domingo, 17 de junho de 2012

É assim - ANO 02 – Nº 462


É ASSIM

Há certas coisas que não têm definição. Simplesmente estão envolta em um mistério que a mente humana não consegue estabelecer um significado lógico. Transcendem a linguagem. Vão além do que é possível definir com a instrumentalidade humana. Nesses casos, apenas é possível entender os exemplos, os processos, as ilustrações, as figurações, as parábolas.

Entre essas coisas está a noção de reino de Deus. Toda e qualquer tentativa de dizer o que é, resulta em empobrecimento daquilo que a mente e o coração humano gostariam de definir.

No início do Império Romano havia uma desilusão com as tentativas que os israelitas fizeram para estabelecer um reino que lhes trouxesse tranquilidade e paz para trabalhar e criar as novas gerações. As experiências, com raros períodos de alegrias, se transformaram em arrependimento e frustração. Cresceu a noção e o desejo de se construir um reino que transcendesse a experiência humana e reunisse todo o idealismo que alimentava a mente e o coração.

Os seguidores de Jesus Cristo conseguiram reunir essas aspirações na noção de reino de Deus. Entretanto, tudo o que era possível dizer a respeito, significava muito pouco em relação aos sentimentos e sonhos alimentados pelas populações sofridas sob o tacão de impostos e imposições do poder humano centralizado. A corrupção e as distorções, envolvendo a sedição do poder e os abusos econômicos, resultaram por afastar a possibilidade de construir uma forma de governo que satisfizesse essas aspirações.

Entretanto, todas as aspirações e sonhos não cabiam dentro de uma definição. Para que essas populações humanas conseguissem entender o que era o reino de Deus, a tradição literária evangélica construiu exemplos e parábolas com o intuito de explicar tudo o que essa noção abarcava. Essas explicações são conhecidas, entre os biblistas, como “parábolas do reino”, localizadas nos evangelhos chamados sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Uma dessas parábolas compara o reino de Deus à trajetória da germinação de uma semente, com a intenção de definir como se processa o amadurecimento dessa noção na mente e no coração do ser humano:

Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a  semente germinasse e crescesse, não
sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. (Mc 4.26-29)


Embora pouco mencionemos a expressão “reino de Deus”, o que está registrado na literatura, também chamada de “Escrituras” a respeito dessa noção, alimenta a vontade e o desejo de crentes e agnósticos na contemporaneidade. Libertar-se do horror constituído pela sedição de poder e pelo abuso econômico continua a embalar nossas esperanças e sonhos na atualidade.

Com votos de um bom domingo de reflexões!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Wesley (309)

Hoje se comemora o nascimento de John Wesley, nascido em Epworth, Inglaterra a 17 de junho de 1703 e falecido em Londres a 2 de março de 1791. Foi um pastor Anglicano que iniciou um momento de renovação espiritual e social no seu país com a finalidade de superar o ritualismo religioso e as mazelas sociais de uma nação açoitada pela exploração de trabalhadores das minas de carvão e de fábricas durante a primeira revolução industrial. Era filho de Samuel e de Susana Wesley. Seu pai era um reverendo da Igreja Anglicana e sua mãe uma educadora rigorosa. Criou seus filhos com muita disciplina e rigor, características absorvidas por John. Quando criança, a casa da família Wesley incendiou-se e o ele foi salve pela ação de dois vizinhos que, subindo sobre o ombro do outro conseguiu salvar o menino das chamas que consumiam seu lar. A alfabetização dele foi através do livro dos Salmos, utilizado como cartilha. Graduou-se em Teologia pela Universidade de Oxford e por causa de sua disciplina e rigor nas orações e estudos bíblicos foi apelidado, juntamente com seu irmão e colega Charles, de “os metodistas”. O avivamento social e espiritual iniciado por Wesley teve como consequência o nascimento da Igreja Metodista.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    ia fazer um comentário acerca da riqueza da metáfora das semente ~~violada nestes tempes de produtos transgênicos~~ mas ante a data metodismo, como alguém da casa. uno-me ao preito.Saudações wesleyanas,
    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      acho que as sementes transgênicas podem nos levar a outras reflexões, como a da possibilidade que o ser humano tem hoje de mexer com aquilo que, até pouco tempo, era considerado um terreno sagrado.
      Um abraço,

      Garin

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