sábado, 21 de maio de 2011

A MULTIDÃO

Saindo da Rua Ramiro Barcelos e entrando à direita na Av. Oswaldo Aranha[1] dei de frente com uma multidão. Já vinha sendo seguido por um enorme grupo de pessoas. Eu, que sou um tanto demofóbico, já começava a ficar inseguro.  As multidões são, para mim, pessoas que se movem sem destino e totalmente à mercê de ameaças. A mente sistemática sempre me cobra certa organização de tudo. Até as pessoas, precisam estar organizadas, até mesmo na rua! Mas como organizar uma multidão, cujas pessoas que a constituem têm interesses diversos e díspares? Como cobrar que as pessoas andem organizadas, umas pela direita, outras pela esquerda? Chego à conclusão que, se quero e necessito conviver em sociedade, especialmente numa metrópole agitada, tenho que fazer um esforço, não há outro jeito. Já me disseram que preciso fazer um esforço para me acostumar.

Estou tentando faz tempo. A cada nova convivência com a multidão surgem questionamentos inquietantes. Um, por exemplo, é sobre a multidão de preocupações que cada pessoa alimenta naquele instante. Será que entre essas pessoas há quem esteja sofrendo um grande drama na sua saúde? Será que está pensando que a sua situação não tem remédio? Será que tem alguém cuja situação de vida afetiva a está levando à beira do suicídio? Será que tem alguém aqui, bem pertinho de mim, que cruza comigo nessa esquina da Ramiro com a Oswaldo[2], não sabe como chegar em casa e enfrentar um drama familiar?

Por outro lado, fico imaginando que, caminhando junto comigo há muita gente que carrega milhares de sonhos, de expectativas que vão se realizar logo ali! Há gente que anda do meu lado e leva consigo o desejo de oferecer o acolhimento para uma pessoa cansada! Deve haver alguém nessa multidão que carrega um presente, não daquelas das propagandas, mas daqueles presentes que se oferecem através de um sincero abraço, um sorriso, um beijo, um calor humano! Deve haver gente, que anda com a gente, apressadamente, que carrega junto a ação nobre da ajuda, do socorro, da acolhida...

Tem horas que fico pensando: será que estou louco por pensar/imaginar todas essas coisas (absurdas?) que povoam a minha mente. Puxa vida, será que sou um lunático, totalmente fora da realidade?

Será que eu já enlouqueci e esqueceram de me avisar? Xi... agora fiquei preocupado! [foto][3]



[1] Vias do Bairro Bom Fim de Porto Alegre, RS, Brasil.
[2] Aqui em Porto Alegre temos o hábito de mencionar o nome das ruas apenas por um termo que, pode ser o primeiro, o do meio ou o último.
[3] Foto: disponível em http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://n.i.uol.com.br/ultnot/album/091221_f_033.jpg&imgrefurl=http://noticias.uol.com.br/album/091221_album.jhtm&usg=__GdLyoXlar-adD35i-WIssg-wV0s=&h=500&w=956&sz=157&hl=pt-BR&start=17&sig2=niA3G5PLYRF6RosScG9Bsw&zoom=1&itbs=1&tbnid=7PegWrqJp_RQ0M:&tbnh=77&tbnw=148&prev=/search%3Fq%3Dmultid%25C3%25A3o%2Bna%2Brua%26hl%3Dpt-BR%26newwindow%3D1%26sa%3DG%26gbv%3D2%26biw%3D1024%26bih%3D465%26tbm%3Disch&ei=ps_WTc7-MsLv0gH9zbTcBw. Acesso em: 20 maio 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    mesmo em uma situação muito emergencial quanto a computador, não me privei de colocar nas minhas leituras de teu blogue, aqui na Ilha da Magia. Serei, uma vez mais repetitivo: “És um escrevinhador do cotidiano”. Obrigado por parilhares a tua natural (e justificada) demofobia.
    Attico Chassot
    PS.: Ontem em um encontro de aeroporto com nossos colegas Anelise e Skilero (!) foi gostoso falar para eles de teu blogue.
    Floripa, num lindo sábado de maio

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  2. Caro Chassot,

    Muito obrigado pelo teu carinho e cuidado nas leituras do meu blogue. Já te disse e repito: teus comentários honram as minhas escritas nesta mídia.

    Meus agradecimentos por comentares o meu blogue com nossos colegas e amigos.

    Um grande abraço,

    Garin

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