domingo, 25 de março de 2012

A angústia do confronto - ano 01 - nº 380

A ANGÚSTIA DO CONFRONTO
ANO 01 – Nº 380

As convicções sobre a existência de um propósito pré-estabelecido para as pessoas têm sido discutidas amplamente, na atualidade. O cristianismo acredita que cada ser humano possui uma missão determinada e cabe a cada pessoa descobrir a sua. Posições filosóficas contemporâneas entendem que o propósito, ou a missão de cada um, resulta de uma construção edificada, em parte pela cultura na qual o indivíduo nasce e em parte por ele próprio. Esse componente é corroborado pela noção de liberdade e livre arbítrio que a pessoa detém sobre a sua própria trajetória.

Se é pré-determinada ou se é construída, constitui um tema que se estabelece no nível da crença ou no nível da reflexão. Ambas as posições possuem argumentos convincentes, dependendo é claro, da aproximação que se faz.

Entretanto, há um aspecto que é comum a ambas as posições. Pré-determinado ou construído, o existir da pessoa a conduz em direção a um sentido do qual dificilmente se consegue escapar. Sócrates, um filósofo grego da era clássica, foi condenado à morte e para cumprir a sentença teve que se envenenar. Seus discípulos tentaram dissuadi-lo oferecendo-lhe opções de fuga. O Filósofo recusou as ofertas demonstrando que, se tentasse fugir daquela situação, toda a sua pregação estaria jogada no lixo, pois havia ensinado uma ética baseada na coerência entre o discurso e a prática.

Cerca de quatrocentos anos depois, na Palestina, Jesus Cristo passou por dilema semelhante. As narrativas a seu respeito testemunham sobre o dilema ético que experimentou diante da iminência de sua condenação à morte. Os relatos falam de um diálogo íntimo com Deus no qual o questiona sobre o medo que enfrentou ao pensar em sua morte. Abre o coração derramando sua angústia e perguntando a si mesmo se deveria escapar à finitude de si mesmo naquele momento.

Os relatos não mencionam qualquer resposta recebida, mas a reflexão o conduz à conclusão de que se fugisse, tudo o mais que pregou e viveu, perderia qualquer sentido.

Há circunstâncias das quais jamais conseguimos escapar porque representam a coroação de tudo o que construímos e cremos no decorrer do próprio existir.

Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu?
Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com
este propósito vim para esta hora. (Jo 12.27)

Com votos de um ótimo quinto domingo da Quaresma!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Bartók (131 anos)

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Béla Viktor János Bartók de Szuhafő nasceu em Nagyszentmiklós, Hungria a 25 de março de 1881 e morreu em Nova Iorque a 26 de setembro de 1945. Foi um compositor húngaro, pianista e investigador da música popular da Europa Central e do Leste. Bartók é considerado um dos maiores compositores do século XX. Foi um dos fundadores da etnomusicologia e do estudo da antropologia e etnografia da música. Juntamente com seu amigo, o compositor Zoltán Kodály, percorreu cidades do interior da Hungria e Romênia, onde recolheu e anotou um grande número de canções de origem popular. Durante a Segunda Guerra Mundial, decidiu abandonar a Hungria e emigrou para os Estados Unidos. Morando em Nova Iorque, Bartók decepcionou-se com a vida americana. Havia pouco interesse pela sua obra, e suas apresentações, onde sua segunda esposa, Ditta Pásztory também participava, deram pouco retorno financeiro.[1]



[1] BÉLA BARTÓK. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A9la_Bart%C3%B3k. Acesso em 25 mar 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    obrigado pelas reflexões quaresmais, ainda, aditadas com um nome de ressonância musical primorosa,
    com agradecimentos
    atttico chassot

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    Respostas
    1. Amigo Attico,
      obrigado pela tua presença e interesse nas minhas construções diárias.

      Estimulado, um abraço,

      Garin

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