EMBRIAGADO NO TRÂNSITO
Precisava comprar uma bombona de água e por
isso peguei o carro e fui até ao posto de distribuição. Mal tinha saído da
minha quadra e percebi que o trânsito estava parado. Havia vários carros à
frente o que me impedia de enxergar o que estava acontecendo mais adiante. Como
a rua onde moro é bastante calma, logo imaginei que se tratasse de um acidente,
e de acidente grave para trancar a circulação àquela hora.
Não demorou muito e os carros começaram a
andar vagarosamente. Quando cheguei ao local do acontecimento percebi do que se
tratava. Um homem, aparentando uns cinquenta anos, completamente embriagado,
circulava pelo meio da rua, impedindo, com gestos, o avançar de um e de outro
veículo. Com os braços abertos, discursava gesticulando como se estivesse
fazendo uma inflamada palestra. Os motoristas, com medo de atropelá-lo,
procuravam desviar dele com todo o cuidado.
Em primeiro lugar me coloquei no lugar dele
tentando imaginar que coisas o atormentavam tanto ao ponto de estar bêbado em
plena manhã de quinta-feira. Nessas horas nossa mente passeia por mil problemas
do existir humano e elenca solidão, frustração nos relacionamentos, falta de
realização profissional, enfim, coisas muito sérias que o teriam levado ao
desespero a tal ponto de expor vergonhosamente sua vida.
Depois, meu DNA protestante se inflamou. Intimamente
comecei a reprovar aquela atitude irresponsável de alguém que não tendo algo
melhor para fazer, atrapalhava o trânsito num horário importante para os
deslocamentos do trânsito. Como alguém pode se arvorar ao direito de impedir o
constitucional direito de ir e vir em liberdade?
Refletindo sobre as reações que tive,
percebi algo que sempre falo em minhas aulas de ética. Convivem, em cada um de
nós, diferentes posturas morais contraditórias. Por um lado nosso perfil humano
tenta compreender a realidade pelo viés da compaixão e nele inserir uma postura
de compreensão e tolerância. Por outro, o julgamento moral condena as atitudes
dos outros que não se coadunam com a postura ideal construída em nós pela
educação, conceitos religiosos, valores morais etc.
O risco que corremos é deixar se levar por
uma ou por outra postura sem o devido exame analítico e reflexivo. Tomado por
emoções contraditórias, muitas vezes agimos por impulso e, normalmente nessas
ocasiões, assumimos uma postura que mais tarde nos custará um preço alto e pela
qual nos arrependemos.
Votos de uma ótima sexta-feira na expectativa
do final de semana que vem por aí!
DESTAQUE DO DIA
Morte de Dewey (60
anos)
John
Dewey nasceu em Burlington, Vermonta a 20 de outubro de 1859 e morreu em 1 de
Junho de 1952. Foi um filósofo e pedagogo norte-americano. John Dewey é
reconhecido como um dos fundadores da escola filosófica de Pragmatismo
(juntamente com Charles Sanders Peirce e William James), um pioneiro em
psicologia funcional, e representante principal do movimento da educação
progressiva norte-americana durante a primeira metade do século XX. Como se
pode ler em Democracy and Education
(Democracia e Educação), Dewey tenta sintetizar, criticar e ampliar a filosofia
da educação democrática ou proto-democrática contidas em Rousseau e Platão. Via
em Rousseau uma visão que se centrava no indivíduo, enquanto Platão acentuava a
influência da sociedade na qual o indivíduo se inseria. Dewey contestou esta
distinção – e tal como Vygotsky, concebia o conhecimento e o seu
desenvolvimento como um processo social- integrando os conceitos de
"sociedade" e indivíduo. A ideia básica do pensamento de John Dewey
sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e
espírito crítico do aluno. Enquanto suas idéias gozam de grande popularidade
durante sua vida e postumamente, sua adequação à prática sempre foi
problemática. Seus escritos são de difícil leitura – ele tem uma tendência para
utilizar termos novos e frases complexas fazem com que seja extremamente mal
entendido, forçando reinterpretações dos textos.[1]
Muito prezado Pastor do Cotidiano,
ResponderExcluirabençoada a bombona que se fez fazia para teres a oportunidade de plenificar-nos com meditações como a de hoje,
achassot
Amigo Chassot,
Excluirobrigado pelo teu comentário. Nem sempre as múltiplas tarefas permitem um olhar mais atento ao cotidiano.
Um abraço,
Garin