sábado, 5 de novembro de 2011

A ALGAZARRA
ANO 01 – Nº 239
Sentei diante da minha mesa de trabalho e começou a gritaria da criançada. Moro perto de uma escolhinha de educação infantil. Boa parte da tarde é dedicada à recreação e as crianças ficam agitadas depois de um período de atividades em sala de aula. Parece que a alegria de todas se manifesta no mesmo momento e de uma maneira estridente. Cada uma parece desejar dar o grito mais alto que a outra.
É claro que não aguentei. Levantei e fui assistir o que motivava tanta algazarra perto de casa. As brincadeiras eram espontâneas, havia bastante correria e todas gritavam de alegria ao mesmo tempo. As professoras se restringiam a vigiar para que não acontecesse algum acidente, mas a liberdade da criançada convidava qualquer um para se misturar à brincadeira.
Quem me conhece sabe que a algazarra das crianças não me perturba. Muito pelo contrário, percebo no barulho, às vezes ensurdecedor da gurizada, a manifestação da vitalidade humana que explode numa demonstração da força da vida. A gritaria das crianças é sintoma de que a vida humana está apontada para o amanhã. As possibilidades estão postas porque essas pequenas pessoas exercitam, na alegria de viver, o mais sublime valor humano: a liberdade.  
O que me perturba são os silêncios funestos de quem trama, com dissimulações gestuais, a maldade de alguém. Palavras ditas entre dentes, olhares enviesados, cochichos sibilares, quase sempre estão associados a traições, a conspirações de crueldades, a ações sem amor.
Depois de contemplar aquela cena bonita, voltei para a minha mesa e resolvi compartilhar esse instante de profundo encantamento com a gentinha miúda, profícua de sons felizes, livres e contagiantes.
Com os votos de um bom sábado!

DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Ruy Barbosa (162 anos)
Ruy Barbosa
Ruy Barbosa de Oliveira[1] nasceu em Salvador a 5 de novembro de 1849 e morreu em Petrópolis a 1 de março de 1923. Jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro, foi um dos intelectuais mais brilhantes do seu tempo e um dos organizadores da República e coautor da constituição da Primeira República juntamente com Prudente de Morais. Atuou na defesa do federalismo, do abolicionismo e na promoção dos direitos e garantias individuais. Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Sua atuação nessa conferência lhe rendeu o apelido de "O Águia de Haia". Teve papel decisivo na entrada do Brasil na I Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz da Corte Internacional de Haia, um cargo de enorme prestígio, que recusou.


[1] RUY BARBOSA (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_Barbosa. Acesso em 4 nov 2011.

4 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    postar uma edição do blogue a bordo não é trivial. Há momentos que se fica sem sinal. Assim, a esta hora que chama sono, sem saber onde ando na estrada, depois de deixar Frederico Westphalen há 1,5 hora não cabe algazarras ou algaravias. Sonho dentro de 5 horas estar em Porto Alegre.
    Boa noite e bom sábado
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    espero que tenhas feito uma boa viagem de retorno e que teu dia seja de descanso sabático, sem algazarras. Quando faço esse comentário deves estar chegando à Morada dos Afagos.

    Um abraço,

    Garin

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  3. Caro Prof. Garin
    A algazarra e expontaneidade da criançada é para se saborerar bem devagar. Em comparação, em sentido contrario, muitas crianças ao se tornarem adultas, esquecem do aprendizado, ficam carrancudas e se fecham para a singeleza e profunda amizades, trocam por olhares deprimidos e taciturnos. Quem sabe precisemos fazer estagios de vez em quando nas escolinhas infantis e reaprender a sermos crianças novamente. A idéia para mim só em pensar já me dá um animus positivo. Forte Abraço.

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  4. Caro Adão,

    essa é uma boa ideia: tenho um punhado de gente que poderia ser encaminhado para esse estágio. A expectativa é de que, em contato com a gurizada em sua algazarra possam desmanchar a carranca permanente.

    Um abraço,

    Garin

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