quinta-feira, 21 de junho de 2012

Deus tudo vê - ANO 02 – Nº 466


DEUS TUDO VÊ

Ao final da noite de ontem, quando o inverno já havia se mostrado oficialmente e de fato entre nós, ministrava uma prova aos meus alunos da disciplina de Ética, Sociedade e Meio Ambiente, no IPA. Enquanto acompanha-os nessa estressante tarefa avaliar e ser avaliado (antes da prova os alunos realizaram uma avaliação do meu desempenho como professor deles no decorrer do semestre), lembrei de uma expressão bastante utilizada pelo meu amigo Prof. Dr. Attico Chassot[1], “Deus tudo vê!”, fazendo um paralelo com os anúncios de segurança atuais, “Sorria, você está sendo filmado!”.

Lembrei-me de uma aula de inglês quando estava cursando a terceira série do Curso Ginasial, em 1966, no Instituto Educacional de Passo Fundo, hoje correspondendo ao oitavo ano do Ensino Fundamental. A noite era muito fria e a professora nos submetia a uma prova antes de entrarmos em férias no dia primeiro de julho.

Concentrado sobre a minha tarefa buscava a melhor forma de interpretar as dez questões sobre o idioma de Shakespeare. De repente, percebi que a professora se aproximava, mas não desviei minha atenção porque desejava terminar o exercício avaliativo o quanto antes a fim de ser liberado mais cedo, visto que depois das vinte e duas horas o frio começava a enrijecer os dedos. Quando chegou à minha classe ela falou: “Abre as mãos que eu quero conferir!”. Ainda bem que havia lavado as mãos antes de entrar na aula. À época, ajudava na horta e no jardim da Instituição como forma de pagar parte dos meus estudos oferecidos na forma de bolsa e especialmente as unhas ficavam em péssimo estado.

Lembro que o meu sentimento foi de solidariedade para com tamanha frustração dela. Como andava tirando boas notas, pairava sobre os mestres a suspeita de que estivesse colando nas provas. No entanto, andava com sorte e os conteúdos apareciam com facilidade na mente.

Acrescentaria, ao adágio teológico invocado pelo amigo Chassot: “O professor tudo vê!”. Mas como no caso teológico e no caso das câmeras atuais, também existem os equívocos, pois quem manipula as câmeras e quem se apresenta como “olhos divinos” também se engana ao interpretar o que analisa.

Resulta disso que todos os processos de avaliação e de controle, mesmos aqueles sobre os quais se invoca a presença mística do divino, são falhos, visto que olham de perspectivas predeterminadas e nunca conseguem abranger a totalidade.

Não posso esquecer-me disso quando estiver “corrigindo” as provas dos meus alunos (assim como a avaliação que eles fizeram de mim).

Votos de um primeiro dia de inverno de ótimas realizações!
DESTAQUE DO DIA

Dia Internacional do Aperto de Mão

O aperto de mão é, dependendo da cultura, um gesto social relevante que expressa um sentimento positivo de amizade, afinidade ou confiança entre dois seres-humanos. Um aperto de mão pode ser uma forma de cumprimento ou saudação e pode também consolidar um acordo verbal ou informal entre duas pessoas ou entidades. O aperto de mão pode significar em algumas culturas um gesto de confiança demonstrada na forma de submissão com que ambos ao fazer o gesto, demonstra confiaça na outra pessoa. Alguns historiadores teorizam que a origem do aperto de mão vem dos primórdios da humanidade. É fato que os primeiros homo sapiens e alguns de seus antecessores andavam armados, visto a quantidade de predadores existentes no ambiente hostil onde habitavam. Mas não apenas inimigos não humanos como, por exemplo, o Tigre-dentes-de-sabre o homem primitivo tinha que enfrentar mas também homens semelhantes a ele visto também que os primitivos formavam tribos e estas não raramente eram rivais. Surgia então o aperto de mão, como um gesto de boa vontade para com o rival de outra tribo: um deles estendia a mão, vazia, para demonstrar ao outro que não portava nenhuma armas e desejava um relacionamento pacífico.

Neste contexto, cabe salientar que as mulheres primitivas não carregavam armas e por isso não precisaram desenvolver a cultura do aperto de mãos. E os resquícios dessa cultura podem ser percebidos na atualidade, observando-se que as mulheres normalmente preferem formas diferentes do aperto de mãos para se cumprimentarem.[2]


[1] Blog: http://mestrechassot.blogspot.com.br/
[2] APERTO DE MÃO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Aperto_de_m%C3%A3o. Acesso em 21 jun 2012.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega Garin,
    comovido agradecimentos por trazeres na blogada de hoje minhas reflexões ateológicas, assuntadas particularmente na minha edição de ontem. Esta frase que referes era presença constante em minha formação.~
    Gostei também de ler acerca da vigilância dos professores para flagrar cola. Se não estou enganado isso hoje é démodé.
    O aperto de mão real dou-te amanhã na PUC.
    Uma boa estreia de inverno,
    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      acho que passei minha infância e adolescência me cuidando da vigilância de professores e monitores. Sempre tive muito medo de estar errado em alguma coisa.

      Um abraço,

      Garin

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