sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Não sei - ano 01 - 343

NÃO SEI
ANO 01 – Nº 343

Ano passado estava sentado numa roda de amigos fazendo um lanche, antes de continuar as tarefas. A conversa que rolava era interessante e fomos ficando por ali mais um pouco. De repente um colega perguntou se o pessoal queria continuar ali mesmo ou desejava voltar à reunião para a continuação dos trabalhos. Imediatamente, uns dois responderam juntos: “não sei?”. O interessante é que esse ‘não sei’, pela entonação da frase, deveria ser acrescido de um ponto de interrogação. Não denotava apenas a falta do saber, mas muito mais a indecisão.

Enquanto a turma discutia o que seria melhor, a minha reflexão viajou sozinha em busca de outros ‘não sei?’ que já havia escutado por aí. Diante do universo cada vez maior de possibilidades, as pessoas se acham inseguras em suas decisões. Seria interessante fazer um levantamento de quantos ‘não sei?’ a gente escuta no decorrer do dia. Parece que essa expressão virou uma forma de escape. Como a gente não quer assumir compromissos rotineiros sem antes dar uma paradinha para pensar em como aquilo pode impactar as próximas ações, logo falamos ‘não sei?’ enquanto pensamos numa posição mais confortável para decidir.

Parece que, mesmo nas coisas mais simples, prevalece a indecisão. Habitamos o século da dúvida. Talvez a multiplicidade de informações e o progresso do conhecimento tenham transformado a humanidade numa massa de indecisos. Como sempre haverá opções diversas diante de qualquer iniciativa, as pessoas ficam indecisas sobre qual opção é a mais apropriada.

Esse tipo de postura diante da multiplicidade tem aspectos valiosos e riscos significativos. Os aspectos valiosos dizem respeito á humildade que as pessoas demonstram diante do conhecimento múltiplo. Antes de assumir uma posição é importante fazer uma reflexão sobre as implicações futuras, para si e para a sociedade. Assim, as decisões têm a possibilidade de serem mais maduras. Os riscos estão relacionados à possibilidade de lideranças inconsequentes. Diante de tamanha dúvida, alguém que se posicione primeiro pode vir a conduzir os demais na direção dos seus interesses ou de interesses obscuros previamente traçados.

Como experimentamos certa crise de liderança, o risco é repetir agora, experiências funestas do passado, que levaram a humanidade a pagar um preço alto por não ter assumido uma posição madura.

Talvez o mais adequado fosse refletir antes de soltar um ‘não sei?’ impensado. Assim, não permitiríamos o espaço necessário para que falsos líderes se colocassem diante da sociedade como ‘salvadores da pátria’.

Com votos de uma ótima sexta-feira!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Giordano Bruno (412 anos)

Giordano Bruno nascido em Nola, Reino de Nápoles a 1548 e morto em Roma, no Campo de Fiori a 17 de fevereiro de 1600. Foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício) por heresia. É também referido como Bruno de Nola ou Nolano. Filho do militar Giovanni Bruno e Fraulissa Savolino, seu nome de batismo era Filippo Bruno. Adotou o nome de Giordano quando ingressou na Ordem Dominicana, aos 15 anos de idade. Ao contrário do que se pensa comumente, Giordano Bruno não foi queimado na fogueira por defender o heliocentrismo de Copérnico. Um dos pontos chaves de sua cosmologia era a tese de que o universo era infinito e povoado por uma infinidade de estrelas, como o Sol, e por outros planetas, nos quais, assim como na Terra, existiria vida inteligente. Sua perspectiva se definia a partir das ideias de Nicolau da Cusa, Copérnico e Giovanni Battista della Porta.
Sua relatividade antecipou em séculos a relatividade de Einstein: num universo infinito, qualquer perspectiva de qualquer objeto é sempre relativa à posição do observador; há infinitos referenciais possíveis e não existe nenhum privilegiado em relação aos demais. Também pode ter introduzido algumas ideias do que seria depois a Teoria da Evolução de Darwin e antecipou a existência de planetas extrassolares.[1]


[1] GIORDANO BRUNO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Giordano_Bruno. Acesso em 17 fev 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    a evocação de 17 de fevereiro de 160) me comove. Tu recorda em minha tenho dois vitrais evocativos: um à Hipácia e o outro ao mártir que foi à fogueira devido a intolerância para com novas ideias.
    Com emoção

    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,

      lembro sim: esse foi o tema de outra das nossas aulas do Seminário sobre História e Filosofia da Ciência; espero que possamos repetir a parceria.
      Um abraço.

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