sábado, 10 de setembro de 2011

REENCONTROS
ANO 01 – Nº 183
Não sei se já reparaste, mas uma semana de vida é constituída de múltiplas faces. A segunda-feira é diferente da terça. A sexta-feira tem um sabor distinto da quarta. O sábado, por exemplo, normalmente tem sabores especiais e o domingo, nem se fala. Não são apenas os sete distintos dias que a compõem, mas uma multidão de pequenas realizações, de algumas frustrações, de cenas, cenários, surpresas, decepções, encontros, desencontros e por aí afora. O existir é formado por uma complexidade que desafia a mente todos os dias.
Esta semana fui ao Cemitério São Miguel e Almas acompanhar o sepultamento do meu primeiro professor na graduação de Teologia, sobre o qual falei aqui na postagem de quinta-feira. Ao chegar à Capela, encontrei diversos amigos que não os via há muito tempo. Enquanto a cerimônia não iniciava, conversei com um e com outro sobre nossas trajetórias desde a última vez que nos vimos. Foi uma sessão de atualizações sobre as nossas histórias na qual desfilaram memórias, alegrias, dores, tristezas, saudosismos etc.
Encontrei uma amiga que me contou sobre a trajetória atual dos seus três filhos e netos. Falou da sua realização ao ver a família encaminhada e do carinho que recebe dos seus queridos. Outro me contou que enfrenta muitas dificuldades de saúde, mas demonstrava muita alegria em estar vivendo e podendo encontrar aquelas pessoas que ali estavam. Reencontrei alguns ex-colegas de Teologia que recordavam a convivência com o professor falecido. Percebi que na fala de todos havia júbilo pela convivência nas aulas, nas quais sorvíamos conhecimento e sabedoria. Como se fosse um fio de tecido, entrelaçávamos nossas histórias compondo uma rede experiências, alegres ou tristes, mas sempre experiências de existires complexos, plenos de significados.
Descobrimos que um sepultamento, momento de ofertar carinho e solidariedade à família enlutada, é também oportunidade de reencontros, de atualizações de vidas, que um dia foram ligadas com certa proximidade, mas que depois, pelas circunstâncias do próprio viver, se distanciaram. Percebemos que apesar de tudo, nossas vidas continuam tendo significado para uns e para outros, reafirmado no reencontro do cemitério.

  
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Ferreira Gullar (81 anos)

Ferreira Gullar[1], pseudônimo de José Ribamar Ferreira nasceu em São Luís, MA, a 10 de setembro de 1930. Poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. Ganhou o concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras com seu poema "O Galo" em 1950. Os prêmios Molière, o Saci e outros prêmios do teatro em 1966 com "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", que é considerada uma obra prima do teatro moderno brasileiro. Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro Resmungos ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal "Folha de São Paulo" no ano de 2005. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Foi agraciado com o Prêmio Camões 2010. Em 15 de outubro de 2010, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa, na Faculdade de Letras da UFRJ.


[1] FERREIRA GULLAR (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar. Acesso em 9 set 2011.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega Garin,
    permito-me lateralizar o relevante tema da edição de hoje de teu blogue.
    Tenho sede em voltar à discussão (muito tênue) de ontem no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista, do IPA após a excelente palestra do Prof. Dr. Guido Lenz.
    A ingenuidade de algumas leituras da Ciência comove-me: “Os produtores de vírus (para computadores, por exemplo) não são cientistas!”.
    Os critérios da ortodoxia (bem postas as colocações de paróquia e de igrejas na discussões: os cátaros não são cristãos, afinal eles não pensam como nós!) para dizer o que é Ciência não estão presentes: não publicam, não tem financiamento, não são julgados pelos pares... ledo engano.
    Este é um assunto que precisávamos retomar. Não se pode permitir um retorno a visão idílica da Ciência.
    Um convite: em uma das disciplinas de Ética na graduação ou nos Programas de Pós-Graduação vamos voltar a discutir isto.
    Quero trazer este tema aos nossos blogues.
    Com votos de que a cerração que agora tolda a mirada da cidade se dissipe te desejo um bom sábado

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    meu sábado foi denso: pela manhã aulas de Bioética nos mestrados Reabilitação e Inclusão e Biociência e Reabilitação do Centro Universitário Metodista, IPA. Coube-me presidir a aula. Retomamos diversas vezes a palestra de ontem numa turma bastante crítica à visão romântica da ciência como senhora do saber. A tarde, participei da exibição do Filme "O feitiço do Tempo" e fiz uma palestra para os participantes do PhiloCine da Filosofia sobre "Percepções sobre o Tempo e Espiritualidade": foi um encontro fértil de reflexões.
    Concordo contigo, precisamos retomar o tema da ciência e os nossos blogs podem ser um caminho importante para isso, mas também na academia.

    Um abraço,

    Garin

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