quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PROIBIDO RETORNAR
ANO 01 – Nº 237
A avenida era larga e o tráfego fluía com facilidade. De repente, uma pessoa tentou atravessar à minha frente, fora da faixa de segurança. Tive que frear bruscamente e com força para evitar um acidente trágico. Com isso, me distraí com relação ao meu trajeto e passei do ponto para entrar à esquerda. Prossegui atento para encontrar um local onde pudesse voltar, mas só encontrava a placa de ‘proibido retornar’.

Não é de hoje que os sinais de trânsito me fazem refletir e se transformam em metáforas do viver. Não é só na avenida que é proibido retornar, também é impossível retornar no sagrado ato do existir. Talvez fosse muito mais poético ir e voltar, avançar e retroceder fazendo do passado, presente e futuro, apenas estações simbólicas do ser-no-mundo. Mas não é. O existir é uma avenida de uma mão só e sem retorno. Se me distrair, como aconteceu na avenida, não apenas perco o ponto. Perco o trem da minha própria história. Ir é um imperativo inquestionável do existir. Se não vou, sou levado pelas circunstâncias que construí, que se estabeleceram por minhas omissões, ou que estão aí na minha trajetória. Nem sempre construo o meu destino. Há ocasiões que ele se constrói apesar de mim, mas isso é apenas um acidente de percurso.

Como é impossível retornar não posso dar ocasião distrações. Planos, projetos e decisões necessitam ser cuidadosamente escolhidas antes de chegar a qualquer cruzamento. Para isso, também é necessário considerar o que se atravessa repentinamente no trajeto. Por mais que esse pensamento possa inquietar, ou causar preocupações, não há como escapar do fluxo contínuo do meu ser-no-mundo.

É impossível retornar!


DESTAQUE DO DIA

Dia da Instituição do Direito de Voto da Mulher

O movimento pelo sufrágio feminino[1] é um movimento social, político e econômico de reforma, com o objetivo de estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.

A luta pelo voto feminino[2] foi sempre o primeiro passo a ser alcançado no horizonte das feministas da era pós-Revolução Industrial. As "suffragettes" (em português, sufragistas), primeiras ativistas do feminismo no século XIX, eram assim conhecidas justamente por terem iniciado um movimento no Reino Unido a favor da concessão, às mulheres, do direito ao voto. O seu início deu-se em 1897, com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino por Millicent Fawcett (1847-1929), uma educadora britânica. O movimento das sufragistas, que inicialmente era pacífico, questionava o fato de as mulheres do final daquele século serem consideradas capazes de assumir postos de importância na sociedade inglesa como, por exemplo, o corpo diretivo das escolas e o trabalho de educadoras em geral, mas serem vistas com desconfiança como possíveis eleitoras. As leis do Reino Unido eram, afinal, aplicáveis às mulheres, mas elas não eram consultadas ou convidadas a participar de seu processo de elaboração.

A luta mundial dos movimentos feministas inclui em seus registros o nome da cidade de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. Em 1928, esse estado nordestino era governado por Juvenal Lamartine, a quem coube o pioneirismo de autorizar o voto da mulher em eleições, o que não era permitido no Brasil, mesmo a proibição não constando da Constituição Federal.


[1] SUFRÁGIO FEMININO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufr%C3%A1gio_feminino. Acesso em 2 nov 2011.
[2] Ilustração disponível em http://expressochico.com.br/?a=noticias_ler&id=53&titulo=DIREITO%20DO%20VOTO%20FEMININO. Acesso em 2 nov 2011.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega Garin,
    mais uma vez o pastor do cotidiano faz da labiríntica malha urbano tema de suas prédicas da madrugada, mas hoje suas reflexões se espraiam para o tardio direito de voto às mulheres no Brasil e no Planeta. Quando no livro “A Ciência é masculina? É, sim senhora!” digo que não apenas a Ciência é masculina, destaco que também a política o é. Isto é, ainda, algo que impressiona!
    Uma boa quinta-feira que sabe à segunda-feira

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com
    www.professorchassot.pro.br

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  2. Caro Chassot,

    infelizmente vivemos num mundo comandado pelo masculino, pelo menos naquilo que aparentemente se manifesta. As mudanças são vagarosas e ao preço de muitas lutas e desentendimentos.

    Um abraço,

    Garin

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