terça-feira, 5 de abril de 2011

REFLETIR

Quando saboreamos a infância, as descobertas nos fascinam. Quem sabe, esta é a experiência mais extraordinária que os pais têm a respeito de seus filhos pequenos. Cada descoberta é um motivo de admiração: um mundo escondido deixa cair seu véu e se transforma em mundo realizado, sob o nosso domínio.
Não esqueço a experiência da lupa ao sol. Brincávamos com pequenos espelhinhos mirando o reflexo sobre os colegas. De repente, um menino tomou uma lupa e direcionou o seu reflexo sobre uma folha seca, caída no pátio. Corremos para ver o que aconteceria. Ele concentrou o raio sobre a folha e, em poucos minutos, a folha começou a fumegar e logo se incendiou. Não foi apenas a luz que era refletida através do vidro, mas também a intensidade do calor passou a agir fortemente sobre a folha seca. Para mim foi uma experiência marcante, pois não imaginava o poder do sol atravessando a lupa.
Nem sempre nos damos conta de que, pessoalmente, também refletimos as influências que recebemos, até com intensidade maior do que aquela que nos passaram. Na lupa, o sol foi refletido sobre a folha de forma mais concentrada do que ao natural.

O conhecimento que adquirimos, ou que construímos conjuntamente, é capaz de produzir um efeito maior do que a fonte da qual o bebemos. Já não somos mais aquele (a) de antes: somos mais do que antes, pois concentramos aquilo que descobrimos com a força daquilo que nos é revelado.
Na vida cristã também acontece algo parecido: já não somos mais uma pessoa que conheceu Cristo, mas somos também a reflexão dele. Mais do que isso, como o temos em nós, ele faz através de nós como se nós mesmos fôssemos um mesmo com ele.
E todos nós, com rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2 Co 3.18)

2 comentários:

  1. Meu caro colega Garin,
    texto muito significativo. A experiência com a lupa foi forte também em minha infância.
    Vi uma bolinha de ping-pong estragada virar chama e desaparecer. E então me ensinaram que com espelhos Arquimedes incendiava navios inimigos à distância.
    Então tu mostras em teu texto o significado da concentração de forças. Lembro sempre da parábola das varas que o velho pai ensinou aos filhos antes de morrer.
    Que bom aprender neste blogue.
    Com admiração

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com
    www.atticochassot.com.br

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  2. Meu caro Colega Chassot,

    parece que as nossas experiências de aprendizado foram muito próximas. Tavez seja pela proximidade geográfica e pelo fato de vivermos uma experiência do interior do Rio Grande: tu em Jacui e eu na Parada Cunha, interior de Cachoeira do Sul (região de produção de arroz).

    Eu também aprendi muita coisa com o meu pai, embora só atualmente esteja me dando conta.

    Obrigado por visitares o meu blogue.

    Um grande abraço,

    Garin

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