terça-feira, 1 de novembro de 2011

A NOTA
ANO 01 – Nº 235

Semana passada, tive uma sensação diferente. Primeiro, foram as lembranças do tempo de colégio. Sempre que fazia uma prova ficava naquela torcida para que tirasse uma boa nota. Acho que todo o mundo é assim. A outra expectativa era pelo retorno das provas. Confesso que me esmerava ao máximo para ter um bom desempenho. Isso tudo começava com horas de estudos, resumos, esquemas. Sempre buscava memorizar algumas coisas que pudessem me lembrar de outras. Não podemos esquecer que nesse tempo, as provas tinham muito de conteúdo decorados. Quem tivesse boa memória acabava se dando bem nas provas. A possibilidade de uma nota abaixo da média se constituía em preocupações e noites mal dormidas. Certa vez atravessei a noite estudando, sem dormir um minuto, por causa de uma prova de grego.

Pois fui construindo minha vida e, já há algum tempo, estou no outro lado da mesa. Hoje tenho a missão de avaliar, atribuir notas, dar pareceres sobre trabalhos e por aí afora. No passado imaginava meus professores como juízes cruéis que não deixavam passar uma vírgula. Hoje, do lado de cá, também enfrento momentos cruéis por saber que vidas de jovens e adultos estão sob a mira da minha avaliação.

O lado de cá da mesa passa a ser um lugar incômodo, um não-lugar, porque sobre mim está a difícil tarefa de julgar a produção de alguém que alimenta esperanças, busca o seu lugar no mundo, quer se construir para melhor contribuir com a humanidade. Sei que esse é um tema recorrente e que não se esgotará tão cedo, mas a avaliação é um desafio interminável. Sabe-se de injustiças draconianas, tanto de um lado como de outro. Como ser humano, que pensa mais no humano do que no ser, tento me esforçar para não incorrer na injustiça de matar o sonho de quem está crescendo.

É nesse momento que aparece o drama. O que devo considerar? O que devo valorizar? Aquela expressão do aluno foi um descuido ou uma novidade? É algo criativo que pode instigar nossas mentes? Trata-se de ‘preguiça’ ou de construção de novos conhecimentos?

Com tudo isso em mente, acabo pedindo desculpas intimamente, por tudo o que pensei de mau dos meus antigos professores. Eles também passaram por dramas semelhantes e em suas avaliações, creio eu, sempre fizeram o melhor que conseguiam.

DESTAQUE DO DIA
Dia de Todos-os-Santos[1]

A festa do dia de Todos-os-Santos[2] é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. A data dessa celebração, a Festum omnium sanctorum, é primeiro de novembro seguido do dia de finados, 2 de novembro. A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecostes, fechando a época litúrgica da Páscoa. No mundo protestante o dia é celebrado principalmente para lembrar que todas as pessoas batizadas são santas e também aquelas pessoas que faleceram no ano que passou. Em Portugal, neste dia, as crianças costumam andar de porta em porta a pedir bolinhos, frutos secos e romãs.


[1] DIA DE TODOS-OS-SANTOS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_de_Todos-os-Santos. Acesso em 31 out 2011.
[2] Ilustração disponível em http://mccsetorcabofrio.blogspot.com/2010/11/01-de-novembro-solenidade-de-todos-os.html. Acesso em 31 out 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    realmente de nossas ações enquanto educadores nenhuma é tão complexa quanto aquela que fazemos avaliações.
    Pode esta ação se resumir ao simples ‘dar falta/presença’ até opinarmos em uma tese de doutorado e a imensa gama de ações avaliativas que estão neste espectro.
    Sempre me sinto ‘brincando de Deus’ quando avalio. É muito difícil ser justo e decidir sobre a vida de pessoas.
    Tenho imensas dificuldades com esta parcela de nossos fazeres profissional.
    Um bom novembro que em outros tempos começa com ‘os feriados de finados’.
    Com estima
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    sei de colegas que 'adoram' fazer avaliações e 'revidar' atitudes de alunos na hora da prova. Não entendo como podem ter se 'formado' professores.

    Bom novembro!

    Um abraço,

    Garin

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