segunda-feira, 5 de setembro de 2011



GERAÇÕES E TRIBOS
ANO 01 – Nº 178

Ontem acordei com um sonho esquisito. Não se tratava de um pesadelo, daqueles que a gente se assusta ou se sente culpado. Os sonhos são projeções de nosso inconsciente, já disse o nosso velho amigo Freud. Não me preocupei em analisar os materiais desse sonho. Para mim, ele já cumprira o seu papel pelo fato de tê-lo sonhado e ter me lembrado dele, mas era estranho por causa de suas cenas, um tanto incomum.

Havia recebido a notícia que a sepultura de uma pessoa conhecida ameaçava desabar. Era uma dessas a moda capelinha, porém, tinha uma estrutura ecológica. Materiais degradáveis e plantas constituíam boa parte da construção. Quando questionado sobre a fragilidade, um amigo da pessoa sepultada disse que era assim mesmo porque aquilo tudo deveria se degradar no decorrer do tempo. Tinha essa configuração porque essa era a concepção do seu grupo e um desejo da pessoa ali sepultada.

Esse sonho me conduziu a diversas reflexões. A principal delas é que existimos dentro de uma geração determinada. É a geração que nos entende e também aquela constitui nossa identidade. É dentro de nossa geração que percebemos as tendências, desempenhamos nossos papeis, construímos e constituímos nosso existir. A necessária convivência com as outras gerações, as que nos antecede e as que nos segue, é realizada com tolerância, não aquela que ‘aguenta’, mas a que consegue absorver a sabedoria e aceitar as diferenças. Aquela que percebe o movimento dinâmico das épocas e compreende o valor de cada geração. Nenhuma é mais importante e todas cumprem o seu papel na construção dessa epopéia fabulosa que chamamos vida.

Da mesma forma como se dá a convivência entre as diferentes gerações, acontece a interligação entre as diferentes ‘tribos’. Os filósofos convivem com químicos, com biólogos, com teólogos etc. e da interrelação desses grupos resulta a construção fantástica do conhecimento. Quando uma tribo se isola pretensamente como a senhora da sabedoria, acaba por se tornar obsoleta porque seus conhecimentos se isolam e se desatualizam pela descontextualidade[1].

Da interconexão entre as gerações de um existir à interpenetração das tribos com seus conhecimentos e sua sabedoria, resulta a construção da civilização humana e seu olhar sobre a realidade e as potencialidades da casa que habitamos, por uns, chamada de gaia, por outros de terra, por outros de planeta, pelos gregos, chamada de oikomene etc.

Meu sonho foi apaziguado com a convicção de que a compreensão do diferente importa muito na continuidade do meu existir no existir do outro que comigo está e que de mim continua.

DESTAQUES DO DIA

Morte de Augusto Comte (154 anos)

Isidore Auguste Marie François Xavier Comte[2] nasceu em Montpellier a 19 de janeiro de 1798 e faleceu em Paris a 5 de setembro de 1857. Filósofo francês, fundador da Sociologia e do Positivismo. Sua Filosofia positiva nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza) e pesquisa suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre fenômenos observáveis. O alicerce fundamental da obra comtiana é, indiscutivelmente, a "Lei dos Três Estados", tendo como precursores nessa idéia seminal os pensadores Condorcet e, antes dele, Turgot. Segundo o marquês de Condorcet, a humanidade avança de uma época bárbara e mística para outra civilizada e esclarecida, em melhoramentos contínuos e, em princípio, infindáveis - sendo essa marcha o que explicaria a marcha da história.

Morte de Madre Teresa (14 anos)

Agnes Gonxha Bojaxhiu[3] nasceu em Skopje, Macedônia, a 26 de agosto de 1910 e faleceu em Calcutá, Índia, a 5 de setembro de 1997, conhecida mundialmente como Madre Teresa de Calcutá. Missionária católica albanesa, nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana, beatificada pela Igreja Católica em 2003. Considerada, por alguns, a missionária do século XX, fundou a congregação "Missionárias da Caridade", tornando-se conhecida ainda em vida pelo cognome de "Santa das sarjetas". Ao primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se ao "Lar dos Moribundos", em Kalighat.Uma coisa que ajudou muito,e é por aí que começa a se surpreender servindo ao mundo inteiro.Pois,havia orgulho de todos por aí.


[1] Termo não dicionarizado que significa perda do contexto.
[2] AUGUSTE COMTE (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte. Acesso em 4 set 2011.
[3] MADRE TERESA DE CALCUTÁ (Ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Madre_Teresa_de_Calcut%C3%A1. Acesso em 4 set 2011.

2 comentários:

  1. Muito caro colega Garin,
    esta tua trazida dos sonhos é algo que sempre me intriga. Realmente se Freud, há um pouco mais de 100 anos, com a publicação do seu livro sobre a interpretação dos sonhos, mostrou o papel do inconsciente (isto é, a liberação do consciente) para darmos asas à nossa volição, temos já na tradição judaica, interpretações dos sonhos. José, por exemplo, ascende na casa do Faraó por explicar sonhos. Hoje, profissionais psi, valem-se dos sonhos para interpretação. Pareceu-me usual tu te contentares com o fato de teres sonhado e te lembrares do sonhado. Imagina-te se agora fosses buscar explicações para um sonho tão exótico. Certamente te tomaria horas caras de análises.
    Votos de uma semana de concretização de bons sonhos, mesmo que os melhores destes são aqueles que fazemos acordados,

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    esse é um campo tão fértil que poderíamos continuar a escrita do amigo Freud. Os sonhos sempre se prestaram para destacar esse ou aquele na história da humanidade. A narrativa bíblica não foi diferente. Os sonhos que sonhamos acordados também fazem parte dos sonhos que sonhamos dormindo e realizá-los é tarefa do consciente: vamos à luta!

    Boa semana!

    Garin

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