terça-feira, 24 de maio de 2011

O HUMANO [2] do ser humano

Ontem trouxe o assunto do respeito ao ser humano nos estacionamentos dos shoppings. Hoje quero te convidar para continuar refletindo sobre esse assunto que, nos tempos contemporâneos, tem ficado em segundo plano. Por vezes, esquecemos que dentro de cada pessoa existe um ser humano. Com facilidade somos tratados como números, portadores de cartões de créditos, clientes, torcedores, fiéis, associados, admiradores, etc., mas por trás de todos esses tratamentos se esconde uma forma obscura de tratamento consumista. Não está em questão o humano, do ser humano que somos.

Com a mesma facilidade com que somos tratados assim, como coisas, também nos acostumamos com essa cruel forma de sermos enxergados. Parece que a aceitação dessa (des)humanidade nos é cômoda. Consumidor aqui, cliente preferencial ali, fiéis acolá... e assim vamos tocando a vida.
Mas a que tipo de vida estamos nos referenciando. Essa que nos mede pelo potencial do nosso cartão de crédito ou a que percebe o nível de realização humana que experimentamos? A que nos procura, pelo telefone, com o elogio de que “fomos selecionados entre muitos como dignos de receber uma oferta especial” ou a vida que nos permite amar nossa família, no dia-a-dia de cada dia? Aquela que assistimos na TV, nos elogiando porque somos bastante “inteligentes”, capazes de entender a dimensão de uma oferta fantástica ou a que nos permite conversar com o nosso interior enquanto degustamos a companhia de pessoas que dividem seu viver conosco? Da vida que nos transporta para um paraíso silencioso do interior de um carro de luxo, longe dos horrores do tráfego emperrado ou a que nos permite trilhar os caminhos que decidimos construir em nossas vidas? Da que nos diz que se formos fiéis teremos a recompensa merecida no futuro ou a que nos permite sorver a grandiosidade de nossa própria singularidade humana aqui e neste instante?
As promessas de felicidade e de realização estão espalhadas por todos os meios massivos de informação, nos tomam pela direita, pela esquerda, por cima e por baixo, sempre a um preço de oferta de ocasião e nos entregam o produto embrulhado nas frustrações da falta de sentido. Paraísos de "qualidade de vida", de "paz interior verdadeira", são produtos de tele-entrega rápida, quentinha, repleta de generosidades, mas com o gosto amargo do débito em conta.
Necessitamos parar e dizer que o que nos interessa está muito além dessa forma inumana de nos perceberem. Necessitamos dizer que as abundantes e coloridas ofertas da sociedade de consumo são capazes de proporcionar o paraíso e a felicidade apenas para aqueles que dela se alimentam. Necessitamos viver a profundidade do humano que há dentro de cada ser humano e essa tarefa precisa ser da cada um(a).

2 comentários:

  1. Meu caro colega Garin,
    sou sempre um cético quanto às ofertas. Pergunto-me como podem produtos sofre reduções, às vezes, de até 905 de um dia por outro. Somente pode ser porque antes se ganhou muito dinheiro em cima de determinados produtos. Se o comércio só enriquece, elas não perdem nas assim chamadas liquidações.
    Obrigado pela trazida de interrogantes madrugadores

    attico chassot
    Este comentário foi escrito às 06h12min mas foi recusada sua postagem por problemas operacionais do Blogger

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  2. Caro Chassot,

    acho que ando meio "amargo" com esse pessoal que lucra, lucra e sempre chorominga dizendo que a coisa não vai bem. Os lucros apresentados pela maioria do comércio é algo indecente, diante dos parcos salários pago para trabalhadores desse setor.
    Por outro lado, a exploração que é feita sobre os consumidores, na maioria indefesos, é outra agressão.

    Obrigado pelos teus madrugadores comentários.

    Garin

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