quarta-feira, 6 de abril de 2011

OS BIGUÁS


Biguá [Wikipédia]

Entre as coisas que me chamou a atenção, nas minhas últimas férias, foi o flutuo dos biguás[1]. Pela manhã, os bípedes chegavam em revoada e pousavam na lagoa[2]. Tão logo tocavam a superfície da água, começava a pescaria em bando. Como se estivessem organizados, perseguiam um cardume de peixes e faziam sua refeição matinal. Depois de fartos, cada um procurava um lugar seguro, normalmente um poste no meio da lagoa, e repousava até o final da tarde quando se retiravam em nova revoada.
Esta rotina dos pássaros me fez refletir sobre a preocupação que toma conta de cada um. Há sempre uma tensão sobre como será o futuro e como haveremos de nos alimentar no dia seguinte. Para os biguás, este tipo de atitude não existe. Os dias e noites se sucedem e a vida toca o seu ritmo regular. Como se fosse um ritual, dia após dia, os pássaros fazem sempre o mesmo trajeto e partilham, em bando, a mesma refeição.
Parece lugar comum, pois todos sabem que a vida é assim. No entanto, é difícil encontrar um ser humano que não esteja preocupado com o que irá acontecer quando o sol nascer outra vez. Muitas pessoas perdem suas vidas e outras perdem a “vida” em meio à aflição por essa resposta impossível. Quem sabe, o que tem alargado ainda mais a nossa intransigente ansiedade é que sempre acrescentamos necessidade sobre necessidade. Mesmo quando já estamos satisfeitos, descobrimos mais uma insuficiência e lá se vai nossa paz.
“Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” (Mt 6.34)


[1] “O biguá (Phalacrocorax brasilianus) é uma ave da família dos falacrocoracídeos. Tais aves habitam boa parte da região que vai do México à América do Sul, medindo cerca de 75 cm de comprimento e com coloração negra, saco gular amarelo e tarsos negros. Também são conhecidas pelos nomes de biguá-una, imbiuá, mergulhão, miuá e pata-d'águaBiguá. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bigu%C3%A1. Acesso: 05 mar 2011.
[2] Lagoa do Violão – Torres, RS.



 Ave palmípede do Brasil. [http://www.priberam.pt/DLPO/]

6 comentários:

  1. É vero, querido Mestre e amigo, ficamos tão preocupados com o amanhã que por vezes deixamos de viver o hoje.
    Mas por falar em amanhã, espero que nos encontremos no Pedrini para comemorar a formatura do Sérgio.
    Bj de afeto e saudade.

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  2. Encantada estou professor,que coisa mais linda não?Obrigada por compartilhar conosco...DEUS o abençoe hoje e sempre....Grande abraço.Beijaflor

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  3. Oi Rejane!

    que bom te ver novamente por aqui (seria ver?). Bem, é muito bom te perceber aqui no meu blogue. Fiquei sabendo, através do Prof. Attico, que divulgaste o meu blogue no teu facebook: muuuuiito obrigado!

    Espero nos encontrarmos amanhã no Pedrini - pelo menos já agendei.

    Um abraço caloroso.

    Garin

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  4. Prezada Beijaflor,

    obrigado por comentares "Os Biguás". São emocionantes, mesmo.

    Um abraço,

    Garin

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  5. Pois é, pai! Nem precisei assistir ao vídeo que enquanto lia o teu post lembrava dos biguás lá de Torres. Mas o que mais me chamou a atenção foi o que falaste sobra a nossa "paz". E parece que o mundo hoje é regido por um ritmo e uma ansiedade, que não nos permite e nem quer que sejamos capazes de nos sentirmos em paz com nós mesmos. É essa paz que muitas vezes procuro e cada vez mais acho que São Paulo está longe dela...rsrs...beijos da filhota...

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  6. É isso mesmo, filha.

    Quem sabe a paz também pode ser encontrada no "tumulto" da big city. Às vezes precisamos recordar que o sentido da vida... é viver! As outras coisas são consequêencia disso.

    Um beijo.

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