quinta-feira, 5 de maio de 2011

A GUERRA

Acordei ontem com uma notícia nova a respeito da morte de Bin Laden. Dizia o radialista que autoridades estadunidenses admitiam o emprego de tortura para descobrirem o paradeiro do inimigo. Essa informação, uma vez confirmada, demarca um estado de guerra[1] explícito. Certamente outras informações virão à tona nesta semana, detalhando ainda mais essa operação considerada pelos seus autores como vitoriosa.
Temos acompanhado, através dos noticiários, as diversas investidas que os exércitos têm realizado em diferentes países para encontrar pessoas inimigas dos estadunidenses. Da mesma forma como acompanhamos atos violentos contra as pessoas, em diferentes nações, atribuídas a grupos radicais que se servem da violência para atacar seus alvos, sacrificando também pessoas inocentes.
O ser humano carrega consigo uma história de conflitos cuja origem se perde nos meandros da história. Sempre houve vitoriosos e derrotados, mas dificilmente se tem avaliado os custos, tanto das vitórias quanto das derrotas. Contam-se o número de baixas dos inimigos e se avaliam os avanços que uma vitória proporciona. Raramente se pensa no custo humano de um conflito. Não me refiro ao número de pessoas que morrem, nem aos postos que elas ocupavam na hierarquia de suas organizações militares. Penso no humano de cada ser humano que tomba num campo de batalha, constituído de saberes, de aspirações, de relações familiares e sociais, de sonhos, de realizações... de um universo complexo de possibilidades que simplesmente se apaga com a sua morte.
Por outro lado, há questões que não são respondidas nunca, como por exemplo, haveria outra possibilidade de resolver o conflito? Seria possível ceder em algo para alcançar um estágio superior de paz? O objetivo maior de um conflito é mesmo vencer, ou há interesses outros que são pagos com a derrota do inimigo? Caso fosse possível realizar um plebiscito mundial, envolvendo a pessoa dos que lutam nas guerras, suas famílias, seus amigos, seu círculo social, seus financiadores... haveria aprovação para a realização de uma guerra?
A guerra proporciona mais guerra porque as guerras se alimentam do ódio e o ódio se alimenta da intolerância diante das diferenças!
Que esta quinta-feira nos ajude a refletir sobre essas e outras coisas que compõem no nosso cotidiano.
Um grande abraço.


[1]Luta armada entre nações, ou entre partidos de uma mesma nacionalidade ou de etnias diferentes, com o fim de impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou ideológicos. [Houaiss].


3 comentários:

  1. Meu estimado colega Garin,
    leio tua blogada sobre a ‘maldade’ da guerra. Sou levado a trazer uma pergunta (im)pertinente:
    Por que vibramos (não disse nos consolamos!) pela eliminação de quatro clubes brasileiros na mesma noite – especialmente porque o outro do Rio Grande do Sul está entre eles – mesmo que um dos eliminados seja aquele de nossos afetos?
    Se criticamos os estadunidenses por terem festejado o assassinado de um inimigo indefeso e sem julgamento, não estamos repetindo a vibração com a derrota? Em Porto Alegre, como certamente no resto do Estado, houve foguetório e buzinaço nas duas eliminações.
    Agradeço conforto a minha ‘maldade’ presente em nosso cotidiano.

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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  2. Meu estimado colega Garin,
    leio tua blogada sobre a ‘maldade’ da guerra. Sou levado a trazer uma pergunta (im)pertinente:
    Por que vibramos (não disse nos consolamos!) pela eliminação de quatro clubes brasileiros na mesma noite – especialmente porque o outro do Rio Grande do Sul está entre eles – mesmo que um dos eliminados seja aquele de nossos afetos?
    Se criticamos os estadunidenses por terem festejado o assassinado de um inimigo indefeso e sem julgamento, não estamos repetindo a vibração com a derrota? Em Porto Alegre, como certamente no resto do Estado, houve foguetório e buzinaço nas duas eliminações. Agradeço conforto a minha ‘maldade’ tão presente em nosso cotidiano.

    attico chassot

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  3. Caro Chassot,

    pois é, nesse nível admito que a "maldade" é salutar - afinal de contas se a gente não vibrar com a "derrota" do adversário, não tem graça nenhuma ganhar.

    Sinceramente acho que não há uma ligação entre o episódio da guerra dos estadunidenses contra o terror e o futebol aqui pelos pampas. Eles não poderão "matar" novamente o Bin Laden, mas por aqui, poderemos zoar novamente nossos adversários, aliás... no próximo domingo outra vez (não importa de que lado).

    Será que inconscientemente é a mesma coisa?

    Um abraço,

    Garin

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