terça-feira, 20 de setembro de 2011

EQUILÍBRIO PERIGOSO

ANO 01 – Nº 193

A tarde estava sem vento, o que é incomum nessa época do ano aqui pelo hemisfério sul, notadamente numa cidade litorânea, nos dias que antecedem e durante toda a primavera. Tomei minha bicicleta para um passeio silencioso, aeróbico e com um mínimo de agressão à natureza. Escolhi caminhos incomuns, saindo do asfalto para fugir do cotidiano. Andei por trilhas apertadas buscando um traçado que não fosse simples e ao mesmo tempo compatível com a minha aptidão física. Num determinado trecho, precisei fazer certa ‘ginástica’. A trilha se estreitou entre a barranca do rio de um lado e uma via movimentada do outro. Foi um momento de tensão porque em ambas as margens havia riscos sérios. A necessidade de manter o equilíbrio sobre a bicicleta tornou-se um imperativo, um desafio à lateralidade e à força física para não derrapar para a direita ou para a esquerda.

Uma experiência comum, mas que provoca reflexão. O passeio de bicicleta é ilustrativo do viver cotidiano de cada um. As situações do dia a dia se alternam entre a rotina e a aventura. Há quem prefira viver perigosamente sempre, expondo-se aos mais diferentes riscos para manter a adrenalina em alta. Em contrapartida, há os que nunca se arriscam com medo de perder seus postos e colocar em risco seus projetos pessoais. Nem uma e nem outra situações são ideais. Diria que ambas são irreais. De um lado, o viver não pode se transformar num constante risco e por outro, reduzir o existir à rotina, mataria o sabor do viver. O comum é que os momentos de rotina se alternem com os de experiências mais arriscadas.

É nesses momentos mais arriscados que nossas energias precisam se concentrar nos estritos limites do possível. Pequenas ‘derrapadas’ podem custar caro. Saber até onde devemos avançar, desconhecendo o futuro, torna-se uma tarefa rica em criatividade e nos brinda com uma porção de realizações, que de outra maneira não vivenciaríamos. Fugir das aventuras pode representar desgastes humanos irrecuperáveis e transformar o existir numa experiência sem graça, cujos resultados são totalmente previsíveis e insossos.

Viver é mesmo um permanente desafio ao equilíbrio perigoso. A cada instante nos encontramos entre o possível e o fatal. Cabe-nos decidir o estilo que queremos adotar para que o existir se torne uma coisa boa, nos realize na plenitude das possibilidades.




DESTAQUE DO DIA

Revolução Farroupilha (166 anos)

Guerra dos Farrapos[1] ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Estendeu-se de 1 de março de 1835 a 20 de setembro de 1845. 

A revolução, de caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras, irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época. Inspirou-se na recém findada guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. 

Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: general Bento Gonçalves, general Neto, coronel Onofre Pires, coronel Lucas de Oliveira, deputado Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, general Davi Canabarro, coronel Corte Real, coronel Teixeira Nunes, coronel Domingos de Almeida, major Vicente Ferrer de Almeida, coronel Domingos Crescêncio de Carvalho, general José Mariano de Mattos, general Gomes Jardim. Além de receber inspiração ideológica de italianos da Carbonária refugiados, como o cientista e tenente Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além do capitão Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.


Hino do Rio Grande do Sul: http://www.youtube.com/watch?v=vyOicZulVNU&feature=related 





[1] GUERRA DOS FARRAPOS. (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Farrapos. Acesso em 19 set 2011.

2 comentários:

  1. Meu querido Garin,
    enquanto flanas de bicicleta, na tua Torres, me sinto um pouco exilado no ’20 de setembro, aqui na Amazônia. Talvez valha lembrar o que cantavam/cantam os farrapos:
    Mas não basta pra ser livre / Ser forte, aguerrido e bravo / Povo que não tem virtude / Acaba por ser escravo.

    Com amizade

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    a lembrança dos símbolos se prestam exatamente para isso: para nos repatriar na querência.

    Bons momentos aí pelas terras do Norte!

    Um abraço,

    Garin

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