quarta-feira, 4 de maio de 2011

911

Acompanhei minha esposa a um exame de rotina, preparatório ao seu check-up. Enquanto aguardava, fiquei observando a maneira como as pessoas reagiam na fila de espera. Um cidadão, representando ter por volta de uns trinta e poucos anos, chegou muito apressado, foi logo ao balcão de atendimento sem se dar conta de que era necessário retirar uma senha para ser atendido. Depois de orientado, postou-se em pé, caminhando de um lado para outro. Quando conseguia parar, trocava de posição seguidamente. Uma senhora, aparentando seus cinqüenta anos, chegou aflita quase cobrando das atendentes que seu caso exigia um pronto atendimento visto que ela tinha hora marcada.
Pude constatar que, poucas pessoas demonstravam paciência para esperar a sua vez, obedecendo a ordem de chegada, proposta pelo laboratório e, nem por isso eram preteridas no atendimento. Também foi possível perceber como essas traziam um semblante mais tranqüilo e sereno, independente da idade que aparentavam possuir.
As incertezas vividas pela sociedade contemporânea de consumo têm cooperado para que as pessoas fiquem mais agitadas. Parecem estar sempre participando de uma competição na qual tudo gira em torno da pressa, da “competência”, da falsa filosofia de quem sempre “precisa tirar vantagem em tudo!”, em torno da sua pessoa individual. Noto que, na maioria das vezes, as pessoas não percebem que sua melhor proposta é viver. Com facilidade, esquecem a perspectiva mais essencial de todos nós, a perspectiva do humano no ser humano, que todos somos.
Enquanto não resgatamos o humano que vive em nós, não conseguimos desvendar o mistério do mundo ao nosso redor. A correria, a impaciência, a competição (acrescento, a falta de educação), conduzem ao erro, à frustração, ao ódio, à falta de realização pessoal e, por conseqüência, à insatisfação da sociedade.
Seria prudente, antes de cobrar das outras pessoas, agilidade e competência, demonstrar respeito e consideração para com as atendentes e com as demais pessoas que também aguardam a sua oportunidade.
Já ia esquecendo: antes que vocês me perguntem, o 911 era o número da senha da minha esposa.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    não sei se a voz do pastor não poderia se ‘diário do cotidiano’. Hoje o 911 intrigou, Pensei que ias fale do 11 de setembro e a data que os estadunidense ano já começam a badalar em festejos.
    Mas a mais significativa espera tem nove: os nove meses de gestação dos humanos.
    Que lições de sabedoria da natureza para a espera ou a habituação a chegada do nascituro.
    Uma boa noite de um recém chegado do Centro Universitário Metodista do IPA de aulas de Conhecimento, Linguagem e Ação Comunicativa.
    Com agradecimento pelas lições de esperas

    attico chassot

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  2. Caro Attico,

    pois é, os nove meses de gestação já foram um exercício mais intenso de paciência no passado, quando nem o sexo do futuro bebê se sabia. As torcidas e apostas reunião parentes, vizinhas, comadres e uma porção de torcedores para dar pitacos. Hoje a paciência é apaziguada pelas regulares sessões de ecografia e as fotos e vídeos que se fazem da gestão. Mas continua a ser um bom exercício de paciência.

    Boa quarta-feira, colega!

    Garin

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