segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CONTINUAM NOS ESPIANDO

ANO 01 – Nº 255

Esse assunto é recorrente no meu blog. Não consigo aceitar que as vidas das pessoas necessitem ser bisbilhotadas para que possam desfrutar das TIs contemporâneas. Na minha concepção, mexericar na vida alheia continua sendo falta de respeito para com a privacidade e liberdade da pessoa. Recentemente uma notícia publicada na Folha.com anunciava um livro com o tema do bisbilhotar realizado pelo Google enquanto a gente utiliza esse site de busca. Pelas informações do perfil e pelas palavras sobre as quais buscamos informações, o Google vai definindo os nossos interesses e projeta o nosso futuro a médio e até em longo prazo. Acho que foi por isso que recentemente recebi um telefonema de um necrotério oferecendo os seus serviços para a minha pessoa. Certamente buscaram no Google os dados sobre a minha idade e calcularam que poderia pagar um plano em até cento e vinte meses com bastante segurança antes do suspiro final.

Transcrevo abaixo, a notícia na íntegra, da Folha.com e deixo a reflexão para cada pessoa que leia esse blog.


Livro diz que Google controla
silenciosamente a internet[1]

Camila Fusco, de São Paulo

O que palavras aparentemente desconexas como Disney, cachorro e amendoim têm em comum?

Para a maioria das pessoas, elas não revelam muito, mas, se digitadas no Google, apontam que a interessada nos temas é possivelmente uma mulher, mãe de filhos pequenos e que sofre de alergias específicas.

Pode ser ainda que, a partir da identificação de seu perfil, a internauta veja mais propagandas de produtos infantis, indicações imobiliárias e, dali a alguns anos, até sugestões de escolas para adolescentes.

Não se trata de pura adivinhação, mas da era em que informações aparentemente simples viram material precioso para previsões de comportamentos.

É o que relata Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia em "A Googlelização de Tudo".

Mestre em criar conexões invisíveis baseadas nos interesses dos usuários pesquisados na ferramenta de busca, o Google é, na visão do professor, a principal ameaça à privacidade de dados pessoais nos dias de hoje.

Isso porque não esclarece que tudo o que se coloca na rede pode ser monitorado por seus sistemas de identificação de navegação (os chamados cookies) nem informa com precisão como os usuários podem configurar seus critérios de busca para proteger suas informações.

A lógica perversa do Google, na avaliação de Vaidhyanathan, está ainda em transmitir ao mundo que o acesso a seus serviços é gratuito, enquanto o verdadeiro custo está na troca por detalhes da personalidade de cada um.

São essas informações que renderão lucro à empresa, com a venda de anúncios direcionados a perfis específicos de usuários.

Dividida em seis capítulos, a primeira parte da narrativa se concentra em mostrar o triunfo da aceitação da "googlelização" -presença cada vez mais frequente do buscador em diversas áreas do conhecimento.

Indica ainda a criação de uma geração superficial, que aceita ver o mundo por meio dos resultados de buscas no Google em detrimento de conhecimentos profundos.

Desliza, no entanto, ao considerar o buscador como o principal vilão da internet, reduzindo a importância de outras ferramentas concorrentes e das redes sociais, que hoje podem ser a maneira mais avançada para acumular informações sobre os internautas.

Na segunda parte do livro, o autor apresenta elementos políticos, filosóficos e até psicológicos pelos quais tenta provar necessária a reação dos internautas às forças dominantes na rede.

O livro é para quem quer conhecer os bastidores dessa potência da internet mundial, mas não traz provas concretas -além do relato do autor- sobre se o Google é bom, mau ou se é apenas esperto ao aproveitar o espírito de "compartilhamento" dos internautas na rede.

É o início da análise sobre a dinâmica do controle da informação virtual, mas está longe de ser uma resposta definitiva para a questão.
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Voltaire (317 anos)

François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire[2] nasceu em Paris a 21 de novembro de 1694 e morreu na mesma cidade a 30 de maio de 1778, foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio. É uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.


[1] LIVRO DIZ QUE GOOGLE CONTROLA SILENCIOSAMENTE A INTERNET. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/998593-livro-diz-que-google-controla-silenciosamente-a-internet.shtml. Acesso em 20 nov 2011.
[2] VOLTAIRE (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire. Acesso em 20 nov 2011.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega Garin,
    tua trazida nesta blogada que inaugura a ‘última semana completa de novembro’ (certamente me acharias mais litúrgico se dissesse a última semana do tempo comum ou última que precede o advento) é algo momentoso.
    Com (quase) tudo na vida o Google ou assemelhados têm bônus e ônus.
    Tu concorda que não poderias editar um blogue diário como fazes, sem um buscador! O Google é uma das maravilhas internética.
    Os ônus: tu trazes no teu texto. Somos bisbilhotados. Não só pelo Google e, divirjo – ou melhor, parece-me exagerada – da postura catastrofista de Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia no seu livro "A Googlelização de Tudo".
    Somos mais vigiados além do Google. Aquela frase maldosa, quase onipresente: “Sorria! Você está sendo filmado!” é a versão pós-moderna de uma frase que na escola onde fiz o ginásio tinha em toda parte, inclusive no banheiro: “Deus me vê!” Podes imaginar, quanto pecado solitário contra o sexto mandamento ela evitou. Há dias hospedei-me em um hotel no Rio de Janeiro, que havia um aviso parecido com este (que lamento não tenha fotografado: “Todas as dependências deste hotel podem estar sendo filmada e seus registros estarão arquivados no serviço de segurança”. Seguia um artigo de um código de segurança. Concordas que isso deve assustar mais que o Google. Aliás teu blogue, farto em assuntos de teu cotidiano (eu que nunca estive na tua casa sei algo sobre tu cozinha, sobre as escadas, portão de entrada) é mais invasivo que o Google. Somos cidadãos públicos e isto não me incomoda.
    Desculpa as discordâncias. Elas são reflexões de uma madrugada insone. O livro deste estadunidense que deve ser indiano deixou-me curioso.
    Com admiração e agradecimentos do

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    é verdade que somos vigiados por todos os lados, sem contar com os vizinhos que esquadrinham as nossas saídas/entradas e o que veem dentro das sacolas dos supermercados e embalagens que descartamos no lixo seco etc. Um irmão meu tinha um adesivo colado no vidro traseiro do seu carro: "Cuido da minha saúde porque de mim os faladores cuidam!".

    Uma boa semana!

    Garin

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