TENDENDO AO FUTURO
ANO 02 –
Nº 421
Ontem, Ana e eu fomos
à Igreja para o culto dominical. O pastor baseou sua homilia num texto da
sabedoria judaica sobre a realidade de que há tempo para nasceu e tempo para
morrer. Na sequência, tomando as categorias de Agostinho de Hipona, falou sobre
o fato de que apenas temos o presente, visto que passado e futuro não pertencem
ao ser humano. Finalmente, acompanhando o raciocínio do filósofo e santo
Agostinho chegou à conclusão de que o presente é tão ínfimo que também não
existe, praticamente.
À tarde, quando sorvíamos
o chimarrão, minha esposa e eu começamos a falar sobre o tema, mas na
perspectiva do nosso existir. Comentamos alguns programas de rádio que abordam o
envelhecimento. Rapidamente, nossa conversa se direcionou ao futuro, o nosso,
aquela dimensão que está logo ali e com a qual vamos nos deparar em pouco
tempo. Como se estivéssemos construindo a agenda de nossas vidas, programávamos
o amanhã. O passado, numa redundância óbvia, passou velozmente pelo nosso
diálogo e o presente ficou apropriado apenas como suporte daquilo que
projetávamos para frente.
Entendo que essa
realidade acontece com a maioria das pessoas. O tempo, enquanto futuro,
presente e passado, é apenas o suporte irreal das conjecturas que entrelaçamos
em nossas projeções para cá e para lá. Ele não se concretiza em momento nenhum
porque não passa de uma percepção, uma dimensão à qual nos referimos enquanto
tomamos chimarrão, enquanto trabalhamos, enquanto nos divertimos etc. Serve
como sustentação sobre a qual apoiamos nossas narrativas ou nossas agendas.
Chagamos à conclusão
com outra afirmação da sabedoria judaica do século III a.C., que boa parte daquilo que
consideramos importante, não passa de vaidade.
Votos de uma ótima
segunda-feira!
DESTAQUE
DO DIA
Dia do Silêncio
O Silêncio (1842–1843), escultura pintada em gesso de Antoine-Augustin Préault. |
É o estado de quem se cala ou se abstém de falar e pode ser
também a privação, voluntária ou não, de falar, de publicar, de escrever, de
pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os próprios pensamentos etc.
Pode também ser entendido como a interrupção de correspondência e a ausência ou
cessação de barulho, ruído ou inquietação. Pode ser entendido como a condição
de alguma pessoa que deseja permanecer calada. O silêncio nos remete à condição
de sossego, de paz o a intenção de guardar sigilo sobre algo, ou mesmo de fazer
mistério. Vem do latim silentìum e o início
de sua utilização data do século XIV.[1]
De acordo com as normas culturais, o silêncio pode ser
interpretado como positivo ou negativo. Por exemplo, numa organização cristã,
além que diversas Ordens Religiosas Católicas, aos Monges fazerem o Rito de
Profissão Solene ele deve fazer o voto de silêncio, que é redimir toda sua vida
num sagrado silêncio durante trabalho e oração.[2]
Meu caro Garin,
ResponderExcluira medida em que vamos somando anos, é mais fácil aderir a tua tese: "O tempo, enquanto futuro, presente e passado, é apenas o suporte irreal das conjecturas que entrelaçamos em nossas projeções para cá e para lá." Eu a assumo com cada vez mais convicção.
Obrigado por nos envolver nessas reflexões.
Com admiração.
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluirnessa empreitada também somos companheiros. Obrigado pela tua participação na aula da UAM. As alunas/os apreciaram muito - estão se preparando para a próxima segunda.
Um abraço,
Garin