segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

NA GRAMA

ANO 01 – Nº 311

Ainda não era quatorze horas e a nossa atenção foi despertada por gritos altos que vinham da rua. Ana e eu corremos à janela do apartamento para conferir o que estava ocorrendo. Dava para perceber que se tratava de gritos de duas pessoas brigando e que a altercação se dava entre uma voz masculina e uma voz feminina.

Ao chegarmos à janela percebemos um casal de turistas argentinos discutindo, em altos brados, a sua relação afetiva no meio da rua. Ainda bem que o contraditório não durou muito e nem teve como consequência, outras formas de agressão, como a física, por exemplo.

O homem gritou algumas palavras que não consegui entender e fez gestos que demonstravam completo descontentamento. Olhou mais uma vez para a mulher, como se a esperasse e depois saiu rua afora sumindo de nosso campo de visão. A mulher ficou parada, começou a chorar e depois se sentou na grama molhada da praça. Logo dois trabalhadores da redondeza se aproximaram, no que foi possível deduzir, oferecendo-lhe solidariedade, mas se afastaram em seguida. Situações assim não possibilitam muitas opções de socorro: são do âmbito privado.

A cena passou a ser motivo de reflexão entre a Ana e eu. Não há como se fazer muita coisa quando se trata da relação afetiva de duas pessoas que não fazemos a menor ideia de quem seja. Minha mãe já dizia que “em briga de homem e mulher, não se mete a colher!”. Entretanto fica aquele gosto de sofrimento por empatia. Pessoas longe de sua pátria, de sua parentela, de seus amigos enfrentando conflitos sérios de relacionamento. Todo o casal sabe o quanto essas brigas são marcantes e, em certos casos, decisivas para novos rumos no relacionamento. Uma coisa é isso acontecer no círculo de nossas relações. Outra é expor em público, feridas que sangram o coração de pessoas que se amam, numa terra distante de casa. Quem sabe, uma viagem planejada e sonhada por meses, encerra-se de maneira violenta, no meio da rua, diante de gente completamente estranha, com um gosto de fracasso.

O desafio humano é encaminhar as questões afetivas antes de sair em viagem. Melhor se esse encaminhamento puder acontecer entre quatro paredes onde os argumentos e contra-argumentos ficam restritos á esfera privada e competem apenas a quem interessa: os envolvidos diretamente. Se não puder ser assim, que possam ser dialogados com o mínimo de serenidade possível, a fim de não envolver quem não tem nada com isso.

Com os votos de uma segunda-feira sem conflitos!


DESTAQUE DO DIA

Morte de Oscar Cullmann (13 anos)

Oscar Cullmann nasceu em Strasbourg, cidade que faz fronteira com a Alemanha, em 25 de fevereiro de 1902. Sua cidade já estava sob domínio alemão por quase trinta anos e mesmo assim ainda mantinha um caráter francês. Seus pais eram luteranos e educaram seu filho nessa confissão. Colou o grau de bacharel em teologia em 1924 e sendo alguém de cultura bilíngue, logo se destacou por isso. Em Paris tornou-se instrutor de grego e latim na École de Batignolles neste mesmo ano. Em 1938 por causa da sua fama como erudito do Novo Testamento e história da Igreja primitiva, foi convidado para lecionar em Basiléia. Nesse período até 1972 desenvolveu muitos estudos e também fundou em Basle, um centro de teologia ecumênica, onde promoveu encontros com teólogos católicos romanos e ortodoxos. Essa tendência ecumênica o fez um observador oficial do concílio Vaticano II (1962-1965). Sua morte se deu em 16 de janeiro de 1999, aos 96 anos na cidade de Chamonix, França.[1]




[1] OSCAR CULLMANN. Disponível dem http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Cullmann. Acesso em 16 jan 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    desde Santiago obrigado pelos votos de uma segunda-feira sem conflitos e por me apresentares Oscar Culman,
    a amizade do
    attico chassot

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    1. Caro Chassot,
      meus agradecimentos são por visitares o meu blog mesmo estando em uma viagem internacional de férias.

      Boa viagem!

      Garin

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