A NATUREZA DA FELICIDADE
Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade
da alma conforme à virtude perfeita, é necessário considerar
a natureza da virtude, pois isso talvez possa nos ajudar
a compreender melhor a natureza da
Os filósofos gregos do período clássico se
debruçavam sobre a investigação da felicidade. Perseguir o bem como valor maior
ocupava boa parte dos debates e das reflexões, não apenas de Aristóteles. Nessa
parte da Ética, ele se debruça sobre a natureza da felicidade.
Deixando os filósofos clássicos para trás,
mas não esquecendo sua reflexão, é mister perguntar sobre a natureza da felicidade
para o ser humano contemporâneo. Vamos encontrar mais dúvidas do que respostas,
o que não seria tão diferente dos questionamentos da antiguidade clássica.
Para eles, a felicidade era uma atividade
da alma, mas entre nós, nem se fala mais em alma. Quando alguém menciona esse
termo, num ambiente acadêmico, corre o risco de receber alguns ‘tomates’ na
cabeça. Imaginem falar de alma numa business
meeting, por exemplo. Nem seria necessário mencionar ‘alma’, bastaria
referir-se à ‘felicidade’ e, certamente, receberia um olhar enviesado,
juntamente com um sorriso ‘amarelo’ de canto de boca. Alguém poderia intervir
imediatamente: “por favor, voltemos à nossa reunião – temos assuntos sérios à
tratar!”.
Então, por onde passa a ‘natureza da
felicidade’ na sociedade de consumo? Alguém poderia se adiantar com uma
resposta equivocada: “no consumo, ora bolas!”. Responderia de outra forma: a
resposta não seria: na implacável expansão do consumo? Nada representaria mais essa
‘virtude’ do que o ato de comprar indefinidamente. Representaria a suprema
felicidade, pois enquanto estou comprando posso me sentir entronizado nos
portais da glória contemporânea.
O problema de Aristóteles estaria
facilmente resolvido nos dias atuais. Entretanto, essa resolução não teria convergência
com a virtude perfeita da alma, posto que o consumo não enleva a alma porque preocupa
o devedor com a fatura do cartão de crédito. Não representaria a realização da suprema
felicidade do vendedor porque o crescimento de sua produtividade só aumentaria suas
metas para o período seguinte.
Em direções diferentes daquela do período clássico,
os questionamentos persistem porque há dúvidas sobre a natureza da felicidade
no contexto atual. Tudo aquilo que é oferecido como possibilidade se frustra
pela inexequibilidade da profunda realização humana através dos bens e serviços
de consumo. Restaria questionar se é possível conhecer a ‘natureza da felicidade’
em qualquer que seja o contexto social.
Com votos de uma sexta-feira feliz!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Khayyām (964 anos)
Omar
Khayyām nasceu em Nishapur, Pérsia a 18 de maio de 1048 e morreu a 4 de
dezembro de 1131. Poeta, matemático, filósofo e astrônomo iraniano, seu nome
completo era Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri
al-Khayyami. Khayyām calculou como corrigir o calendário persa. O seu
calendário tinha uma margem de erro de um dia a cada 3770 anos. Contribuiu em
álgebra com o método para resolver equações cúbicas pela intersecção de uma
parábola com um círculo, que viria a ser retomada séculos depois por Descartes.
A filosofia de Omar Khayyām era bastante diferente dos dogmas islâmicos
oficiais. Concordou com a existência de Deus, mas se opôs à noção de que cada
acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em
vez disso ele apoiou a visão que leis da natureza explicam todos fenômenos
particulares da vida observada.[2]
http://www.metodistadosul.edu.br/vestibular/inscricao/default_escolhe.php |
Meu caro Garin,
ResponderExcluirassocio-me a significativa homenagem que fazes ao também poeta Omar Khayyām, que na minha adolescência se lia empolgado.
Catalisas e retomar alguns daqueles textos há muito olvidados.
Obrigado,
attico
Amigo Chassot,
Excluirfico feliz por poder despertar a lembrança de antigos textos. Também os autores têm maior ou menor projeção em determinadas épocas.
Um abraço,
Garin