COISA DE ADOLESCENTE
O debate sobre as
expressões de personagens famosos a respeito do envelhecimento animou a turma de
terceira idade da Universidade do Adulto Maior, do IPA. Visitamos expressões do
diálogo de Ulisses falando com Aquiles, filho de Peleu, um pensamento de
Demócrito de Abdera (460-370 a.C.), a conversa entre Sócrates e Céfalo e assim
por diante. Entretanto, o que mais chamou a atenção da turma foi o pensamento
de Cícero (106-43 a.C.):
“A
velhice, com efeito, é honorável, contanto que se defenda
a si
mesma, que mantenha seus direitos, que não se submeta
a
ninguém e que até o derradeiro alento guarde seu império sobre
os seus.
Assim como estimo um adolescente no qual
se encontra
algo de
um velho, assim aprecio um ancião no qual se encontra
alguma coisa de um adolescente; aquele que
seguir essa regra,
Foto 1 |
Entre outras considerações,
notou-se que lá na Roma clássica, a preocupação para com a defesa dos direitos
dos idosos já era uma preocupação dos intelectuais da época. Percebemos assim, que
em diferentes momentos da história da civilização humana, de forma especial, a
civilização ocidental, a sociedade ora valorizou, ora diminuiu a importância dos
idosos. Se Cícero se preocupava em apontar a necessidade de defender o direito
da velhice é porque o cenário não era muito favorável a quem atingisse
determinada idade.
Outra expressão que
marcou o debate em aula foi a afirmativa sobre a apreciação do ancião no qual é
possível encontrar “alguma coisa de um adolescente”. Nada é mais ranzinza do
que conviver com alguém que passa a vida toda cobrando responsabilidade e se
reportando ao passado como únicos valores que merecem ser cultivados. Não apenas
fica chato como não constrói novas perspectivas. Não é porque a pessoa é idosa
que não terá sonhos e projetos para construir seu existir.
É impossível viver
olhando o presente como se fosse o seu último futuro. Carl Gustav Jung (1875-1961)
já dizia: “Penso ser preferível para uma pessoa idosa continuar vivendo como se
a vida não fosse acabar, aguardando o dia seguinte como se tivesse ainda muitos
séculos pela frente”.[2] Mesmo que se tenha
convicção de que os dias estão se acabando, não temos o direito de esperar o
fim dos tempos para nós como se tudo já estivesse realizado. Conversei, um dia,
com uma pessoa com mais de noventa anos, que queria saber minha opinião sobre
os seus planos de abrir uma nova empresa.
Pois é, saí da aula
confortado ao perceber que aquela turma, cuja idade média é de mais de setenta
anos, olha para a vida com os olhos de quem não está disposto a se entregar. Muito
pelo contrário, percebe a sua importância no cenário social e se reafirma
enquanto pessoa individualmente.
Votos de uma ótima
terça-feira!
Meu caro Garin,
ResponderExcluirEstes relatos da UAM são ternos e de aumentar a expectativa de vida,
Obrigado também por isso,
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluirtenho certeza de que teus sonhos e projetos de vida alimentam as expectativas de um longo existir.
Um abraço,
Garin