domingo, 10 de junho de 2012

Parentes - ANO 02 – Nº 455


PARENTES

Estava chegando em casa e logo fui cumprimentado por uma pessoa da minha rua, um vizinho que mora umas quatro ou cinco casa/edifícios depois do meu. Ele estava tomando chimarrão, sentado em um banquinho em frente à sua residência. Confesso que não sei o seu nome nem o que ele faz, mas sempre que me encontra, me cumprimenta com entusiasmo e pergunta como estou. Um dia desses parei diante da sua casa e ficamos conversando por algum tempo sobre os acontecimentos que nos envolvem em nossa rua.

Muitas vezes fico me questionando sobre a função dos vizinhos em nossas vidas atribuladas e corridas do dia a dia. Quase nunca lhes dedicamos qualquer atenção porque nunca temos tempo. Nossas interlocuções se referem a acontecimentos públicos, como clima, desastres, política, futebol etc. Poucas vezes abrimos nossa vida para alguém que não partilha a intimidade da casa, ou do trabalho. Entretanto, são justamente os vizinhos que nos acodem nos momentos mais críticos. Quando algo urgente e grave acontece em nossa casa, são os vizinhos que acionamos em primeiro lugar.

Essa questão da proximidade de vida não é nova. Certa vez Jesus estava fazendo a pregação em sua cidade e sofria uma forte oposição. Quando os parentes se aproximaram foi para prendê-lo. Como ele havia saído do padrão de comportamento, os familiares dele queriam retirá-lo do convívio social com o argumento de que ele estava fora de si. A multidão que o ouvia anunciou-lhe que seus parentes estavam ali e queriam lhe falar. Nesse contexto, Jesus afirmou que os seus verdadeiros parentes eram aqueles que estavam com ele, que se aproximavam da sua causa, que se juntavam a ele em suas preocupações. Na verdade, os parentes que estavam lhe procurando estavam preocupados com nome da família que começava a se enxovalhar com a má fama de sua pregação. Aqueles que lhe seguiam se preocupavam com a sua vida e com a mensagem que ele pregava.

Isso nos leva a refletir sobre o papel social que as pessoas que convivem nas proximidades de nossas vidas desempenham em nosso existir. Na medida em que se preocupam, de fato, conosco e nos acompanham cotidianamente, ocupam um espaço determinante para o bem estar de nossas vidas. Podemos dizer que nosso humano existir depende muito dos nossos vizinhos, dos nossos colegas e bem menos daqueles que, por laços de sangue, são nossos parentes.

E quando os parentes de Jesus ouviram isto,
saíram para o prender, porque diziam:
Está fora de si. (Mc 3.21)

Com votos de um bom domingo de convivência com os vizinhos!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Camões (432 anos)

Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], c. 1524 — Lisboa, 10 de junho de 1580) foi um célebre poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.

Camões viveu na fase final do Renascimento europeu, um período marcado por muitas mudanças na cultura e sociedade, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna e a transição do feudalismo para o capitalismo. Chamou-se "renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da Antiguidade Clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista que afirmava a dignidade do homem, colocando-o no centro do universo, tornando-o o investigador por excelência da natureza, e privilegiando a razão e a ciência como árbitros da vida manifesta.

Os Lusíadas é considerada a epopeia portuguesa por excelência. O próprio título já sugere as suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no pressentimento do declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e luta.[1]


[1] LUIZ DE CAMÕES. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Vaz_de_Cam%C3%B5es. Acesso em 10 jun 2012.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega Garin, êh algo impressionante o quanto os tempos pôs-modernos mudaram as relações de vizinhaca: moramos mais perto e ao mesmo tempo mais longe!
    Com votos de um saldo de domingo,
    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      às vezes, as relações sanguíneas atrapalham mais que ajudam. As relações de proximidades podem ser mais fieis.

      Um abraço,

      Garin

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