É ASSIM
Há certas coisas que não têm definição. Simplesmente
estão envolta em um mistério que a mente humana não consegue estabelecer um
significado lógico. Transcendem a linguagem. Vão além do que é possível definir
com a instrumentalidade humana. Nesses casos, apenas é possível entender os
exemplos, os processos, as ilustrações, as figurações, as parábolas.
Entre essas coisas está a noção de reino de
Deus. Toda e qualquer tentativa de dizer o que é, resulta em empobrecimento
daquilo que a mente e o coração humano gostariam de definir.
No início do Império Romano havia uma desilusão
com as tentativas que os israelitas fizeram para estabelecer um reino que lhes
trouxesse tranquilidade e paz para trabalhar e criar as novas gerações. As experiências,
com raros períodos de alegrias, se transformaram em arrependimento e
frustração. Cresceu a noção e o desejo de se construir um reino que
transcendesse a experiência humana e reunisse todo o idealismo que alimentava a
mente e o coração.
Os seguidores de Jesus Cristo conseguiram
reunir essas aspirações na noção de reino de Deus. Entretanto, tudo o que era possível
dizer a respeito, significava muito pouco em relação aos sentimentos e sonhos
alimentados pelas populações sofridas sob o tacão de impostos e imposições do
poder humano centralizado. A corrupção e as distorções, envolvendo a sedição do
poder e os abusos econômicos, resultaram por afastar a possibilidade de
construir uma forma de governo que satisfizesse essas aspirações.
Entretanto, todas as aspirações e sonhos
não cabiam dentro de uma definição. Para que essas populações humanas
conseguissem entender o que era o reino de Deus, a tradição literária
evangélica construiu exemplos e parábolas com o intuito de explicar tudo o que
essa noção abarcava. Essas explicações são conhecidas, entre os biblistas, como
“parábolas do reino”, localizadas nos evangelhos chamados sinóticos (Mateus,
Marcos e Lucas). Uma dessas parábolas compara o reino de Deus à trajetória da
germinação de uma semente, com a intenção de definir como se processa o
amadurecimento dessa noção na mente e no coração do ser humano:
Disse ainda: O reino
de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à
terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não
sabendo ele como. A
terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e,
por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro,
logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. (Mc 4.26-29)
Embora pouco mencionemos a expressão “reino
de Deus”, o que está registrado na literatura, também chamada de “Escrituras” a
respeito dessa noção, alimenta a vontade e o desejo de crentes e agnósticos na
contemporaneidade. Libertar-se do horror constituído pela sedição de poder e
pelo abuso econômico continua a embalar nossas esperanças e sonhos na
atualidade.
Com votos de um bom domingo de reflexões!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Wesley (309)
Hoje se comemora o nascimento de John Wesley, nascido em
Epworth, Inglaterra a 17 de junho de 1703 e falecido em Londres a 2 de março de
1791. Foi um pastor Anglicano que iniciou um momento de renovação espiritual e
social no seu país com a finalidade de superar o ritualismo religioso e as
mazelas sociais de uma nação açoitada pela exploração de trabalhadores das
minas de carvão e de fábricas durante a primeira revolução industrial. Era filho
de Samuel e de Susana Wesley. Seu pai era um reverendo da Igreja Anglicana e
sua mãe uma educadora rigorosa. Criou seus filhos com muita disciplina e rigor,
características absorvidas por John. Quando criança, a casa da família Wesley
incendiou-se e o ele foi salve pela ação de dois vizinhos que, subindo sobre o
ombro do outro conseguiu salvar o menino das chamas que consumiam seu lar. A alfabetização
dele foi através do livro dos Salmos, utilizado como cartilha. Graduou-se em
Teologia pela Universidade de Oxford e por causa de sua disciplina e rigor nas
orações e estudos bíblicos foi apelidado, juntamente com seu irmão e colega
Charles, de “os metodistas”. O avivamento social e espiritual iniciado por
Wesley teve como consequência o nascimento da Igreja Metodista.
Meu caro Garin,
ResponderExcluiria fazer um comentário acerca da riqueza da metáfora das semente ~~violada nestes tempes de produtos transgênicos~~ mas ante a data metodismo, como alguém da casa. uno-me ao preito.Saudações wesleyanas,
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluiracho que as sementes transgênicas podem nos levar a outras reflexões, como a da possibilidade que o ser humano tem hoje de mexer com aquilo que, até pouco tempo, era considerado um terreno sagrado.
Um abraço,
Garin