domingo, 15 de janeiro de 2012

ABANDONO

ANO 01 – Nº 310

Nosso ritmo de vida, numa cidade grande, nos faz sentir abandonados. São poucas as instituições e entidades que prestam assistência às pessoas sozinhas. O sistema de ‘vizinhança’, típico do Brasil rural, acabou para os moradores da cidade. Já não se vai à casa do compadre tomar chimarrão ao cair do sol. Já não se fazem bolinhos fritos para oferecer ao morador do lado. Já não se puxa mais um banquinho para uma ‘pitada’ de conversa ao portão, nem se pede uma xícara de açúcar emprestado.

Foram hábitos que hoje pertencem ao passado e deixam no coração um sabor de saudade, muitas vezes. Corremos o dia todo a ainda vamos deitar preocupados com coisas que deixamos de fazer por falta de tempo. Não é de se admirar que o ‘ano’ passe tão depressa. Sabemos, na verdade, que a correria é nossa e não do tempo.

É comum nos sentirmos abandonados. Apesar do telefone, do celular, da Internet, das redes sociais em conexões de alta velocidade, muitas vezes nos sentimos sós. É como se o mundo inteiro não soubesse que nós existimos. O medo, a insegurança e por vezes o pavor toma conta de nosso silêncio tumultuado.

A diferença acontece quando descobrimos que o amor de Deus não nos abandona. O apóstolo Paulo nos faz uma pergunta intrigante, que em seu conteúdo indica uma resposta; “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8.35). Mais consistente que a pergunta é a resposta que ele nos oferece e nos enche de paz nestes momentos de solidão: “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8.38-39)


DESTAQUE DO DIA

Morte de Rosa Luxemburgo (93 anos)

Rosa Luxemburgo nasceu em Zamość, Polônia, a 5 de março de 1871 e morreu em Berlim a 15 de janeiro de 1919. Foi uma filósofa e economista marxista judeu-polaca naturalizada alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia do Reino da Polônia e Lituânia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD). Em 1914, após o SPD apoiar a participação alemã na Primeira Guerra Mundial, Luxemburgo fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista que no dia 1° de janeiro de 1919, a Liga transformaria no KPD. Em novembro de 1918, durante a Revolução Espartaquista, ela fundou o jornal Die Rote Fahne (A Bandeira Vermelha), para dar suporte aos ideais da Liga. Luxemburgo considerou o levante espartaquista de janeiro de 1919, em Berlim, como um grande erro. Entretanto, ela apoiaria a insurreição que Liebknecht iniciou sem seu conhecimento. Quando a revolta foi esmagada pelas Freikorps, milícias de direita composta por veteranos da Primeira Guerra que defendiam a República de Weimar, Luxemburgo, Liebknecht e centenas de seus adeptos foram presos, espancados e assassinados sem direito a julgamento. Desde suas mortes, Luxemburgo e Liebknecht atingiram o status de mártires tanto para marxistas quanto para social-democratas.[1]



[1] ROSA LUXEMBURGO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Luxemburgo. Acesso em 14 jan 2012.

4 comentários:

  1. Pai, lamento te informar, mas acabei de fazer um bolo de chocolate e oferecer para a minha vizinha... Entendo o teu questionamento e entendo que a minha atitude é um reflexo da educação que tive.
    Não me enquadro neste perfil que descrevestes aí... Embora eu seja "moderno" e seja um profissional das novas profissões (???), ainda busco a plena convivência nas pessoas que dividem o mesmo espaço físico comigo, meus vizinhos. E isto diz muito deles, pois sabemos como o espaço em que vivemos pode nos definir de alguma forma.

    Um abraço.
    Até logo.

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    1. Filho, isso me traz muita alegria, não apenas porque és meu filho, mas porque as exceções demonstram que o ser humano é capaz de se opor ao comportamento de manada e estabelecer comportamentos próprios. Pelo que se sabe, é capaz de modificar sua trajetória e construir suas determinações considerando os condicionamentos sociais vigentes. Práticas tidas como de antanho são, em boa parte das vezes, certificações da necessidade de viver humanamente na realidade líquida dos relacionamentos virtuais.

      Um beijo.

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  2. Meu caro Garin,
    não vamos mais no compadre tomar chimarrão, mas blogueamos (ainda um neologismo) a cada dia com amigos.
    Quanta a Rosa de Luxemburgo, no período da repressão foi codinome de uma mulher que amo muito.
    Abraços desde Santiago,

    attico chassot

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    1. Caro Chassot,

      a companhia dos blogares é animador. De certava forma, nos faz sentir próximos e supre, de alguma forma, o chimarrear juntos à sombra dos cinamomos.

      Um abraço,

      Garin

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