sábado, 21 de janeiro de 2012

E A VELHICE?

ANO 01 – Nº 316

Neste primeiro semestre de 2012 fui convidado para trabalhar com uma disciplina Antropologia na Universidade do Adulto Maior, do IPA. Pensando nas aulas, passei na Biblioteca e separei alguns livros para dar uma olhada durante as férias.

Ao chegar em casa, não segurei a curiosidade e abri, ao acaso, uma pequena obra propedêutica sobre o assunto. O capítulo no qual abri, tem como título uma pergunta: “Qual a idade da velhice?”. Curioso, corri os olhos sobre os primeiros parágrafos para ‘tirar uma febre’ sobre a perspectiva do livro. Como suspeitava, essa é uma questão de percepção: “determinar a idade em que uma pessoa pode ser considerada idosa é uma tarefa difícil, pois num determinado momento histórico, numa dada sociedade e em diferentes situações sociais, uma pessoa pode ser considerada idosa aos 70, aos 60, ou até mesmo aos 40 anos.”[1]

De fato, o envelhecimento é um processo do existir que varia de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. Quando eu era guri, uma pessoa com sessenta anos era vista como um idoso em avançada idade. Pior que isso, ela se considerava em idade de ser recolher aos aposentos, na aposentadoria. Agora com mais de sessenta, ainda me considero com capacidades para contribuir socialmente com o meu trabalho. Tenho encontrado pessoas com noventa anos que eu não consideraria idoso em avançada idade, mas alguém que está em plenas condições de participar e contribuir socialmente. É bem verdade que converso com alguns adolescentes da atualidade que já me parecem ultrapassados, fixados a conceitos e intransigentes em suas posições, absolutamente subjetivas.

Vejamos alguns exemplos que a Sonia coloca em seu livro: “em nossos dias, uma pessoa aos 60 anos, saudável, interessada na vida, produtiva, pode ser considerada velha? Você também não conhece idosos que aos 80 anos estão integrados na família e na sociedade, satisfeitos, alegres? Mas por outro lado, quantas pessoas aos 40 ou 50 anos já estão desgastadas, doentes e parecem tão velhas!”.[2]

Pois é, a minha idade e a idade que represento é aquela que consigo construir no processo do existir e decidi para mim. Certamente está relacionada ao meio social e ao contexto histórico no qual estou inserido. Entretanto, não é a sociedade que determina se eu sou idoso em avançada idade ou se ainda sou um sujeito capaz de fazer as minhas determinações e participar positivamente da vida, com alegria e satisfação.

Votos de um bom sábado!


DESTAQUE DO DIA

Morte de Orwell (62 anos)

Eric Arthur Blair nasceu em Motihari a 25 de Junho de 1903 e morreu em Londres a 21 de Janeiro de 1950, mais conhecido pelo pseudônimo George Orwell, foi um escritor e jornalista inglês. Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela clareza da escrita. Apontado como simpatizante da proposta anarquista, o escritor faz uma defesa da auto-gestão ou autonomismo. A sua crença no socialismo democrático foi abalada pelo "socialismo real" que ele denunciou em Animal Farm.

Terminado de escrever no ano de 1948 e publicado em 8 de junho de 1949, Nineteen Eighty-Four (em português: Mil Novecentos e Oitenta e Quatro ou 1984) é um romance distópico que retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo no ano homônimo. No livro, Orwell mostra como uma sociedade oligárquica coletivista é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. A história narrada é a de Winston Smith, um homem com uma vida aparentemente insignificante, que recebe a tarefa de perpetuar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e da literatura a fim de que o governo sempre esteja correto no que faz. Smith fica cada vez mais desiludido com sua existência miserável e assim começa uma rebelião contra o sistema.[3]


[1] MASCARO, Sonia de Amorim. O que é felhice. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 35.
[2] Ibidem, p. 35.
[3] GEORGE ORWELL. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/George_Orwell. Acesso em 21 jan 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    tu como teólogo sabes que existe uma inveja tida como santa.
    Não sei qual o embasamento teológico para tal.
    Todavia a senti numa manhã em que os periódicos dizem ‘estarmos en un enero que queima’ ao ler-te acerca do cuidadoso prepara de tuas aulas na Universidade do Adulto Maior.
    Com estima e admiração um abraço mendocino
    attico chassot

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    1. Caro Chassot,

      em breve quero traçar o cronograma dos encontros e te oferecer opções de datas para a nossa parceria. Boas fruições mendocinas.

      Um abraço,

      Garin

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