segunda-feira, 26 de setembro de 2011

DESTOANDO CERTO
ANO 01 – Nº 199
Domingo fui à Igreja participar o culto. O tecladista que acompanhava os cânticos tinha um ajudante incomum. Tratava-se de uma criança pequena que não entendia de teclado, tampouco de música litúrgica, mas queria participar. Sentou-se ao lado do instrumento e quando os cânticos eram entoados, ele ‘acompanhava’ apertando uma tecla fora do compasso. O tecladista, experiente e sábio, permitiu que a criança continuasse ‘atrapalhando’ o seu trabalho, mas envolvido com os serviços litúrgicos. De fato, não chegava a atrapalhar o acompanhamento dos cânticos, apenas confundia o andamento musical. A música destoava, mas a atitude do tecladista estava correta.
Por vezes, nossa exigência de perfeição, acaba excluindo quem deseja estar junto, mas não possui a mesma habilidade dos experts. Nossa cobrança por um desempenho rígido, dentro das normas e notas, tem como consequência a desmotivação de quem está chegando, mas quer dar a sua contribuição. O tecladista paciente percebeu a intenção da criança e o quanto a realizava fazendo aquela ação ‘errada’ e preferiu a imperfeição musical à perfeição da atitude. As ações inclusivas necessitam contar com uma boa dose de paciência e com a sabedoria da tolerância. Aquela criança nem percebeu que estava ‘atrapalhando’ o andamento da música, mas se sentia ‘participando’.
Entre o rigor inflexível das determinações e a tolerância da compreensão, fiquemos com a humanidade de quem aceita as imperfeições, mas acolhe a pessoa em sua necessidade de andar junto.


DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Heidegger (122 anos)

Martin Heidegger[1] nasceu em Meßkirch a 26 de Setembro de 1889 e faleceu em Friburgo a 26 de Maio de 1976. Filósofo alemão, foi seguramente um dos pensadores fundamentais do século XX quer pela recolocação do problema do ser e pela refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural. Influenciou muitos outros filósofos, dentre os quais Leo Strauss e Xavier Zubiri. Heidegger[2] considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que na maior parte das vezes se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí, mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.


[1] MARTIN HEIDEGGER. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Heidegger. Acesso em 25 set 2011.
[2] Ilustração disponível em http://orthopraxia.wordpress.com/2009/12/06/heidegger-and-the-yearnings-for-a-hermeneutics-of-%C2%ABbbeing%C2%BB-between-phenomenology-and-existentialism/. Acesso em 25 set 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    igreja ou não, lamento ter opinião mais crítica: um tecladista ‘dito experiente’ não poderia confundir o público do privado. Em sua casa ele poderia deixar o astuto aprendiz atrapalhar sua música, mas jamais em lugar público. O menino merecia ser posto em seu lugar.
    Uma boa primeira segunda-feira de primavera 2011,
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    entendo que o tecladista em questão atua mais na dimensão da colaboração. Às vezes também tem os seus pequenos lapsos.

    Um abraço, e boa semana!

    Garin

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