de humanidade que ainda sobravam entre as exíguas frestas do laborar de cada dia. Assim, nos tornamos mais ‘competentes’ (outra palavrinha!) naquilo que fazemos, pois estamos disponíveis full time.

Com votos de uma sexta-feira de muitas realizações!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Krishnamurti (117 anos)

Jiddu Krishnamurti nasceu em Madanapalle a 11 de maio de 1895 e morreu em Ojai a 17 de fevereiro de 1986. Foi um filósofo, escritor, e educador indiano. Entre seus temas estão incluídos revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, política ou social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento e da prática correta da meditação ao homem liberto de toda e qualquer forma de autoridade. Reconhecendo a importância dos seus ensinamentos, amigos do filósofo estabeleceram fundações, na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina e na Índia, assim como Centros de Informação, em muitos países do mundo, onde se podem colher informações sobre Krishnamurti e a sua obra. As fundações têm caráter exclusivamente administrativo e destinam-se não só a difundir a sua obra, mas também a ajudar a financiar as escolas experimentais por ele fundadas.[1]


[1] JIDDU KRISHNAMURTI. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti. Acesso em 11 maio 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    realmente a palavra ‘competitividade’ é diabólica e o quanto ela baliza o cotidiano. Para nós da academia ela se faz no ‘engorda Lattes’.
    Obrigado por nos levar ao mundo Oriental no destaque do dia.
    Vimos — uma vez mais — na nossa aula na Universidade do Adulto Maior na segunda-feira como temos referenciais quase exclusivamente ocidental.
    Saudações desde Frederico Westphalen,

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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    1. Caro Attico,
      obrigado pelo teu comentário e aguado-te na segunda-feira para a segunda parte da 'Ciência é Masculina?'.

      Um abraço,

      Garin

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