domingo, 26 de fevereiro de 2012

O tempo está cumprido - ano 01 - nº 352


O TEMPO ESTÁ CUMPRIDO

ANO 01 – Nº 352

Tenho acompanhado algumas pregações falando que o tempo está próximo. Normalmente, são mensagens catastrofistas sobre a degradação moral do ser humano, as catástrofes naturais como vulcões, tempestades, inundações etc. Quase sempre os pregadores partem de textos bíblicos retirados do Evangelho. Com isso, tentam amedrontar as pessoas sobre o seu comportamento e apontam a sua fé religiosa como a porta de salvação para escapar aos tormentos do fim dos tempos.

É bom pararmos um pouco e pensarmos sobre as consequências do que dizem esses pregadores. Em primeiro lugar, quando o Evangelho se refere ao cumprimento do tempo ou que o fim dos tempos está próximo, se refere a uma época histórica específica, como o fim de um reinado de algum imperador, a queda do Império Romano e assim por diante. Outro aspecto importante é notar que esses textos foram editados após o acontecimento dos fatos. Não podemos confundir revelação divina com adivinhação. O Evangelho é um conjunto de narrativas sobre fatos que já haviam acontecido e nunca um manual de previsões catastrofistas.

Quando o Evangelho fala sobre “o tempo está cumprido” está se referindo a chegada de uma nova era na compreensão do relacionamento do ser humano com Deus. A pregação, vida e morte de Cristo, inauguram essa nova era. Ao contrário do que se pensava antes, a divindade não estava mais circunscrita ao templo e manifesta apenas a alguns iluminados. Em Cristo, a compreensão dessa relação de Deus com as pessoas é direta: não está longe, mas em cada pessoa através do que a teologia cristã chama de Espírito Santo.

É preciso esquecer o medo do fim dos tempos até mesmo porque se houver uma catástrofe capaz de destruir a vida sobre a Terra, ninguém se salvará por ter essa ou aquela crença.

Com os votos de um bom primeiro domingo da quaresma!

O tempo está cumprido,
e o reino de Deus está próximo;
arrependei-vos e crede no evangelho. (Mc 1.15)


DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Helvétius (297 anos)

Claude Adrien Helvétius nasceu em Paris a 26 de fevereiro de 1715 e morreu na mesma cidade a 26 de dezembro de 1771. Foi um filósofo e literato francês, filho de um médico de Luís XV, estudou com os jesuítas no colégio Louis-le-Grand. Aos 23 anos, obteve o cargo de caseiro geral, com uma boa renda que lhe permitiu levar uma vida sem problemas, frequentando os meios literários e artísticos. Casando-se, retirou-se para o campo, onde se dedicou à literatura. Hesitou muito tempo antes de encontrar o gênero literário que lhe convinha, até apresentar sua obra filosófica “Do espírito”. Influenciado pelas idéias de John Locke e Condillac, Helvétius pretendeu ampliar o empirismo às questões morais e políticas. Considerava que todas as idéias eram apenas afecções dos sentidos, não havendo qualquer faculdade especial de reflexão que fosse distinta das sensações. Essa fonte única de todo conhecimento servia de base para a doutrina ética e social segundo a qual todos os homens eram iguais e teriam as mesmas aspirações. Todos os comportamentos humanos seriam fundamentados no interesse - impulso para a obtenção do prazer e a eliminação da dor. Através da educação, os homens deveriam ser levados a fazer com que seus interesses individuais coincidissem com os interesses da coletividade. Mas para isso era indispensável combater os grandes obstáculos constituídos pelas superstições e preconceitos religiosos, fomentados, segundo Helvétius, pelo egoísmo da classe sacerdotal.[1]


[1] CLAUDE ADRIEN HELVÉTIUS Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Adrien_Helv%C3%A9tius. Acesso em 26 fev 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    tempus fugit! O tom catastrofista das precações, ao qual tu bradas contra, pode ter como matriz fundante esta passagem do Gênesis 3.19 presente de maneira insistente da abertura da quaresma, “Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris!”.
    Com votos de bons exercícios quaresmais, a amizade do

    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      essa exploração do medo para conseguir adeptos é uma forma de narrativa muito presente na literatura profética; entretanto, a catástrofe anunciada referia-se especialmente à queda de Judá: uma catástrofe política.
      Um abraço,
      Garin

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