quarta-feira, 28 de março de 2012

Desarrumado - ano 01 - nº 383

DESARRUMADO
ANO 01 – Nº 383

Precisava fazer umas arrumações aqui por casa. Tenho uns hóspedes que não fazem barulho, mas incomodam demais. A gente quase não os enxerga o ano todo, mas a gente sabe que eles estão ali. Desta vez, bateram na porta do escritório de tal sorte que a madeira já parecia mais um queijo suíço do que uma porta. Todos os verões espalham suas asas pelo ambiente. Não adianta aplicar cupinicida: alguns morrem, mas se multiplicam rapidamente e atacam tudo o que for de madeira.

Já que precisava trocar de porta resolvi fazer outras modificações. Quem passou por ‘obras’ em apartamento sabe muito bem do que estou falando. Eu tinha um escritório. Veja bem que eu disse “tinha”! Estou acampado num canto da sala onde se desarrumam computador, estante de livros, pen drive (ou Memória USB Flash Drive), gaveteiro, sofá, poltrona, TV, mochila, pasta, quadros empilhados, papeis soltos, um fone de ouvido e tudo o que puderes imaginar. Bem à frente, uma lista de tarefas que necessitam ser cumpridas antes que chegue a sexta-feira. No meio disso tudo, de vez em quando, pode se encontrar um professor preparando aulas e operando o computador.

Estou passando pelo terrível inferno do mundo desarrumado. Preciso disso... não encontro! Preciso daquilo... não sei onde está! Aquele livro... sei lá onde foi parar!

Acho que todos já tiveram essa sensação, mas cada vez que a gente tem que passar por uma experiência dessas tem o mesmo dissabor. O pior é que, dessa vez não fui atendido na minha solicitação para que o Planeta desse uma paradinha. Até tentei: pressionei a tecla “pause”, mas não adiantou. Hoje já é quarta-feira, o sol está nascendo outra vez e tenho aulas, reuniões etc.

Somos tributários do mundo organizado. Mesmo que ele pareça uma bagunça aos olhos dos outros, em nossa mente, cada coisa está no seu lugar. Posso acordar de madrugada e mentalmente visualizar direitinho onde está aquela caneta que escreve em vermelho, o bloquinho de nota, o grampeador (quase desativado nos últimos tempos), o receptor de rádio, o livro tal etc. Quando a gente passa por essa desarrumação, cada ação gera pânico. O mundo organizado que habita a memória virou um caos, um caldo de coisas girando em direções contrárias. Tudo é mais difícil e o trabalho, mais penoso. Não fossem os meus ‘hóspedes’ indesejados, estaria tranquilamente no meu canto organizado.

O bom disso é que mentalmente já vislumbro o retorno triunfante, com porta nova, sem cupins, pelo menos no primeiro mês. Acho que até já estou remontando o meu novo ‘mundo’. Tenho a esperança de, em breve, reencontrar a minha caneta vermelha: ando precisando corrigir um texto...

Com votos de uma quarta-feira organizada para os leitores e leitoras!

DESTAQUE DO DIA

Morte de Condorcet (218 anos)


Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, marquês de Condorcet nasceu em Ribemont, Aisne a 17 de Setembro de 1743 e morreu em Bourg-la-Reine a 28 de Março de 1794, normalmente referido como Nicolas de Condorcet, foi um filósofo e matemático francês.


Todo o pensamento de Condorcet posto em seu Esboço deve ser pensado como fruto da situação em que vivia na época em que foi escrito. Sofrendo com a perseguição de uma revolução que ele mesmo tinha sido tão fervoroso apoiador, deixou um testamento filosófico, um texto profético sobre a humanidade, ainda longe da perfeição. Colocando como carro chefe do progresso, aquele que toma as rédeas do progresso para si, de modo a cumprir com seu compromisso, com sua fé no progresso. Vendo a morte tão de perto, se escondendo de uma perseguição implacável, Condorcet tentou cumprir seu compromisso, escrevendo o Esboço para morrer em seguida. Como gênio e vendo sua morte iminente, encara-a como um soldado em campo de batalha, se tornando um mártir de sua profecia. Talvez conheçamos Condorcet mais pelos autores que se apropriaram dele, como Comte, Marx e boa parte dos progressistas do século XIX, do que por sua própria obra. Mas analisando-a podemos encontrar aspectos vigentes e incontáveis autores que se utilizam dele para formulação das ideias de perfectibilidade e de progresso do homem.[1]


[1] MARIE JEAN ANTOINE NICOLAS DE CARITAT. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Jean_Antoine_Nicolas_Caritat. Acesso em 28 mar 2012.

2 comentários:

  1. Professor Garin, não me diga que o senhor destaca os erros com caneta vermelha?

    Votos de um bom início de outono!

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  2. Meu estimado colega,
    ontem no meu blogue comentei que festas litúrgicas importantes têm a oitava de celebração. Hoje me ocorre que estas têm também a vígilia (ou véspera da data) de comemoração.
    Assim esqueço os gregários cupins que te amofinam e também Condorcet e festejo a vigília das comemorações do primeiro aniversário deste blogue.
    Com expectativa para a blogada de amanhã

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com
    PS.: Tive a mesma admiração da Marília, nunca te imaginava 'ferreteador'

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