sábado, 30 de julho de 2011

A AREIA
Coloquei os tênis e parti para a caminhada[1]. Não havia chovido, mas as ruas ainda tinham algumas poças de água do dia anterior. Subi calçadas, andei pelo leito de ruas, entrei em praças, atravessei terrenos baldios etc. Quando retornei, percebi que os calçados estavam sujos. Tomei o cuidado de limpá-los no capacho antes de entrar. Percebi que havia muita areia grudada aos tênis, resultado dos terrenos molhados combinados com os trechos de areia por onde passei.
É... depois de uma caminhada sempre trazemos um pouco daquilo por onde passamos. Junto com o que vem grudado nos calçados, há também outras tantas coisas que se ‘grudam’ na mente e no coração. Imagens, sons, temperatura, sombras e claridades... são elementos que vêm junto com frio, calor, suor, sustos, receios. Uma caminhada prosaica, pelo meio da cidade, sempre é adicionada de retalhos da vida que se agregam ao cotidiano.
Diferente da sujeira dos calçados, que normalmente deixamos no capacho, essas outras coisas não são desfeitas com um simples ‘esfregar’. Somam-se à experiência diária e constroem o ser-em-si de cada um(a). O susto que levei de um carro em alta velocidade ao atravessar a faixa de segurança, me ajuda a ter ainda maior cuidado ao atravessar as ruas. O cumprimento disposto do desconhecido do bairro me auxilia a observar melhor as pessoas da minha rua. Em cada lugar, em cada esquina, sempre há um estímulo diferente que, se ando desatento, deixo de sorver um gole importante de vida. Desprezar essas coisas pode transformar a vida numa secura fria e deprimente, mas observá-las com cuidado e emoções diferentes, constroem em mim, a alegria de estar aqui, participando dessa epopéia extraordinária do viver!

DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Mário Quintana (105 anos)


Mário de Miranda Quintana[2] 1906 —1994[3] foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro, era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda, fez as primeiras letras em sua cidade natal (Alegrete, RS), mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.

BILHETE[4]

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

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