quinta-feira, 2 de junho de 2011

O TÚNEL


O TÚNEL

Parece um buraco
Na rocha, esculpido
Mas é o resultado
Do trabalho esmerado
Planejado
Dedicado
Bem construído

Por ele entrando
Me veio a lembrança
Do tempo de criança
De fantasia, abastança
No sonho
Viajando
No infinito perdido

Parece o tempo
Que se vai
Se vai
E quase não chega
A tempo nenhum
Porque o tempo de fato
Não anda
Não vai

O tempo está
Parado aqui
Bem junto do ontem
Bem perto do além
Bem junto de mim
Bem junto de ti

Como um túnel
Não vai
Não volta
Nem fica parado
É a gente que passa
Que anda
Que desanda
Que viaja parado

Há sempre a esperança
Que depois de depois
Se encontre
Um além
Que seja algo
Ou alguém
Que ilumine o aquém

Não é o túnel que passa
Não somos nós que passamos
De fato andamos
Em busca do fim
O que não termina
O que determina
O nosso sentido

Agora eis a luz
Sempre perseguida
Que fica ali
Depois do fim
Que enfim
Nos acalma
Recupera a alma
Nos faz existir!


4 comentários:

  1. Meu caro Poeta das evocações,
    tua poética viaja pelo túnel, levou-me o túnel (na verdade um tunelzinho) na via férrea Montenegro/Caxias do Sul, trecho que este filho de ferroviário fez muitas vezes. Hoje com imagens/texto/áudio revisitei meu primeiro túnel.
    Obrigado, também por isso,
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    quando viajava para visitar meu avô, em Caxias do Sul, sempre ficava aguardando, com ansiedade, a chegada do túnel - havia muita emoção: as luzes do vagão se acendiam, o dia virava noite e o pai sempre advertia: precisa fechar a janela, senão perde a cabeça.

    Um abraço,

    Garin

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  3. Parabéns professor! Linda poesia!É incrível como a poesia mexe com nossas emoções, ou toca ou não toca.Quando nos toca, ela faz companhia.
    Quando o percurso dentro de um túnel é muito longo,começamos a nos acostumar com a pouca luz e percebemos o que muitas vezes a claridade não deixa...
    Penso que muitas vezes precisamos do escuro para descobrir coisas que diante do óbvio não nos permitimos sentir.
    Um abraço,
    Rosana

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  4. Prezada Rosana,

    assim como o silêncio, muitas vezes necessitamos do escuro. Na verdade, a gente se conhece muito pouco. Aquilo que pode nos causar uma enorme angústia, a escuridão, também serve para nos restaurar certas potencialidades nossas.

    Obrigado pelo teu comentário,

    Um abraço,

    Garin

    OBS: desculpe postar como anônimo, mas estou com problemas técnicos.

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