sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


O SABOR DO DESEJO
ANO 01 – Nº 308

Mal havia terminado de assistir ao telejornal da tarde e puf: lá se foi a energia. Procurei, na memória, coisas para fazer. Lembrei que amanhã bem cedo devo participar de uma reunião pedagógica no IPA. Juntei isso à necessidade de me antecipar na construção do texto do blog de hoje. Construí uma geringonça com uma lanterninha sobre uma caneca e coloquei tudo sobre o pufe da sala, o suficiente para iluminar o teclado do laptop. Pronto! Agora é só escrever a postagem do blog. Escrever... escrever... sobre o quê?

Quem trabalha com o compromisso de produzir um texto todos os dias sabe bem do que estou falando. Na hora necessária, a inspiração, como já escrevi aqui outro dia, desaparece... foge. Foi no contexto desse sufoco que recordei uma cena da tarde: passei pelo Mercado Público para comprar melado de cana. Ao vasculhar as prateleiras encontrei origone, que na minha casa de infância era chamada de arigonha. Não resistir a tentação e comprei uma embalagem de duzentos e cinquenta gramas. Com muita sorte, encontrei sobre a mesma, uma receita de preparo.

Mamãe sempre fazia, ela mesma, os origones lá de casa. Aproveitava os pêssegos que não serviam para vender, descascava-os e colocava-os ao sol para que secassem. Depois, não havia aniversário sem que tivesse “arroz de origone” como sobremesa.

Quando encontrei os origones no Mercado, meu coração viajou no tempo, ao encontro do sabor da infância. Hoje é difícil encontrar alguém que faça essa iguaria. Eu mesmo não saberia fazer. Com a receita em mãos, vou me aventurar, durante as férias. Quero sentir novamente o sabor daquele doce que embalou as melhores festas da gurizada lá de casa. Sei que não terá o mesmo sabor dos “arrozes de arigonha” que mamãe preparava, mas servirá como provocação de velho sabor que repousa no desejo do guri que já passou da idade. É um desejo de sentir o sabor, na boca e na alma, para refestejar os aniversários de uns e de outros. Terá o sabor do desejo que guardo, tanto na memória como na boca, embalado por cenas de sorrisos e de alegrias. Servirá para recordar a alegria e o sorriso da mamãe, servindo tigelas generosas distribuídas entre os filhos de olhos arregalados.

Prometo que, se der certo, compartilho aqui a maneira de preparar.

Com votos de uma boa sexta-feira!

DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Feyerabend (88 anos)

Paul Karl Feyerabend nasceu em Viena a 13 de janeiro de 1924 e morreu em Genolier a 11 de fevereiro de 1994. Foi um filósofo da ciência austríaco que viveu em diversos países como Reino Unido, Estados Unidos, Nova Zelândia, Itália e Suíça. Seus maiores trabalhos são Against Method (publicado em 1975), Science in a Free Society (publicado em 1978) e Farewell to Reason (uma coleção de artigos publicados em 1987). Feyerabend tornou-se famoso pela sua visão anarquista da ciência e por sua suposta rejeição da existência de regras metodológicas universais. É uma figura influente na filosofia da ciência, e também na sociologia do conhecimento científico.

Em seu livro Against method e Science in a free society, Feyerabend defende a idéia de que não há regras metodológicas que devam sempre ser usadas pelos cientistas. Afirma que a fundamentação prescritiva do método científico limita as atividades dos cientistas e dessa maneira restringe o progresso científico. Desta forma, a ciência se beneficiaria mais com uma "dose" do que chamou de anarquismo teórico. Ele também sugere que o anarquismo teórico é desejável também por ser mais humanitário do que outros sistemas de organização, pois não impõe regras rígidas aos cientistas.[1]



[1] PAUL FEYERABEND. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Feyerabend. Acesso em 12 jan 2012.

4 comentários:

  1. Estimado professor,

    na minnha terrinha, não tinha essa iguaria, fui criado à doce de abóbora e ambrosia, saudades daquele tempo.

    Forte abraço,

    Claiton

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  2. Meu caro Garin' na parada do ônibus em mSoledsde aprendo mais um pouco acerca de feyerabend. Valeu

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  3. Caro Claiton,

    doce de abóbora, de batata doce e de ambrosia também fizeram parte da minha infância, mas o "arroz de arigonha" era iguaria especial que minha mãe reservava para os dias de festa. Quem sabe faço um dia e te levo um pote.

    Um abraço,

    Garin

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  4. Caro Chassot,

    como aprendemos no Seminário sobre História e Filosofia da Ciência, do ano passado, sempre é possível conhecer um pouco mais. Como sabemos, o conhecimento é uma fonte inesgotável.

    Forte abraço.

    Garin

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