sábado, 25 de junho de 2011

O CAMINHO


Quando o clima permitiu sai para espairecer um pouco. Os dias de inverno tendem a nos aprisionar dentro de casa. É claro que o dia não tem a menor culpa, mas passa a ser o álibi para esticar a sesta, prolongar mais a leitura, sentar à frente da TV para um filmezinho, uma reportagem etc., já que se tratava de um feriado.
Pois foi o que fiz, convidei a esposa e fomos andar por um dos nossos muitos parques aqui de Porto Alegre. Confesso que tive muitas surpresas, como por exemplo, a variedade de plantas. Num dos passeios me deparei com este caminho emoldura por árvores e arbustos, formando um lindo quadro verde. Como amante da imagem não poderia resistir a uma fotografia.
Olhando hoje para essa foto, senti-me desafiado à reflexão. As questões aparecem quase naturalmente. O que há além daquela curva? Será que as árvores e arbustos continuam margeando o caminho? Será que há outras pessoas caminhando? Se há pessoas caminhando, virão em minha direção ou estão fazendo a mesma caminhada que eu?
Outra pergunta me surge diante dessa fotografia: o que havia para trás? Será que o caminho tinha outras curvas? Havia plantas diferentes daquelas que a foto retrata? Outras pessoas estavam capturando suas fotos? Será que eu apareci em alguma delas?
É simplesmente uma foto tirada quase ao acaso, mas a reflexão que podemos fazer não é casual. O futuro simbolizado pelo que podemos inferir que haja além da curva e o passado que inferimos pelo que há antes da foto sintetizam as maiores interrogações do ser humano. Sobre o futuro, impossível de ser descortinado com objetividade, se projeta para além. Sobre o passado, mesmo que realizado, necessita ser descortinado pelo nosso olhar inquiridor.
Premidos entre o futuro e o passado necessitamos prosseguir o caminho com a convicção de que, o antes nos trouxe até aqui e o que fizermos agora, determinará o que virá depois.
Com os votos de um realizador sábado!

2 comentários:

  1. Meu caro colega Garin,
    pois foste mais valente que eu. Nesta manhã de sábado também planeara um passeio pela nossa Porto Alegre. Todavia o despertar preguiçoso me fez não enfrentar a rua nesta manhã plúmbea.
    Resolvi não encarar a rua e curtir o aconchego [esta é uma palavra que me enternece] da casa.
    Resumi a minha caminhada no acompanhar teu belo texto, perscrutando o que na foto e aquém da mesma.
    Um bom sábado com caminhadas reais e fantasiosas
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    obrigado pela deferência, pois mesmo num sábado, postaste teu comentário sempre muito apropriado.
    Caminhamos sempre, pelos caminhos ou pela imaginação porque o nosso destino é caminhar. Não sou partidário daqueles que dizem que caminhamos em direção à morte, pois o nosso caminhar é sempre repleto de vida, aquela que se renova a cada caminhar.

    Um grande abraço,

    Garin

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