quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

POESIA QUE FALA
ANO 01 – Nº 328

Trago hoje, uma poesia do Bispo Isac Aço, que presidiu a Segunda Região da Igreja Metodista entre 1983 e 1991 quando faleceu em acidente automobilístico. Sua extensa obra retrata momentos de reflexão sobre a trajetória de um angolano, filho de portugueses, que veio estudar no Brasil e aqui ficou trabalhando até seus últimos dias. A poesia “Entre o oceano e o minuano” é uma reflexão sobre a sua trajetória peregrina que encontrou aconchego no Rio Grande do Sul.

ENTRE O OCEANO E O MINUANO[1]

             Isac Alberto Rodrigues Aço

Fui homem do oceano,
vivi correndo os mares;
tentado pelo minuano,
ao pampa lancei olhares.

Esta vida me encarava
pelo horizonte sem fim:
eu quero olhar para longe
 — seja no mar, ou de ponche,
ainda busco por mim.

As ondas do mar revolto,
eu as troquei pela coxilha.
Que importa: o vento é solto,
e o sol também aqui brilha!

Se no mar a gente, sente
que navegar é uma paixão;
na coxilha — minha gente!
A vida se funde com o rincão!

A valentia do gaúcho
e a dureza da peleia,
eu as comparo ao marujo
vagando ao largo da areia.

Domar o ginete bravio
é como no barco adernar:
mão firme e sangue frio
para o homem se afirmar

O vento é companheiro,
traz a força e traz o frio
na manobra do marinheiro
é quem segura todo o navio.

Fui homem do oceano,
nunca deixei de correr;
e hoje com o minuano
ainda sinto ferver,
o meu sangue de cigano.

Minha pátria é a estrada,
o mar, a encruzilhada,
o povo que me abrigou.

Cheguei ao pampa liberto,
logo vi seu céu aberto
e isso me conquistou.

Cheguei, e sou de vós.
Sigo com os meus avós
as trilhas deste rincão.

Todos têm a porta aberta,
a amizade é uma oferta,
no amargo do chimarrão.

Cheguei sem bagagem e sem armas
sendo eu  um peregrino;
estou sempre atento aos alarmas
em demanda do destino.

Sou homem do minuano
mas ainda olho o oceano,
na esperança de ver chegar
o dia em que a maresia
se encontre com a ventania
e meu horizonte ampliar!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Russel (42 anos)

Bertrand Arthur William Russell, 3º Conde Russell nasceu em Ravenscroft, País de Gales a 18 de Maio de 1872 e morreu em Penrhyndeudraeth a 2 de Fevereiro de 1970. Foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX. Político liberal, ativista e um popularizador da filosofia, Russell foi respeitado por inúmeras pessoas como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura em vários temas foi controversa. Nasceu no auge do poderio econômico e político do Reino Unido, e morreu em vítima de uma gripe, quando o império se tinha desmoronado e o seu poder drenado em duas guerras vitoriosas, mas debilitantes. Até a morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral, uma vez que ele foi um crítico influente das armas nucleares e da guerra estadunidense no Vietnã. Era inquieto. Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento". Durante sua longa vida, Russell elaborou algumas das mais influentes teses filosóficas do século XX, e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas tradições filosóficas, a assim chamada Filosofia Analítica. Dentre essas teses, destacam-se a tese logicista, ou da lógica simbólica, de fundamentação da Matemática. Segundo Russell, todas as verdades matemáticas - e não apenas as da aritmética, como pensava Gottlob Frege- poderiam ser deduzidas a partir de umas poucas verdades lógicas, e todos os conceitos matemáticos reduzidos a uns poucos conceitos lógicos primitivos.[2]




[1] AÇO, Isac. Entre o oceano e o minuano. A razão. ano 40, n. 24, Santa Maria, 06 nov 1973, p. 8.
[2] BERTRAND RUSSELL. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell. Acesso em 2 fev 2012.

2 comentários:

  1. Meu ínclito colega Garin,
    mais que a gauchesca poesia de Dom Aço, que conheço mais especialmente por teus blogares, queria comentar ‘uma fotografia de época’ que colocas. Realmente as fotos de alguns personagens (Freud, Churchill, Russell) sempre com um fálico charuto ou cachimbo hoje são démodés.
    Oh Tempora, oh mores.
    Certamente estes (e outros) ícones, hoje, não se permitiriam ser fotografados fumando, o que há um tempo era status.
    Um bom sincrético 2 de fevereiro!

    attico chassot

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    1. Caro Chassot,

      pois tenho esse cuidado justamente porque caracteriza uma época e a vontade do fotografado. Hoje as pessoas apreciam mais serem fotografadas com um belíssimo computador à frente, ou com uma câmera digital de última geração ou até mesmo falando ao celular: é a moda.

      Um abraço,

      Garin

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